Dispositivos móveis mudam a produção e o consumo da notícia, mostra 1º duplo doutorado da PósCom
27/03/2017 14h10 - última modificação 09/06/2017 12h18
Alexandra : texto organizado em blocos, hiperlinks e personalização dos apps no novo ambiente virtual (Foto Arquivo Pessoal)
De um lado, o jornalista multifuncional, que passou a produzir para diversas plataformas e mídias, e do outro lado milhares de leitores com o mundo noticioso literalmente na palma da mão, acessível a todo momento e em qualquer lugar com um simples toque na tela do celular. São esses os dois principais efeitos dos aplicativos móveis, que mudaram radicalmente todo o processo jornalístico, desde a forma de produzir até a distribuição dos conteúdos.
A onipresença dos smartphones, a instantaneidade da notícia e a hipertextualidade proporcionadas pela conexão à internet se associaram ao que passou a ser conhecido como multimidialidade, à personalização, interação e memória que já haviam sido instauradas no webjornalismo.
“Isso foi agora apropriado pelo jornalismo para dispositivos móveis, que ganhou a tatilidade dos aparelhos, maior mobilidade e uma nova plataforma, o aplicativo”, explica Alexandra Fante, doutoranda pela Pós-graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, cuja tese será apresentada em 7 de abril próximo sob orientação dos professores Marli dos Santos e João Canavilhas. É a primeira pesquisa a ter dupla titulação Brasil-Portugal pela Metodista e pela Universidade da Beira Interior.
Leitor mais próximo
A pesquisa buscou verificar como empresas jornalísticas nos dois países estão se apropriando dos novos recursos, já que os smartphones conectados à internet de banda larga e os aplicativos criaram outro ambiente, móvel, que estabelece relação mais próxima com o leitor. “As pequenas telas desses aparelhos criaram uma nova forma de interação e a necessidade de mudanças no jornalismo, como textos organizados em pequenos blocos, uso de hiperlinks e a personalização dos aplicativos. Estudei sobre os aplicativos de notícias (software), o hardware (smartphone) e a arquitetura da notícia em si, em que explorei o conteúdo nos apps”, detalha Alexandra.
Foram analisados seis aplicativos jornalísticos: os brasileiros Folha de S. Paulo, Estadão e O Globo e os portugueses, Observador, Público e Expresso. Com base nos resultados obtidos, comprovou-se a hipótese de que os conteúdos jornalísticos produzidos para dispositivos móveis e publicados em aplicativos jornalísticos possuem arquiteturas semelhantes e características próximas do webjornalismo.
Alexandra Fante depositou sua tese no início de março na Universidade da Beira Interior, em Portugal. São 331 páginas no total. Quando ingressou como aluna de doutorado na Metodista, por incentivo da coordenação, buscou a possibilidade de um estágio sanduíche.
“Entrei em contato primeiro com professor João Canavilhas para saber da possibilidade desse intercâmbio. A receptividade dele foi imediata, já que estuda a mesma área, e a Universidade da Beira Interior deu todas as informações e suporte para o período em Portugal. Solicitei o visto de estudante. O contrato, que seria um estágio de um semestre, tornou-se um convênio de co-tutela entre a Metodista e a UBI, o que resulta na bi-titulação Brasil-Portugal”, relata a nova doutora em Comunicação Social, cujo diploma é reconhecido no Brasil e em toda a Europa.