Alunos desenvolvem protótipo para pessoas com mobilidade reduzida
08/02/2013 09h46
Protótipo desenvolvido durante o trabalho de conclusão de curso que pretende ser uma solução economicamente mais viável para pessoas com mobilidade reduzida. Foto: Arquivo Pessoal
PROJETO APRESENTADO COMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO PREVÊ ALTERNATIVA MAIS VIÁVEL ECONOMICAMENTE ÀS OPÇÕES DE MERCADO
Nos últimos anos, o Brasil tem lidado com uma realidade preocupante: o aumento do número de pessoas com necessidades especiais nos membros
inferiores como consequência de acidentes de trânsito, envelhecimento,
balas perdidas, síndromes ou doenças.
Um dos desafios que indivíduos com mobilidade reduzida enfrentam na sociedade diz respeito à realização de tarefas que seriam simples, não fosse a sua limitação. Cadeirantes, por exemplo, ainda encontram dificuldades quando o assunto é acessibilidade.
Foi o quadro retratado acima que motivou os alunos Fernando Augusto
Rocha, Luiz Alberto Alves e Ronaldo Neves, de Engenharia da Computação,
a desenvolver o trabalho de conclusão de curso sobre o desenvolvimento
de um dispositivo ortopédico (exoesqueleto) para auxiliar na locomoção
dessas pessoas.
O desenvolvimento
Para o trabalho, os estudantes pesquisaram sobre metodologias para a
área de robótica e protótipos de automação em geral. No entanto, por não
haver algo específico para o que pretendiam realizar, desenvolveram uma
metodologia própria, que incluiu, entre outros, estudos sobre biomecânica
(teoria dos movimentos da marcha humana) e soluções de hardware e
software para a automatização do protótipo.
Luiz Alberto conta que o desenvolvimento de 23 peças levou nove meses para ser concluído. “Em relação às pesquisas, foram pelo menos 12 meses, uma vez que diversas alterações ocorreram durante as atividades, tornando necessário novos estudos de soluções e equipamentos a serem utilizados”.
O protótipo
Feito com alumínio naval, o dispositivo pesa cerca de 18 quilos e possui
quatro motores, sendo dois para os joelhos e outros dois motores para a região do quadril. Embora a região do tornozelo não tenha motorização, ela conta com um sistema de articulação e molas que auxiliam na movimentação.
De acordo com os alunos, para o desenvolvimento da proposta foram investidos aproximadamente R$ 3.450 – considerando a cotação do dólar ao final de 2012 (R$ 2,08), o custo foi de cerca de US$ 1.653. Para se ter uma ideia, a estimativa é de que o modelo produzido por uma empresa japonesa deva ser comercializado por um valor que varia de US$ 19 mil a US$ 50 mil.
Além do preço final do produto, “o diferencial do projeto está no fato de
utilizarmos componentes prontos para uso disponíveis no mercado, como
os motores ou o microcontrolador específico para uma determinada funcio
nalidade”, afirma Luiz Alberto. Ele destaca ainda que, “com a realização
das melhorias sugeridas, os custos do protótipo deverão ser maiores, mas isso depende das soluções que serão adotadas. Um exemplo é o material
utilizado na estrutura do dispositivo. Dependendo dos estudos, ele pode ser substituído por outro mais leve, resistente e mais barato”. O estudante
menciona também que essas modificações, somadas a uma produção em
maior quantidade, tornarão o protótipo mais econômico se comparado aos
existentes no mercado.
Próximos passos
Segundo Luiz Alberto, “o grupo está ciente de que este é um protótipo inicial e que muitas modificações e melhorias podem e devem ser feitas para que seja atingido o ideal”. O passo seguinte é implementá-las e dar continuidade ao projeto em trabalhos de especialização, mestrado ou doutorado, com o apoio de órgãos de pesquisa como a Fapesp ou o CNPq.
Gabriela Rodrigues
gabriela.rodrigues@metodista.br