Ferramentas Pessoais

Você está aqui: Página Inicial / Pós-Graduação em Administração / Disciplinas / Cultura, Comunicação e Organizações

Cultura, Comunicação e Organizações

Disciplina Obrigatória da Linha de Pesquisa de Gestão de Pessoas e Organizações (OBL2)

Objetivos: Empreender a análise e a interpretação das relações entre as organizações e a sociedade em que se inserem, considerando os processos simbólicos, as mediações e os resultados das relações. Fundamentar ações de pesquisa aplicada com fundamento nas ciências sociais e na análise da experiência construída de cultura, comunicação e organização social. Enfatizar o estudo das mudanças inscritas no circuito comunicação, cultura, organizações sob a perspectiva da qualidade da gestão de organizações públicas, privadas e de terceiro setor.

Justificativas: A experiência de gestão das organizações nas últimas décadas encontra nas revoluções da comunicação e das relações de trabalho novas abordagens técnico-científicas, desafios e impasses. Os processos sócio-culturais se estendem e, via de regra, fragmentam-se na proporção das mudanças ocorridos nos campos da informação e da comunicação. Estes tanto induzem quanto se alimentam das profundas transformações econômicas, exigindo estudo dos processos que os liguem aos novos estágios da sociedade em movimento internacionalizado e sob economia neoliberal. De outro lado, territórios locais e regionais tanto se transformam para criar conexões mundializadas e obter vantagens sociais quanto debatem seus valores simbólicos e buscam fundamentar escolhas e decisões que os identifiquem, o que exige dos pesquisadores a visão diacrônica do fenômeno, oque significa a leitura dos clássicos dos estudos culturais e da sociologia das organizações. As migrações mundiais de indivíduos e grupos em demanda de oportunidades, a desterritorialização dos meios de produção e a flexibilização das relações de produção e trabalho são sinais das profundas mudanças que precisam ser rigorosamente analisadas. Nesse movimento histórico-cultural, as gestões de organizações sociais se tornam muito mais complexas do que há poucas décadas, para as quais proposições trabalhadas no contexto da revolução industrial não oferecem respostas satisfatórias. A análise crítica dos novos sistemas simbólicos e suas linguagens, do volume e da eficiência da informação e sua recepção, dos limites e possibilidades da globalização, bem como das novas competências de gestão organizacional torna-se caminho indispensável para a construção do conhecimento capaz de, por um lado diminuir prejuízos e conflitos e, por outro, projetar a melhor qualidade das relações entre indivíduos, grupos e organizações, o que implica certa reinvenção das formas de vida social. As linguagens sociais são lugares indispensáveis para o estudo e o encaminhamento de propostas nesse campo de trabalho acadêmico.

Ementa: Análise e interpretação das relações entre organizações e sociedade pela mediação simbólica e pelos processos midiáticos e de relações inter-pessoais. Construção de metodologia de trabalho para o campo da cultura e comunicação das organizações. Tendências e fundamentos contemporâneos dos estudos em cultura e comunicação, entendidas as organizações como públicas, privadas e de terceiro setor.

Conteúdo Programático

  • Fragmentação e reencontro de saberes sociais aplicados: comunicação, cultura, organizações. Linguagem, mitificação, discursos sociais. Os encontros da Administração com outras linguagens e outros saberes.
  • Galáxias de sentidos: linguagens e discursos da cultura e da comunicação no tempo das identidades problematizadas. Reconhecimento diacrônico. Territórios de valores, virtualidades, disputas de espaços.
  • Culturas midiáticas análogas às metrópoles que “ vão cobrindo o mundo”. Os “nós” da sociedade globalizante.
  • A organização que se quer cultural e seus padrões: fixação e mudança de valores; alienação e compromisso. Os riscos da cultura como pretexto. Enunciações e enunciados.
  • Olhares estéticos sobre o processo de gestão das organizações. Teatro, Cinema e outras mídias. Estéticas do território e desterritorialização.
  • O equilíbrio instável e complexo de cultura, comunicação e organização dentro do sistema neoliberal de divisão do trabalho. Para repensar a gestão efetiva de pessoas, como diria Paulo Freire, condicionadas à história, mas não determinadas por ela. A experiência da pesquisa “mundial” de HOFSTEDE.
  • A Organização na cultura democrática: rumo a novos acordos simbólicos e conseqüente nova gestão do conhecimento.
  • Da possibilidade de uma postura epistemológica pela integração dos saberes, entre diversidades e alguns consensos.
  • A educação “cultural” como organização operada por culturas comunicantes, ou saberes comprometidos historicamente.
  • Sinais efetivos de experiências. As organizações que trabalham o saber das pessoas e sua capacidade criadora, difusora e intérprete do conhecimento.



