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Síria - Mari

Luciano R. Peterlevitz

MARI: LOCALIZAÇÃO, HISTÓRIA E RELIGIÃO

I. Localização

Mari era uma antiga cidade do médio Eufrates, cerca de 11 Km a noroeste de Abu-Kemal (a atual Tell Hariri). Estava localizada numa interseção de rotas de caravanas: uma delas passava pelo deserto sírio e se estendia até às margens do rio Eufrates; outra rota começava no norte da Mesopotâmia e atravessava os vales dos rios Cabur e Eufrates. Então, Mari estava localizada num centro estratégico, tornando-se assim num importante e prospero lugar, centro de comercio e comunicações. Sua população era compósita: babilônicos; assírios; semitas do reino de Iamcade-Alepo, hurruianos, cananeos, suteanos e benjamitas.

II. História

Zinri-Lim, filho de Iacdum-Lim, tomou posso do trono (cerca de 1790-1761 a.C). Neste momento, Mari tornou-se um pequeno reino independente, por dezenove anos (cerca de 1779-1761 a.C). Neste período, parece que Mari era o mais importante Estado da região, com um extensão de aproximadamente 500 kilometros desde da fronteira da Babilônia até a Síria. O palácio de Zinri-Lim começou a ser escavado em 1936. Foram encontrados cerca de 20.000 tabletes de argila. Muitos desses tabletes registram correspondências diplomáticas por parte de Zinri-Lim (ultimo rei de Mari) com Hamurabi, da Babilônia. São as chamadas Cartas de Mari. Hamurabi, da Babilônia, reduziu Zinri-Lim à posição de rei vassalo. A cidade foi destruída pelos cassitas em 1742 a.C.

III. A Profecia nas Cartas de Mari

As descobertas das cartas de Mari possibilitaram realizar a correlação entre a profecia israelita e a profecia no Oriente Próximo Antigo. Pois, as cartas de Mari mencionam várias pessoas que desempenhavam funções oraculares. No entanto, ainda questiona-se até que ponto a profecia de Mari possui laços culturais e históricos com os profetas de Israel.

Os emissores de oráculos em Mari podem ser divididos em dois grupos gerais: aqueles que possuem alguns título e aqueles que não possuem nenhum título.

A. Emissários que têm títulos especiais Tais indivíduos desempenhavam posições relativamente bem estabelecida dentro da estrutura social de Mari. São eles:

  1. Apilu/ apiltu. Provavelmente é a forma participal do verbo apalu, “responder”. A designação “aquele que responde” pode sugerir que os apilus davam respostas a perguntas propostas à divindade.
  2. Muhhû / muhhutu. Deriva-se do verbo mahû, “entrar em transe”. O muhû, pois, é alguém em transe ou estático. Eles desempenhavam funções cultuais.
  3. Assinu. Aparece em três cartas de Mari. È conhecido em fontes posteriores como membro pessoal do culto de Ishtar. As cartas de Mari indicam que o assinnu era um ator que assumia papel feminino em dramas cultuais, pois, era possuído pela divindade feminina Ishtar.
  4. Qabbatum. Pode significar “locutor”. Pouco mencionado nas cartas e difícil de ser caracterizado.

Sabemos que os três primeiros títulos relacionam-se com o período de Zimrilim, por volta de 1700 a.C. Eles pertenciam a uma classe de homens e mulheres que recebiam alguma ordem da divindade; relacionavam-se com algum templo e por meio de presságios, sonhos ou visões e experiências estáticas transmitiam um oráculo.

Um extrato menciona-se o apilum, que aparentemente prometeu o rei vitória e domínio sobre outras nações:

Fala ao meu senhor: Assim (diz) Mukannishum, teu servo: eu tinha oferecido os sacrifícios a Dagan pela vida de meu senhor. O “respondente” de Dagan de Tutal ergueu-se; assim falou ele, a saber: “Babilônia, estas ainda disposta? Eu te conduzirei para a armadilha (?) ... As casas / famílias dos sete parceiros e quaisquer que (sejam) sua possessões eu porei nas mãos de Zimrilim”[1].

B. Emissários sem título

Treze dos emissores de oráculos em Mari não trazem nenhum título particular referente às suas atividades revelatórias. Somente em alguns casos, pode-se interpretar alguma coisa, mas a preservação dos textos é deficiente. Somente sabe-se que tais emissários entravam em transe e por meio de sonhos emitiam oráculos. Oito dos treze emissários eram mulheres; várias delas eram servas. Um dos homens era sacerdote changu. Outros homens e mulheres eram cidadãos livres.

Varias das mensagens desses emissários relacionavam-se ao Estado: dizem respeito a requerimentos pessoais ao rei; outros emissários transmitiam oráculos da divindade que buscava melhor tratamento ao rei, e ainda outro, dava conselho de como conduzir uma batalha.

BIBLIOGRAFIA

Champlim, R.N., Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol 4. Hagnos, São Paulo: 2001. Verbete Mari, págs 132-133.

Wright, G.E. ,Arqueologia Bíblica. Ediciones Cristandad. Madrid, 1975. págs 50-53.

Fohrer, Georg, História da Religião de Israel, tradução de Josué Xavier; São Paulo: Edições Paulinas, 1982, p. 277 -279.

Wilson, Robert R., Profecia e Sociedade no Antigo Israel, tradução de João Rezende Costa; São Paulo: Edições Paulinas, 1993, p. 96-106.

Luciano R. Peterlevitz Universidade Metodista de São Paulo


Notas

[1] Georg Fohrer, História da Religião de Israel, tradução de Josué Xavier; São Paulo: Edições Paulinas, 1982, p. 279.

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