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Narrativas afetivas são resposta ao excesso informacional causado pela tecnologia, diz presidente da Aberje

Paulo Nassar foi palestrante convidado da aula magna do Póscom

20/03/2018 15h40 - última modificação 25/04/2018 18h32

O volume de informações que recebemos é tão grande, que é difícil compreender tudo o que é divulgado diariamente nas diversas plataformas. Paulo Nassar, professor-titular da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e presidente da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), acredita que somente narrativas afetivas podem mudar esse padrão.

“Na contemporaneidade, a narrativa epistolar, de diários, vai sendo substituída pelas narrativas do supercapitalismo. Mas essas narrativas afetivas, poéticas, podem começar a furar o bloqueio dessa superprodução e esse excesso informacional a que todos nós somos submetidos”, defende Nassar, que foi o docente convidado da aula magna do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo.

O professor cita uma pesquisa recente do Google que mostra que os brasileiros estão convivendo diariamente com duas a três telas ao mesmo tempo. “É um dado preocupante a toda atividade que se propõe ao diálogo, à conversa. O que temos aí? Um déficit de atenção muito grande”. Além disso, a velocidade para a produção da informação é cada vez maior, dificultando o trabalho de profundidade, de reflexão específico à algumas narrativas.

“Temos plataformas muito ligadas à cultura do que chamamos de ‘organização científica do trabalho’, como o taylorismo, o fordismo, e todas aquelas variantes ligadas a um modelo administrativo que leva à ideia de que tudo o que demorar muito, como a poesia, por exemplo, não tem um bom custo-benefício. Essa ideia do ‘rapidinho’ está chegando aos trabalhadores que trabalham com o conhecimento, como os professores e pesquisadores”.

Nassar acredita que esse modelo chegou também à sala de aula, impedindo o diálogo entre professores e alunos e causando um imediatismo na educação. “Todas essas linguagens estão matando a possibilidade de narrativas mais abertas, narrativas em que você tem tempo para pensar”.

Comunicação empresarial

Ao mesmo tempo, existe uma demanda por inovação e por institucionalizar a ação organizacional. Por isso, grandes empresas buscam formas de realizar projetos de reparação a pessoas lesadas em questões trabalhistas, questões de gênero, étnicas, etc. “Como as empresas brasileiras que causaram tantos danos à sociedade vão buscar formas de reparar esses atos?”, questiona.

É aí que entra um uso diferente dos recursos digitais. O docente cita exemplos de como as novas tecnologias podem auxiliar na construção de narrativas além do utilitarismo, como o caso do programa Memórias Ecanas, com entrevistas de ex-alunos da Eca-USP, e o Inspira BB, que coloca os funcionários como protagonistas das histórias da empresa.

“A gente precisa cada vez mais se provocar, pensar de que maneira estamos contando nossas histórias, de que maneira estamos interagindo com essas histórias e de que forma elas são ou não a expressão do nosso sentimento. Cada vez mais dizemos coisas no Facebook, nas redes sociais de fora e talvez a gente precise dizer um pouco mais para dentro, nas nossas redes sociais verdadeiras”, conclui Luiz Farias, coordenador do Póscom da Metodista.

Confira a aula magna completa no vídeo abaixo:

 

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