Estratégias Didáticas

Trabalho indutivo de reflexão a partir de expressões teóricas das ciências sociais aplicadas e alguns produtos da experiência midiática, cultural e organizacional, tais como relatos, filmes, pesquisas quali-quantitativas e outras expressões da produção cultural. O círculo hermenêutico dos encontros sugere contínuo apoio em observações participantes e relatos escritos/orais para o questionamento da teoria e o exercício da crítica sobre a experiência. As leituras e as observações participantes devem garantir a abordagem integrada dos três objetos trabalhados: comunicação, cultura, organização, visto que o espaço-tempo organizacional é qualificado e modificado pelos sentidos dinâmicos da cultura, por sua vez matizados pela alta dinâmica comunicacional, atrelada ao sistema econômico. A crítica a trabalhos tidos como clássicos enseja a descoberta do “novo” no campo e a visão de certas rupturas epistemológicas. Espera-se que o trabalho dê conta de que o processo comunicacional da cultura é o construtor da organização contemporânea: sua estrutura, história, processo decisório, modos de atuação, missão social.

Metodologia de Avaliação

A metodologia trabalhará o processo integrativo dessas unidades. Para tanto, a avaliação individual e/ou de pequenos grupos (até três mestrandos/as) constará de três valores: 1. relatos e textos acumulativos; 2. seminário (sobre textos, crítica de obras, observações participantes e produção cultural) e 3. ensaio ou artigo, com média de 12 (dez) páginas em espaço simples ou sob a forma de hipermídia e segundo normas da ABNT. O tema será estimulado a partir de leituras de clássicos do campo e sua projeção na experiência contemporânea, com vistas ao enriquecimento do campo. cultura/comunicação/organizações, bem como da competência metodológica do mestrado, da mestranda.


Bibliografia

AVALLONE, Francesco, FARNESE, Maria Luisa. Culture organizzative. Modelli e strumenti di intervento. Milano: Guerini Studio, 2005. ARENDT, Hannah. Textos entre páginas 28 e 68. In Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 1972

BACCEGA, Maria Aparecida (org.). Gestão de Processos Comunicacionais. São Paulo:Atlas, 2002

BARBERO, Jesús Martin. Dos meios às mediações. Comunicação, Cultura e Hegemonia. Rio de Janeiro:Editora UFRJ, 1997, p. 277-295

BARROS, Laan Mendes. Comunicación, Cultura y Cambio Social. Mercosur y la integración de mercados. Buenos Aires: WACC, 1994

BARTHES, Roland. Mitologias. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972.

BERNARDES, Cyro. Teoria Geral das Organizações. São Paulo: Atlas, 1993

BERNOUX, Philippe. La sociologie des organisations. Paris:Éditions du Seuil, 2005.

BHABHA, H. K. O local da cultura. Trad. Myriam Avila, Eliana L. de Lima Reis, Glaucia R. Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

CANCLINI, Néstor Garcia. Cap. 2. In La Globalización imaginada. México: Editorial Paidos, 2000.

_______________________ Cap. I. In Cultura y Comunicación: entre lo global y lo local. La Plata: Facultad de Periodismo y Comunicación Social, nº 9, 1997

CERTEAU, Michel de. A Cultura no Plural. Campinas:Papirus, 1995 Comunicação & Sociedade. Revista semestral de Estudos de Comunicação. São Bernardo do Campo, IMS, ano X, número 17, 1991

CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: Edusc, 2002.

DEJOURS, C. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações, O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. Trad. J.F.Chanlat et al., São Paulo: Atlas, 1992.

DRUCKER, Peter. Administrando para o futuro. Os anos 90 e a virada do século. 3.ed. São Paulo: Pioneira, 1993.

ELSTER, J. e outros. Globale/Locale. Il contributo delle scienze sociali. Milano:FrancoAngeli, 1993.

FAUSTO NETO e outros (orgs.). Práticas Midiáticas e Espaço Público. Compós. Porto Alegre:Edipucrs, 2001.

FEATHERSTONE, M. Cultura de consumo e pós-modernidade. Trad. J.A. Simões. São Paulo: Studio Nobel, 1995.

