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VII SIPPI: para Luiz Roberto Alves, é preciso fugir do senso comum e resgatar o conceito de cultura

Mesa discutiu a importância da cultura na construção de políticas para as cidades

21/09/2016 15h10 - última modificação 26/09/2016 15h55

Mesa discutiu a importância da cultura na construção de políticas para as cidades

Durante o VII SIPPI (Seminário Internacional de Políticas Públicas Integradas), promovido pela Cátedra Gestão de Cidades da Universidade Metodista de São Paulo, os professores Luiz Roberto Alves, do programa de Pós-Graduação em Administração, e Dalmo de Oliveira Souza e Silva, docente de Design de Interiores, discutiram o papel da cultura na construção de políticas públicas integradas para as cidades.

Em sua palestra, Alves disse que temos um desafio a enfrentar neste momento histórico do país. Para ele, é preciso fugir da ideia de que cultura é tudo aquilo que o ser humano produz e pensar no significado e origem da palavra. “Cultura vem de cultivar, como cultivamos as plantas e ainda hoje chamamos a técnica de agricultura. Mas se alguém destrói a plantação, isso não pode ser chamado de cultura”, explica.

Ele considera que a destruição e a violência são anticultura e que utilizar a terminologia correta é fundamental, pois enfrentamos muitos problemas nas cidades e precisamos de cultura para desenvolver políticas de saúde, bem-estar e segurança. Fazendo uma reflexão a respeito da crise dos refugiados, o professor chamou a atenção para a forma como os países têm recebido essas pessoas e como nós, brasileiros, tratamos os desterrados aqui também.

Ainda tratando da origem da palavra cultura, Alves abre uma discussão a respeito da chamada “cultura do estupro” e outros termos como “cultura da destruição” e “cultura do fracasso escolar”, expressões comuns, que para ele são incorretas. Apesar de acreditar que a violência contra a mulher está inserida em nossa sociedade, assim como a destruição e problemas no ensino, violentar, destruir e fracassar não fazem parte da cultura, pois não são atos de cultivo.

“O que existe em nosso país é a anticultura da violência. A dominação é a destruição do processo cultural, quando as pessoas acreditam que um gênero tem o direito de dominar o outro, estamos destruindo um ato cultural”, argumenta.

O professor continua sua fala dizendo que a mudança desse quadro de violência nas cidades só acontece com um processo de educação e conscientização. “O respeito não é natural, ele é cultural. É preciso construir valores para que se passe a respeitar”, completa.

Silva, que participava da mesa de discussão, questiona as ideias levantadas pelo professor dizendo: “vemos esses termos sendo legitimados nos meios de comunicação. De que maneira nós, que estamos nesse espaço de pluralidade de ideias, devemos pensar em como resgatar esse conceito original de cultura?”. A resposta de Alves é de que comunicadores, principalmente dentro da Universidade, utilizem as palavras certas e ajudem a expandi-las.

O diretor da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades, Nicanor Lopes, como mediador da conversa, ressalta a importância da extensão na formação universitária. “Na nossa tarefa universitária temos três dimensões importantes que fazem parte do saber: ensino, pesquisa e extensão. Muitas vezes, nos contentamos com ensino e pesquisa e não prestamos atenção na extensão. A Cátedra permite que vocês, alunos, partilhem com a sociedade tudo o que estão aprendendo”, declara.

Leia mais sobre o SIPPI 2016.

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