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Uma pesquisa radical

26/06/2012 19h25 - última modificação 27/06/2012 10h48

Skate envolve diversas áreas da saúde em projeto


Rampas, pistas, manobras radicais, alguns tombos, capacetes, cotoveleiras e joelheiras e um equipamento composto por um shape, eixos e rodas. Essa é a imagem que vem à cabeça quando se fala que alguém é um skatista. Mas o skate é visto por muitos como uma uma aventura, uma brincadeira de rua. Na verdade, é um esporte que ganha cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo, com diversas modalidades e torneios profissionais.

Segundo uma pesquisa Datafolha de 2009, encomendada pela Confederação Brasileira de Skate (CBSK), o Brasil possui quase 4 milhões de praticantes de skate, entre amadores e profissionais.

Este crescimento é um dos passos para o esporte ser levado mais a sério. A começar pelos próprios skatistas, que começam a buscar por melhores condições de competir, inclusive preparação física. Este é o caso dos atletas da equipe PSK – Precision Skate, patrocinada e apoiada pela Universidade Metodista de São Paulo desde o começo deste ano.

Eles se reúnem três vezes por semana na Metodista e recebem um tratamento interdisciplinar, envolvendo treinamento físico, exames, fisioterapia, orientação e acompanhamento nutricional e atendimento psicológico. Tudo utilizando a estrutura da Academia-escola e da Policlínica.

“O preparo físico faz diferença para qualquer esportista, em qualquer modalidade”, afirma o skatista profissional Edgard Pereira “Vovô”, membro da PSK, que também diz que “os treinos e tratamentos melhoraram a performance nas competições.”

Além de Edgard Vovô, a equipe PSK é composta pelos profissionais Dan Cezar Pardinho, Ronaldo “Rony” Gomes, Ítalo Penarrúbia, Rodrigo “Digo” Menezes (primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial), Eugênio “Geninho” Amaral, Lécio “Neguinho” Batista e pelo amador Leonardo Ruiz, que está viabilizando a profissionalização. Os atletas são considerados de elite e estão entre os melhores do mundo.

Os sete profissionais estiveram na primeira etapa do Circuito Mundial WCS (World Cup Skateboarding) Vertical Profissional 2012 – Vert Jam, que aconteceu no Rio de Janeiro, no mês de março. Em abril, Edgard Vovô, Rony Gomes, Dan Cezar e Ítalo Penarrúbia seguiram para a segunda etapa do circuito, que aconteceu no X-Games (as “Olimpíadas dos esportes radicais”), em Xangai, China. Rony Gomes ficou em terceiro lugar na Mini Megarrampa, conquistando a medalha de bronze. A próxima etapa acontece de 28 de junho a 1º de julho, em Los Angeles.

Vovô diz que “o esporte e os torneios exigem demais do corpo. Sofremos muitas lesões, então o preparo físico antes das disputas faz a diferença. Mas não só a parte física, o psicológico também precisa ser trabalhado, por causa da pressão que temos nos grandes eventos. É importante ter essa estrutura.”

Rony Gomes, que treina cinco vezes por semana na rampa, reforça a fala de Vovô. “Nunca tivemos um preparo físico e hoje tenho visto que os meus treinos diários com o skate estão rendendo mais. Fico mais tempo no treino e menos cansado”, conta.


Atleta comprova eficácia de acompanhamento interdisciplinar

O professor do curso de Educação Física da Metodista, Denis Foschini, é preparador físico e agente da PSK. Ele explica que “o acompanhamento interdisciplinar e a preparação física têm o objetivo de melhorar a condição de saúde dos atletas, para que possam ter um melhor rendimento, além de prevenir lesões.”

Prova disso é o skatista Dan Cezar. Em 2011, ele ficou impedido de disputar alguns campeonatos em razão de lesões. “Eu estava totalmente fora de forma e sentia muitas dores no corpo e não conseguia praticar o Skate Vertical. Comecei esse trabalho com a PSK e a Metodista no começo do ano”. Em dois meses, o atleta já estava apto a competir novamente e foi para o circuito mundial no Rio de Janeiro, com os demais companheiros.

Na fase eliminatória do torneio, Dan sofreu uma queda grave e lesionou o tornozelo, costas e chegou a deslocar o quadril. Muitos, inclusive organizadores do evento, acharam que ele não teria condições de continuar na competição. “Foi o pior tombo da minha vida. Mas graças ao tratamento de fisioterapia que tive na hora, consegui me recuperar e chegar até
a final”, disse. Dan Cezar terminou o torneio em sétimo lugar, entre os 30 melhores skatistas do mundo. A final foi cancelada devido à chuva que atingiu a rampa das provas e a classificação ficou estabelecida conforme as posições da semifinal.

Ouça mais do depoimento de Dan Cezar.

O coordenador do curso de Fisioterapia da Metodista e também um dos preparadores da PSK, professor Alexandre Cavallieri, foi quem atendeu Dan Cezar após o acidente. Ele conta que o tratamento imediato, assim que o atleta saiu da rampa, e a continuidade durante o dia possibilitaram a recuperação. “Fizemos aplicação de gelo no tornozelo e relaxamento e massageamento muscular nos locais da lesão, para evitar o travamento. Posteriormente, no hotel, foi feito alongamento, acupuntura, ultrassom e aplicação de bandagens”.


Skate como fonte de aprendizado e pesquisa

Assim como os skatistas, a Metodista não olha para a modalidade apenas como um esporte radical. “A Instituição utiliza o skate como atividade didático-pedagógica. Assim, ela está abrindo um espaço para realização de trabalhos, como TCCs, pesquisas, trabalhos de extensão e publicações”, diz o professor Denis.