FLEURY, Maria Teresa Leme. Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras. In Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, volume 40, número 3, jul./Set. 2000, pp.18-25

FREIRE, Paulo. Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: Unesp, 2001, p. 161-184.

FREITAS, M.E. Cultura Organizacional: identidade, sedução e carisma. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.

FURTADO, Celso. Sete teses sobre a cultura brasileira. In Revista do Brasil. Rio de Janeiro:Governo do Estado e Prefeitura do Rio de Janeiro, 1984.

HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1968.

HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-Modernidade. 3.ed. Rio de Janeiro:DP&A, 1999

HARVARD BUSINESS REVIEW. Gestão do conhecimento. Trad. Afonso C.C.Serra. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

HEILPERN, Jeffrey D. e NADLER, David A. Cap. 6. In Arquitetura Organizacional. 2.ed.Rio deJaneiro: Campus, 1993

HOFSTEDE, Geert. Culture's Consequences, Comparing Values, Behaviors, Institutions, and Organizations Across Nations Newbury Park, CA: Sage Publications; Second Edition; February 2003.

HOFSTEDE, Geert & Gert Jan Hofstede. Cultures and Organizations: Software of the Mind: Intercultural Cooperation and Its Importance for Survival. New York, McGraw-Hill 2004. Há tradução portuguesa da Silabo.

HUMPHREY, John. Adaptando o modelo japonês ao Brasil. In Sobre o modelo japonês, (org. H.Hirata). São Paulo: EDUSP, 1993.

JAKOBSON, R. Cap. II. In Relações entre a ciência da linguagem e as outras ciências. Lisboa: Livraria Bertrand, 1973

KANTER, Rosabeth Moss. Cap. 6. In Evolve! Succeeding in the Digital Culture of Tomorrow. Boston: Harvard Business School Press, 2000

KING, Anthony D. (ed.). Culture, Globalization and the World-System. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1997

MAINGUENEAU, Dominique. Capítulos 4, 5 e 6. In Análise de textos de Comunicação. São Paulo: Cortez, 2001.

MATTELART, Armand, DELCOURT, Xavier e MATTELART, Michèle. “International image markets” Cap. 27. In The Cultural Studies Reader. New York: Routledge, 1993

MOLLER, C. O lado humano da qualidade. São Paulo: Pioneira, 1993.

MORAES, Dênis de. Por uma outra comunicação. Mídia, mundialização cultural e poder. Rio de Janeiro – São Paulo:Editora Record, 2003

MORGAN, Gareth . Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996

MOTTA, Fernando C. Prestes e Caldas, Miguel P. ( org.) Cultura Organizacional e Cultura Brasileira. São Paulo: Talas, 1997

Organicom – Textos entre as páginas 12 e 105. In Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas. São Paulo: ECA – GESTCORP, ano 1, número 1, agosto 2004

PARK, Robert E. “Comunicação”. In Estudos de Organização Social. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora S.A., 1949, págs. 55-76 RODRIGUES, Suzana Braga. The Political Dynamics of Organizational Culture in an Institutionalized Environment. In Organization Studies. London, Thousand Oaks and New Delhi: Sage Publications, 27(4),2006, pp. 537-557.

ROSEN, P., SKINNER, D., MCLAUGHLIN, J., WEBSTER, A. Valuing Technology: Organizations, Culture and Change. Routledge, 1999. RÜDIGER, Francisco. “A desintegração historial do objeto vis-à-vis à emergência da cibercultura e do pensamento comunicacional”. In Tensões e Objetos da pesquisa em comunicação. Porto Alegre: Editora Sulina/Compós, 2002, p. 181-208

SCHEIN, E. Guia de Sobrevivência da Cultura Corporativa. Ed. José Olimpio, 2001.

SCHWARTZMAN, Simon – A Redescoberta da Cultura. São Paulo: Fapesp - Edusp, 1997

SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho. Uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002

TAVARES, Maria das Graças de Pinho. Cultura organizacional. Uma abordagem antropológica da mudança. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1993.

The Cultural Studies Reader. Textos de Michel de Certeau e Michel Foucault. London and New York:Routledge, 1993

ROMPENAARS, F. Nas ondas da cultura: como entender a diversidade cultural nos negócios. Trad. C.I. Fullman. São Paulo: Educator, 2000.

WALLERSTEIN, Immanuel. “ The National and the Universal: Can there be such a thing as World Culture?” Cap. 4. In Culture, Globalization and the World System. Minneapolis: University of Minnesota Press,1989.

Comunicar erros

SOBRE O PROGRAMA
X