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Cultura, Comunicação e Organizações

Professor Luiz Roberto Alves

Universidade Metodista de São Paulo
Faculdade de Administração e Economia
Programa de Pós-Graduação em Administração

Disciplina: Cultura, Comunicação e Organizações.
Professor Luiz Roberto Alves
Carga Horária: 45 horas-aula (3 créditos)
Turma: 1° semestre de 2016
Horário: Terças-feiras, das 8h30min às 11h30min

Plano de Ensino da Disciplina

Objetivos do Curso

A. Empreender a análise e a interpretação das relações entre as organizações e a sociedade em que se inserem, considerando os processos simbólicos, as mediações sociais e suas projeções no mundo do trabalho. B. Fundamentar ações de pesquisa aplicada com fundamento nas ciências sociais e na análise da experiência construída que conecta cultura, comunicação e organizações. C. Enfatizar o estudo das mudanças inscritas no circuito comunicação, cultura, organizações sob a perspectiva da qualidade social da gestão de organizações públicas, privadas e de terceiro setor na sociedade regional e nos processos de mundialização das relações.

Ementa

Análise e interpretação das relações entre organizações e sociedade pela mediação simbólico-cultural, pelos processos midiáticos e suas relações com indivíduos e coletividades. Construção de metodologia de trabalho para o campo da cultura e comunicação das organizações. Tendências da área de gestão sobre os objetos de conhecimento estudados e fundamentos contemporâneos dos estudos em cultura e comunicação, entendidas as organizações como públicas, privadas e de terceiro setor. A consciência do local, do regional e do World System.

Justificativas

A experiência de gestão das organizações nas últimas décadas encontra nas revoluções da comunicação e das relações de trabalho novas abordagens técnico-científicas, desafios e impasses. Os processos sócio-culturais se estendem e, via de regra, fragmentam-se na proporção das mudanças ocorridas nos campos da informação e da comunicação. Estes tanto induzem quanto se alimentam das profundas transformações econômico-políticas, exigindo estudo dos processos que os ligam aos novos estágios da sociedade em movimento internacionalizado e sob economia neoliberal. De outro lado, territórios locais e regionais tanto se transformam para criar conexões mundializadas e obter vantagens sociais quanto debatem seus valores simbólicos, seus mitos e ritos, na busca de fundamentar escolhas e decisões que os identifiquem, o que exige dos pesquisadores certas atitudes de conhecimento, a saber: a visão diacrônica do fenômeno, o que significa a leitura dos clássicos dos estudos culturais e da sociologia das organizações. Do mesmo modo, pensar o conhecimento sob intensos processos de mudança. As migrações mundiais de indivíduos e grupos em demanda de oportunidades, a desterritorialização dos meios de produção, os riscos da sustentabilidade e a flexibilização das relações de produção e trabalho são sinais das profundas mudanças que precisam ser rigorosamente analisadas. Nesse movimento histórico-cultural, as gestões de organizações, como entendidas nas ciências sociais aplicadas, se tornam muito mais complexas do que há poucas décadas, para as quais proposições trabalhadas no contexto da revolução industrial não oferecem respostas satisfatórias. Assim também, são problematizados os modelos bem conhecidos na área. A análise crítica dos novos sistemas simbólicos e suas linguagens, do volume e da eficiência da informação e sua recepção, dos limites e possibilidades da globalização, bem como das novas competências de gestão organizacional torna-se caminho indispensável para a construção do conhecimento capaz de, por um lado diminuir prejuízos e conflitos e, por outro, projetar a melhor qualidade das relações entre indivíduos, grupos e organizações, o que implica certa reinvenção das formas de vida social e quem sabe a reinvenção da sociedade dita civilizada. As linguagens sociais são lugares indispensáveis para o estudo e o encaminhamento de propostas nesse campo de trabalho acadêmico.

Conteúdo Programático

1. Fragmentação e reencontro de saberes sociais aplicados: comunicação, cultura, organizações. Linguagem, mitificação, discursos sociais. Os encontros da Administração/Gestão com outras linguagens e outros saberes mediadores do trabalho e da produção.
2. Galáxias Novas e Buracos Negros de sentidos: linguagens e discursos da cultura e da comunicação no tempo das identidades problematizadas. Reconhecimento diacrônico. Territórios de valores, virtualidades, disputas de espaços e discursos da sustentabilidade na mudança. Pensar novos pensamentos para criar conhecimento compartilhado.
3. Culturas midiáticas análogas às metrópoles que “vão cobrindo o mundo”. Os “nós” da sociedade globalizante.
4. A organização que se quer cultural e seus padrões: fixação e mudança de valores; símbolos em questionamento, alienação e compromisso. Os riscos da cultura como pretexto. É possível uma educação para a cultura? Lévi-Strauss, Hofstede, Schein, Foucault e Sodré.
5. Olhares estéticos, mitos e ritos sobre o processo de gestão das organizações. Teatro, Cinema e outras mídias. Estéticas do território e desterritorialização.
6. O equilíbrio instável e complexo de cultura, comunicação e organização dentro do sistema neoliberal de divisão do trabalho. Repensamento da gestão condicionada, mas não determinada. Culturas de empresa, culturas de trabalho e suas mediações.
7. A Organização na cultura democrática: rumo a novos acordos simbólicos e a consequente nova gestão do conhecimento.
8. Da possibilidade de uma postura epistemológica pela integração dos saberes, entre diversidades e alguns consensos.
9. A educação “cultural” como organização operada por culturas comunicantes, ou os saberes comprometidos historicamente.

