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Doutoranda do Póscom pesquisa representação da androginia na imprensa brasileira

Licia Frezza Pisa analisou matérias jornalísticas sobre andróginos em revistas de diversos segmentos

03/05/2017 13h10 - última modificação 03/05/2017 15h10

Os debates sobre gênero e sexualidade estão em alta e cada vez mais notícias, filmes e livros são lançados sobre o assunto. Com um olhar diferenciado sobre essas questões, Licia Frezza Pisa, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, está estudando a representação da androginia na imprensa brasileira por meio de matérias em revistas de diversos segmentos.

Formada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário de Franca, Licia se interessou pela pesquisa desde o início da carreira acadêmica. Ainda na Universidade, fez Iniciação Científica estudando a identidade na novela Malhação. Em seu mestrado em Linguística, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), analisou a identidade nas redes sociais. “A pesquisa se pautou pela Análise do Discurso por meio das propostas Foucaultianas e teve foco na identidade no Orkut, mostrando como era pautada pelos dizeres do preenchimento do perfil e das políticas de uso e privacidade da rede”, explica.

Foi com esse estudo e leitura da “História da Sexualidade”, de Michel Foucault, que se interessou pela androginia e assexualidade. “Eles poderiam ser pensados como resistência a uma sociedade sexualizada e a tudo o que é heteronormativo. Sendo assim, procurei compreender a discussão que temos atualmente sobre os gêneros e como a mídia colabora, com o processo de midiatização, na construção do que compreendemos por identidades e, em especial, pela androginia”, diz a pesquisadora.

Pesquisa e desenvolvimento

Apesar do crescimento nas discussões sobre gênero e sexualidade, a doutoranda encontrou dificuldades em identificar materiais sobre a temática. “A pesquisa bibliográfica e história me ajudaram bastante na compreensão do andrógino e seu percurso histórico, mitológico e biológico até chegar no cultural”, conta. Utilizando o método de Análise do Discurso, e os Estudos Culturais, Licia analisou a identidade do andrógino em revistas, em um período de 1993 até 2015, com um total de 80 matérias em 21 revistas variadas, como Veja, Capricho, Todateen, Carta Capital e Vogue.

“Por meio dos discursos e imagens da mídia a sociedade recebe informações e forma suas opiniões sobre determinados temas. Compreender o que é androginia e perceber como a mídia apresenta uma identidade por meio de um estereótipo desconstrói o que a androginia pretende. É interessante ver esse movimento num momento em que tantas identidades de gênero emergem com propostas ao mesmo tempo fechadas, abertas, plurais e cerceadas”, declara. Com a análise, a doutoranda pôde perceber a reprodução de um estereótipo, pois a androginia está geralmente ligada a um discurso de moda e à uma imagem de ousadia, de corpos altos, magros, brancos e jovens.

“Um dos pontos interessantes é analisar que a evolução da identidade passa do biológico, com o sexo e sexualidade, para o cultural, com o gênero e, por incrível que pareça, o biológico e o cultural entram em embates discursivos na formação das identidades. Além de percebermos como a mídia organiza estereótipos mesmo quando a lógica é não ter estereótipos”, comenta.

Os aprendizados do doutorado são colocados em prática no trabalho de Licia, que é professora do curso de Produção Publicitária do Instituto Federal do Sul de Minas: “atuo como orientadora de trabalhos de Iniciação Científica que também pesquisam a identidade como: a identidade da mulher em propagandas de automóveis; as identidades plurais, fazendo uma comparação entre marcas que adotam um discurso plural em coleções de moda, mas que não transmitem isso em suas propagandas; além de estudos com blogs e youtubers como novos formadores de opinião”.

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