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Meios de comunicação ajudam hispânicos a manter tradições culturais nos EUA

Identificação cultural foi apoiada sobretudo pela TV e meios comunitários, expõe professora da Universidade de Colima

17/05/2016 18h59

Ana Uribe fez mestrado na Metodista há 20 anos

O que se sabe sobre a população hispânica nos Estados Unidos, majoritariamente de mexicanos, geralmente é resumido a quantidades: 33,7 milhões, 35% nascidos no México e o restante em território norte-americano. Mas há também uma história de resistência que surpreende pela preservação da língua, da cultura e tradições. E os meios de comunicação são decisivos para essa capacidade de não-aculturação.

“As rádios comunitárias e redes alternativas de TV são muito fortes entre os hispânicos. Jornais e vídeos alternativos feitos sobretudo por jovens indocumentados têm grande penetração na comunidade”, descreve a professora Ana Uribe, estudiosa há anos do fenômeno da ‘Comunicação e Migração’ de povos latinos, tema de sua palestra na Universidade Metodista de São Paulo dia 17 último a convite do Programa de Pós-Graduação em Comunicação.

A influência dos meios de comunicação tradicionais na conservação da cultura mexicana dentro dos EUA se deu sobretudo na primeira leva de migrantes, geralmente iletrados e que se adaptaram com dificuldades em território estranho. Foram chamados de “geração invisível”. A TV e as telenovelas foram os principais pontos de identificação cultural, a ponto de terem forjado a gigante Televisa México e criado o mercado falado em espanhol mais rentável do mundo, apontou Ana Uribe.

Agora a 2ª geração fala inglês e encontra cenário mais favorável para frequentar a universidade. Com isso, lida mais facilmente com novas tecnologias e, no campo midiático, com as redes sociais. Nem por isso a tradição é rompida, pois o novo tem convivido com o tradicional.

“A primeira coisa quando chegam em casa após o trabalho é ver TV e redes sociais”, diz a professora da Universidade de Colima, México, que também atua no campus avançado de Los Angeles. Ana é ex-aluna Metodista, onde fez mestrado em Comunicação Social com dissertação sobre o fenômeno televisivo Silvio Santos. Ela esteve no Brasil para o “Colóquio Internacional de Comunicação”, promovido por Metodista, Universidade Paulista (UNIP) e Universidade de São Caetano do Sul (USCS).

Auto-organização

Segundo seus estudos, até a metade do século passado a migração era quase definitiva e havia certo rompimento com a origem territorial em relação ao México. A auto-organização, uma característica central da comunidade, era apoiada por clubes de migrantes, voluntários, doações e igreja. Com o fenômeno da internet, os dois mundos (EUA e México) não se desconectam mais, havendo mais movimento físico de ida e volta entre os dois países, além de a tecnologia e redes sociais enriquecerem a circulação de informações da comunidade.

Mesmo assim, ainda prevalece forte preconceito dos americanos em relação aos povos hispânicos, vistos como mão-de-obra barata, relata professora Ana, ela própria uma vítima. Numa de suas passagens pela fronteira, ouviu um exultante “bingo!” de um dos policiais comemorando sua volta ao México.

Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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