10. Sinais efetivos de experiências nas conexões entre comunicação, cultura e organização. As organizações que trabalham o saber das pessoas e sua capacidade criadora, difusora e intérprete do conhecimento. O conhecimento como comunicação radical.

Estratégias Didáticas

Trabalho indutivo de reflexão a partir de expressões teóricas das ciências sociais aplicadas e alguns produtos da experiência midiática, cultural e organizacional, tais como leituras, debates, relatos, análise de filmes, pesquisas quali-quantitativas e outras expressões da produção cultural dos sujeitos da universidade. O círculo hermenêutico dos encontros sugere contínuo apoio em observações participantes e relatos escritos/orais para o questionamento da teoria e o exercício da crítica sobre a experiência. As leituras e as observações participantes devem garantir a abordagem integrada dos três objetos trabalhados: comunicação, cultura, organização, visto que o espaço-tempo organizacional é qualificado e modificado pelos sentidos dinâmicos da cultura, por sua vez matizados pela alta dinâmica comunicacional, atrelada ao sistema econômico. A crítica a trabalhos tidos como clássicos enseja a descoberta do “novo” no campo e a visão de certas rupturas epistemológicas. Espera-se que o trabalho dê conta de que o processo comunicacional da cultura é o construtor da organização contemporânea: sua estrutura, história, processo decisório, modos de atuação, missão social.

Metodologia de Avaliação

A metodologia trabalhará o processo integrativo das unidades de trabalho didático. Para tanto, a avaliação individual e/ou de pequenos grupos (até três mestrandos/as) constará de três valores: 1. relatos e textos acumulativos; 2. seminário (sobre textos, crítica de obras, criação estética, experiências sociais e observações participantes sobre a produção cultural) e 3. Ensaio, artigo ou itinerário de trabalho, com média de 12 (doze) páginas em espaço simples ou sob a forma de hipermídia e segundo normas da ABNT. O tema será estimulado a partir de leituras de clássicos do campo, da bibliografia do curso e sua projeção na experiência contemporânea, com vistas ao enriquecimento do campo: cultura/comunicação/organizações, bem como do desenvolvimento da experiência intelectual e metodológico do mestrando, da mestranda.

Bibliografia

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VERGARA, Silvia Constant. Métodos de Pesquisa em Administração. 2.ed. São Paulo: Editora Atlas, 2006.

 

SEMANA

DATAS

TÓPICOS

REFERÊNCIAS

1

23.02

Apresentação do programa. Organização coletiva do projeto de trabalho. Linguagens e saberes.

Smircich, Linda

2

01.03

Linguagens e discursos da cultura e da comunicação. Pensar a diversidade da Administração. A cultura de empresa.

 

Cuche,Denys

3

15.03

Galáxias de sentidos: linguagens e discursos da cultura e da comunicação. Cultura e Mundialização.

 

  Wallerstein, I.

4

22.03

A organização que se quer cultural e seus padrões: fixação e mudança de valores; alienação e compromisso. Ética. Os riscos da cultura/comunicação como pretexto.

Sodré, Muniz

5

29.03

Olhares estéticos sobre o processo de gestão das organizações: Um conto chinês e O Povo Brasileiro. Reflexão crítica por pequenos grupos.

 

Filmes  e observações estéticas

6

12.04

Culturas midiáticas. Analogias nos cenários nacional e internacional. Continuação.

 

 Sodré, Muniz

7

19.04

Experiências e casos em Comunicação e Cultura das Organizações. A pesquisa “mundial” de Hofstede sobre cultura organizacional.

Hofstede e Schein (leituras variadas, domínio público)

8

26.04

Preparação dos seminários. Escolha de objetos metodológicos e organizações.

 

9

10.05

 Seminários. Realização por duplas ou individualmente

 Classe recebe resumo prévio.

Textos da bibliografia com base nos temas.

10

17.05

 

 

11

24.05

        “             “          “

 

12

31.05

Continuação.

Muniz Sodré (final) e Paulo Freire

13

14.06

Saberes e mediações: Educação Cultural ou Cultura Educativa como organização operada por processos históricos e comunicantes. (Alunos preparam questionário sobre leituras, implementam e refletem com relatório)

Trabalho de aplicação

14

21.06

Sinais efetivos de experiências. As gestões que trabalham o saber das pessoas e sua capacidade criadora, difusora e intérprete do conhecimento.

 (continuação)

 

Trabalho de Aplicação

15

28.06

Avaliação e perspectivas do curso (conclusão dos relatos anteriores)

Debate final sobre toda a bibliografia e práticas.

 

 

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