Sobre racismo, amor e poesia. Pra não deixar o vinte de novembro passar em branco
18/11/2010 13h28 - última modificação 19/11/2010 15h16
O vinte de novembro é uma data muito importante para nós, afro-brasileiros. Geralmente é uma data onde acontece Brasil afora, principalmente nos estados em que é feriado, várias programações de cunho culturais, reflexivas e reivindicatórias. É data na qual comemoramos a morte de Zumbi dos Palmares, também conhecida como “Dia da Consciência Negra”.
Algumas pessoas às vezes perguntam: mas por que existe o dia da consciência negra e não o da consciência branca? A resposta é simples. Não haveria necessidade de se falar de consciência negra, se durante quase quatro séculos o povo negro não tivesse tido sua consciência negada, violentada pelo sistema escravista que o julgava e tratava negros como animais. Não seria preciso falar de consciência negra se, muitas vezes, ainda hoje, mais de um século e duas década após a abolição da escravatura, muitos afro-descendentes não fossem ainda vítimas de preconceito racial.
A PROPÓSITO DO VINTE DE NOVEMBRO é um dentre os vários artigos sobre a temática racial que já escrevi, sempre de forma mais contundente e militante, com ênfase nas condições, sócio, política e cultural dos negros/as brasileiros/as. Ainda que alguns possam considera, subjetivo demais, hoje 17 do 11, imerso em minhas elucubrações da madrugada, pois são: 01 h e 14 minutos de quinta - feira, para o próximo sábado, vinte de novembro de 2010, em forma poética, quero escrever sobre a única força neste mundo poderosa o bastante para verdadeiramente destruir o racismo e o preconceito, o AMOR.
Venha comigo! Sobre o amor vamos rimar.
Seja do eros, do fileo ou do ágape, de amor vamos falar.
Vamos rever conceitos, eliminar preconceitos, e nas letras destas rimas,
Refletindo sobre o amor, construirmos um Brasil novo, com novo paradigma.
Onde negros, brancos e amarelos, homens e mulheres, se amam e se estimam.
Sim, pois o AMOR:
Não tem cor;
Antes tem sabor, tem calor.
O amor:
Tem força, tem esperança;
Tem garra que não se cansa;
Tem tenacidade resoluta;
Que motiva negros e brancos a irem à luta.
O amor não escolhe a quem quer unir;
Quando manifesto faz o preconceito ruir;
Fazendo as barreiras racistas por terra cair.
O amor:
É avassalador;
Quando verdadeiro, une a patroa e o funcionário;
A empregada é o empresário.
O AMOR:
O AMOR...
O amor tem: COR/ação, atração, sedução;
Une os diferentes, numa mistura envolvente.
Quebra dogmas da religião, destrói preconceitos, tradições, faz votos caírem por terra;
Quando no peito, contra a vocação entra em guerra.
É sentimento revolucionário, libertador, igualitário, destrói as preconceituosas discrepâncias;
Não há apego ao dinheiro, quando pelo ar ele deixa seu cheiro, sua fragrância.
Amor, sentimento, que mexe e remexe com o corpo, alma e mente;
deixando indivíduos, mais moldáveis, mais humanos, mais gente.
O amor, tem feito coisas, que somente Deus que o criou não duvida;
Tem transformado pessoas, tem dado novo sentido a muitas vidas.
O amor não tem muita matemática.
É uma + um. Um + uma.
Sua conta é simples, uma soma básica
É o negro + a negra.
É o branco + a branca.
Mas também pode ser diferente;
O amor mistura as cores claras, fortes e quentes.
De forma simples, natural e prática, com amor não há mistério
Enlaça a loira européia nos braços do negro da África.
É o negro + a branca. É a negra + o branco.
É o negro, o branco e o amarelo que, misturados originam tons tão belos.
Eu não entendo a razão, pela qual alguns fazem objeção.
Se negro casa com loira, é por que loira casa com negrão;
Tem que haver aceitação, de ambos, interação.
Nem sempre tem dinheiro envolvendo a união.
Como julgam alguns racistas, advogando a segregação.
O amor é subversivo, quando manifesto faz o preconceito ruir.
Pois verdadeiro amor não escolhe a quem quer unir;
arromba a porta da alma, sem licença pedir;
Embriaga os sentidos fazendo quem ama chorar e sorrir.
Surge entre os diferentes matizes forçando a barreira racista por terra cair.
O AMOR:
Não tem cor;
Antes tem sabor, tem calor;
Tem valor, supera a dor, é agregador.
O amor é o único elemento de verdade;
Que resulta em liberdade, justiça e igualdade.
Só o amor constrói, ao passo que desconstrói o racismo introjetado na sociedade.
A hipocrisia cessará, o racismo institucional terminará. E ao velado se enterrará.
E só o amor restará. Sim, só o amor triunfará!
Quando eu era criança, falava como criança, raciocinava como criança.
Quando me tornei homem, pus fim ao que era próprio de criança.
Agora, vemos em espelho e de modo confuso; mas então será face a face.
Agora o meu conhecimento é limitado; então conhecerei como sou conhecido.
Agora, portanto, permanecem estas três coisas, a fé, a esperança e o amor.
Fé, de que um dia todos os povos viverão em paz. E que nenhum homem jamais será julgado pela cor de sua pele, mas sim pelo caráter que o impele.
Esperança, de que, o Reino de Deus, entre os povos, nós construímos a cada novo amanhecer, quando liberamos o perdão e de inimigos a irmãos passamos ser.
Amor, com o qual devemos nos amar uns aos outros, independente da cor da tez. Tendo consciência de que, ao negro, ao branco e ao amarelo, foi o mesmo e único Deus quem os fez.
Entre a fé, a esperança e o amor.
O amor é Maior, pois DEUS é amor, manifesto em todos os matizes, cores, sabores e amores.
Pastor José do Carmo da Silva – O Zé do Egito, conhecido aqui pelas bandas do distrito de Campo Grande – MS, como: O negrão da benção.
VEJA TAMBÉM:
Mensagem e liturgia da PASTORAL NACIONAL DE COMBATE AO RACISMO da Igreja Metodista