Uma oração da "mãe do metodismo"
06/05/2011 10h55 - última modificação 06/05/2011 10h56
Um dos relatos da vida de Susana Wesley que mais gosto é aquele que fala das reuniões de oração que ela começou a fazer em sua cozinha, numa das viagens de seu marido, Samuel Wesley, pastor da igreja local. Era para ser uma breve devocional com os empregados da casa, mas o grupo foi crescendo, crescendo... até que juntou 200 pessoas e começou a incomodar a estrutura eclesiástica. Afinal, naquela época, lugar de mulher era mesmo na cozinha, mas sem substituir o marido na pregação!
O pastor substituto escreveu uma carta ao Rev. Samuel, alertando que os encontros poderiam ser alvo de queixa legal na igreja. Preocupado, Samuel escreveu à esposa. E dela recebeu a seguinte resposta: "Se achas adequado dissolver esta assembléia, não me digas que desejas que eu o faça, pois isto não satisfará a minha consciência; mas envia-me a tua ordem explícita, tem termos tão claros e expressos que me absolvam de toda culpa e punição por negligenciar esta oportunidade de fazer o bem, quando tu e eu aparecermos diante do grande e respeitável tribunal do Nosso Senhor Jesus Cristo".
A história não registra uma resposta do pastor Samuel... Mas, certamente, o exemplo de liderança espiritual desta mulher leiga teve grande influência na origem e consolidação do movimento metodista iniciado por John Wesley. Como uma homenagem pelo Dia das Mães, leia a seguir uma oração escrita pela mãe de Charles e John:
Ajuda-me Senhor a lembrar que a religião não deve limitar-se à igreja ou sala de oração nem tão pouco ser exercida unicamente através da oração e meditação, porque a cada instante e em todo o lugar estou em tua presença. Concede, pois, que todas as minhas palavras e ações tenham conteúdo moral. À medida que meus defeitos e fraquezas se manifestarem nos atos corriqueiros do dia e nas conversas de cada momento, concede-me tua Graça, Senhor, para poder controlá-los. Ajuda-me a conhecer a mim mesma e àqueles com quem estou em contato, de sorte que esteja sempre de conformidade com os preceitos do evangelho, e que possa exercitar-me na prática dos princípios da sabedoria e da virtude dentro das minhas capacidades.
Ajuda-me a discernir o tempo próprio e a ocasião oportuna para cada virtude, que possa aplicar-me em consegui-la, pelo exercício de atividades benéficas que, por falta da devida reflexão, possam não parecer de muita importância. Permite que tudo quanto acontecer em minha vida seja útil e benéfico ao meu viver. Que todas as coisas sirvam para a minha instrução e proporcionem-me oportunidade para exercitar alguma virtude, e diariamente aprender e crescer em direção da minha identidade contigo, mesmo que o mundo siga em outra direção.
Suzana Wesley
Reproduzido no Expositor Cristão da 1ª quinzena de maio de 1975
LEIA TAMBÉM:
Um século de Dia das Mães
Flores, cartõezinhos, muitos beijinhos estalados... quando chega o segundo domingo de maio, é gostoso receber e demonstrar amor às mães pelo seu dia.
É um dia também para se lembrar, com o coração cheio de gratidão, das mães que já se foram.
Afinal, o Dia das Mães nasceu como uma homenagem póstuma da metodista norte-americana Anna Marie Jarvis à sua própria mãe. A primeira comemoração oficial foi numa Igreja Metodista, mais de 100 anos atrás.
No ano de 1905, Anna Marie Jarvis (à esquerda) recebeu um duro golpe: a morte de sua mãe, exemplo de dedicação e fé. Dois anos mais tarde, em 1907, no segundo domingo de maio, Anna convidou várias amigas para sua casa na Filadélfia, EUA, para uma celebração de ação de graças pela vida de sua mãe. Na ocasião ela anunciou a idéia de se instituir um dia nacional em honra às mães.
No verão seguinte, Anna escreveu ao Superintendente da Escola Dominical da Igreja Metodista Andrews em Grafton, sugerindo que a igreja na qual sua mãe tinha dado aulas por 20 anos, celebrasse o Dia das Mães em sua homenagem.
Assim, no dia 10 de Maio de 1908, celebrou-se oficialmente o primeiro Dia das Mães da história. Em 1914, a celebração tornou-se nacional, aprovada pelo Presidente Woodrow Wilson.
Desde 1908, a homenagem às mães acontece na Igreja Metodista Andrews, agora conhecida como Capela do Dia das Mães (abaixo), na cidade de Grafton, West Virginia. O local tornou-se também uma espécie de museu dedicado à comemoração.
O fim do Dia das Mães
Mas nem tudo foram rosas (ou cravos, escolhidos por Anna para simbolizar a data) na bela história do Dia das Mães. Muito cedo Anna se decepcionaria com os rumos tomados pela comemoração. Ela ficava simplesmente chocada quando via comerciantes aproveitando-se da data. "Não era essa minha intenção! Eu queria que fosse um dia de sentimento, não de lucro!, reclamava Anna. Desgostosa, ela ironizava: "Um cartão impresso não significa nada, a não ser que você é muito preguiçoso para escrever para a mulher que fez mais por você do que qualquer outra pessoa no mundo. E doce! Você compra uma caixa para sua mãe - e come a maior parte você mesmo. Um lindo gesto!"
O mesmo empenho que Anna teve para criar e oficializar o Dia das Mães, ela teve para destrui-lo. Em 1923, moveu um processo contra o governo de Nova York para cancelar a celebração e, é claro, perdeu. Enraivecida, ela atacou uma barraca de florista (mais ou menos como Jesus fez com as mesas dos cambistas no templo de Jerusalém) e foi presa por perturbação da ordem.
Anna Jarvis nunca conseguiu fazer com que o Dia das Mães "acabasse" ou voltasse à pureza original. Morreu pobre e sozinha, aos 84 anos de idade, e foi enterrada ao lado de sua mãe.
Suzel Tunes