Metodista pesquisa impactos dos programas de incentivo à docência
05/07/2016 10h40 - última modificação 06/07/2016 17h01
Atualmente o Brasil enfrenta um grande problema em um dos setores mais importantes da sociedade: a educação. Passamos por uma crise das licenciaturas, em que cada vez menos pessoas buscam cursos de formação para professores.
“A desvalorização do magistério pela quase ausência de políticas públicas, os baixos salários e a precarização do trabalho docente podem ser considerados fatores que contribuem para o desinteresse pela docência”, afirma Norinês Panicacci Bahia, professora do curso de Pedagogia EAD e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo.
Com o objetivo de estimular o interesse pelo magistério, foi criado o Programa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid). O Pibid faz parte da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e permite ao estudante atuar em escola pública, sob supervisão de docentes. A proposta é oferecer vivência prática orientada aos estudantes, aproximá-los da realidade escolar e estreitar laços entre universidades e escolas públicas.
"Quem quer ser professor?"
Para conferir os resultados do Programa, Norinês deu início à pesquisa “Quem quer ser professor? Um estudo sobre a trajetória formativa e profissional de egressos do Pibid”. Com o estudo, ela pretende analisar se os investimentos e ações do Pibid têm colaborado na inserção de professores no magistério.
Na Metodista, ele foi implantado em 2012, sob a Coordenação Institucional de Norinês e Coordenação de Gestão e Processos Educacionais do professor Roger Marchesini de Q. Souza. Atualmente estão em funcionamento sete Subprojetos: Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Educação Física, Filosofia, Matemática, Pedagogia Presencial e Pedagogia EAD - que desenvolvem as atividades em seis escolas da SME de São Bernardo do Campo, quatro escolas da SME de Mauá e nove escolas da Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo/SEESP.
O estudo avaliará egressos que foram licenciandos bolsistas entre 2012-2014. Além de rever a bibliografia sobre as políticas de formação docente, estudos sobre a crise das licenciaturas e outras produções sobre o Pibid, Norinês vai avaliar a experiência dos ex-alunos.
“Vamos aplicar um questionário para os egressos e realizar entrevistas, onde iremos analisar a trajetória formativa e profissional deles. Isso, por si só, poderá nos fornecer pistas e indicadores sobre os acertos e desacertos em termos do andamento do programa”, conta.
Pesquisa e resultados
Em 2013, a pesquisadora escreveu um artigo propondo que o Pibid é uma das possibilidades para enfrentar a desvalorização do magistério. Ela destacou que este é o único programa que oferece incentivo tanto aos alunos, quanto aos professores dentro das escolas, quanto aos docentes da Universidade.
As análises de casos do novo estudo começaram há pouco tempo, mas Norinês já pode afirmar que “os resultados apontam para a constatação de que o Pibid é considerado um dos programas de maior impacto e coerência para a formação inicial de professores”.
Financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), esta pesquisa está inserida nos estudos e pesquisas do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação a Distância (GEPEAD), que tem como objetivo aprofundar as discussões sobre os fazeres docentes na formação inicial e continuada de professores, e já publicou outros quatro estudos sobre o tema.
Além de garantir experiência aos alunos, o Programa tem potencial para auxiliar as Universidades a se adequarem às necessidades reais dos professores, aproximando a formação universitária à realidade escolar.
“Observamos uma tensão entre as diretrizes curriculares oficiais dos cursos de licenciaturas, que nem sempre atendem o desejado e o necessário para a formação, e a proposição dessas diretrizes na organização curricular dos cursos. Em muitos casos há um distanciamento entre o ideal e o real, ou seja, aquilo que efetivamente ocorre na formação. Consideramos ainda a fragilidade acerca dos estágios obrigatórios que, sabemos, em muitos casos, não ocorrem como deveriam”, aponta.
Além de Norinês, outros três professores da Metodista estão envolvidos na pesquisa: Mara Pavani da Silva Gomes, professora do curso de Pedagogia Presencial e EAD; Fátima Aparecida Pighinelli Àzar, coordenadora do curso de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia Organizacional; e Roger Marchesini de Quadros Souza, professor de Pedagogia EAD e da Pós-Graduação em Educação.