Alexandre explica que “a equipe PSK também serve para os acadêmicos aplicarem o conhecimento, utilizando atletas de elite que apresentam situações reais de condições físicas. Os resultados dessa prática podem, com o tempo, gerar novos estudos e novas publicações.”

As áreas em que a equipe é submetida a atividades, atendimentos e tratamentos e que são aproveitados em estudos envolvem:

Preparo físico: Análise dos níveis de resistência, força, flexibilidade e agilidade, por meio de exercícios e durante etapas de preparação, comparando os níveis em cada etapa.

Fisioterapia: Trabalhada de forma preventiva e reativa. Não envolve apenas o tratamento de lesões, mas é investigada a causa delas, se por traumas ou sobrecarga física, e engloba treinamentos que buscam a prevenção.

Exames laboratoriais: Coletas feitas para análises clínicas e avaliação do organismo. Os exames também colaboram para a avaliação nutricional.

Nutrição: Trabalhada em ciclos de 20 dias, envolve a avaliação para definição da alimentação necessária, observando-se o gasto calórico com a prática do skate. Os índices dos atletas são controlados por meio dos exames laboratoriais.

Psicologia: Em ciclos de 15 dias, desenvolve um trabalho voltado ao emocional. Como os atletas estão constantemente em competições oficiais em níveis nacionais e internacionais, recebem auxílio com relação à ansiedade e pressão que sofrem antes e durante as competições.

Os skatistas também podem recorrer aos tratamentos e exames em outros períodos.

Atualmente, quatro grupos de estudantes desenvolvem pesquisas utilizando os skatistas. Dois grupos de Fisioterapia, um estudando lesões e outro impulsão vertical e eletromiografia; um grupo de Nutrição pesquisando sobre nutrição esportiva e um grupo de Educação Física trabalhando com treinamento e desempenho físico.

De acordo com a CBSK, no Brasil “nunca houve um centro de treinamento para skate desta magnitude, com a estrutura oferecida pela Metodista”, afirma o vice-presidente da entidade, Edson Scander.

A diretoria da Federação Internacional de Skate (em inglês, International Skateboarding Federation – ISF/ WCS) também afirma que não há registro de instituições que abrigam centros como este, principalmente com a intenção de publicar estudos.

Assista ao vídeo com alguns treinos e outras imagens dos atletas da PSK.


Estrutura atrai atenção de ícone mundial de skate

Outros grandes nomes, como o ícone mundial do skate, o brasileiro Bob Burnquist, os americanos Paul Luc Ronchetti e Andy Mac, primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente, na etapa do mundial do Rio, reforçam a afirmação da ISF.

Para terem tratamento semelhante ao oferecido pela Universidade, eles precisam se deslocar para locais diferentes, até mesmo para outros estados em seu país, para cada tipo de tratamento. Bob Burnquist já conhecia o projeto . “Esse é um meio das pessoas olharem de outra forma o skate e levá-lo mais a sério como esporte. É uma iniciativa muito importante para nós”, disse o ícone mundial.

Ouça o que mais Bob disse sobre este trabalho.


Marcello Ferreira


Conheça as diferentes modalidades do skate

Agora você já sabe que o skate não é apenas uma brincadeira de rua, com praticantes se aventurando em ruas e praças. Saiba quais são as modalidades regulamentadas do esporte e que têm torneios oficiais nacionais e internacionais.

Bowl e Banks: Praticadas em pistas em formato de bacia ou piscina, com paredes curvas e arredondadas. São ideais para transições rápidas.

Downhill Speed: Praticada em ladeiras de diferentes comprimentos, em que o objetivo é descê-las o mais rápido possível. Daí o nome, Downhill Speed, que em tradução livre significa: descer uma colina rapidamente. É a modalidade mais antiga do skate.

Downhill Slide: Assim como o Downhill Speed, é praticado em ladeiras, mas a intenção é descer dando slides (derrapadas ou “cavalos de pau”) com o skate, de diversas formas diferentes e estendendo as manobras o máximo possível, sem perder muito da velocidade.

Megarrampa: Praticada em uma rampa “monstruosa” de drop (descida), que possui, em média, 27 metros de altura, onde o skatista pode atingir 80 km/h e em seguida, usando outra rampa, salta sobre um vão livre de 20 metros de comprimento, aterrissando em mais uma rampa de descida que o impulsiona para um quarter-pipe (metade de um half-pipe) com aproximadamente 9 metros de altura, e que faz com que o skatista possa atingir uma altura de até 16 metros do solo. É a modalidade de maior visibilidade do skate.

Minirrampa: É uma variação dos half-pipes (pista em formato de “U”), mas não possuindo parede vertical e com altura geralmente até 2,50 m. É o segundo tipo de rampa mais construído no Brasil.

Freestyle: Consiste em realizar manobras consecutivas, como uma coreografia, acompanhada por música e sem colocar o pé no chão, em lugares planos, com cerca de, no mínimo, 300 metros quadrados. É a segunda modalidade mais antiga do skate.

Slalom: Modalidade que utiliza um skate mais estreito e menor que os “tradicionais”. Consiste em passar por vários cones alinhados fazendo “zigue-zague”, tentando ser o mais rápido sem derrubá-los.

Street: Consiste em praticar o skate em obstáculos que são encontrados nas ruas das cidades como: monumentos, praças, bancos, corrimãos, muretas, escadas, palcos, buracos, entre outros. Também é praticado em pistas onde existem rampas que simulam a arquitetura urbana de um modo adaptado. É a modalidade com o maior número de adeptos.

Vertical: Praticada em pistas com, no mínimo, 3,50 m de altura, podendo ser de concreto ou madeira, em formato de half-pipes, havendo entre o coping (cano de ferro) e a parede em curva (transição), uma parede vertical (90º com o chão, ou seja, reta).

Fonte: Confederação Brasileira de Skate (CBSK)
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