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Combate à pobreza passa pela economia solidária, defende o especialista Bernardo Javalquinto

12/09/2014 14h35 - última modificação 14/10/2014 11h47

Um dado alarmante sobre a mensuração da pobreza, o de que um terço da humanidade vive com menos de US$ 2 por dia, continua a desafiar cientistas sociais, acadêmicos, economistas e gestores públicos. O agravante é que várias correntes se dividem sobre a origem e sobre como dar respostas a essa distorção. O professor Bernardo Javalquinto, porém, é convicto quanto à solução mais adequada: só a economia solidária é capaz de dar dignidade aos mais de 2,6 bilhões de humanos que vivem na pobreza ou abaixo dela.


Empreendimentos solidários são definidos como os que colocam o ser humano no centro das atividades de produção, consumo, distribuição e finanças, ou seja, como sujeito e finalidade da ação econômica. “Negócios fundados em relações de colaboração solidária podem resolver os grandes problemas globais, pois a centralidade no ser humano – verdadeiro capital de uma empresa – leva a uma economia justa, de prosperidade para todos”, defendeu o economista Bernardo Javalquinto, especialista em empreendedorismo social e fundador da ENS (Escola de Negócios Sociais), do Chile.


Javalquinto esteve na Universidade Metodista de São Paulo dia 10 de setembro para falar sobre “Los negocios sociales, uma reforma al modelo global”, a convite da Cátedra Prefeito Celso Daniel de Gestão de Cidades. Segundo sua visão, o capitalismo falhou como instrumento de desenvolvimento e democratização do bem-estar humano, mas não deve ser descartado como mola propulsora da economia, desde que não seja predador e beneficie poucos como na atualidade.


Respeito ao homem


“É preciso subverter o modo como se fazem negócios hoje. Se é válida a preocupação em maximizar benefícios com redução de custos e com preservação da biodiversidade, também temos de priorizar o respeito ao homem”, dissertou. Entusiasta de que os objetivos sociais dão mais eficiência à economia, ele cita a adesão ao modelo de sua Escola de Negócios Sociais por parte de 42 universidades espalhadas pelo mundo,  entre as quais a lendária Harvard dos Estados Unidos.


Também citou empresas que passaram a desenvolver consciência crítica em relação ao modelo atual de alta competitividade, trabalho a qualquer custo, tecnologias submetendo o homem, e não sendo colocadas a serviço do bem-estar comum. “Volkswagen, P&G, Intel, Adidas, Arcelor Mital e Danone entenderam que inovação, desenvolvimento, responsabilidade ambiental, educação e justiça têm que ser oportunidade de todos”, expôs, acrescentando: “Algo funciona mal quando só se trabalha e não se tem relações sociais nem qualidade de vida”.


Também consultor em projetos de impacto social, Bernardo Jovalquinto anunciou estudos que colocam Brasil e América do Sul como as novas apostas geográficas dos investimentos mundiais, sobretudo de árabes e chineses. Exortou os latinos a preparem a infraestrutura urbana e sobretudo os negócios sociais.


Bom pagador


Parceiros no Seminário Internacional promovido pela Cátedra Celso Daniel da Universidade Metodista, o Banco do Povo Crédito Solidários e a SBCSol (Incubadora de Empreendimentos Solidários de São Bernardo) também expuseram cenários de como a economia solidária se expande.


Com foco justamente na população das periferias e no desempregado que não tem acesso a serviços financeiros, o Banco do Povo saiu de uma carteira ativa de 389 pessoas e R$ 466 mil em 2007 para 3.967 beneficiários e R$ 5,9 milhões no ano passado. A inadimplência há quatro anos é inferior a 2%, atingindo taxa de 0,73% em 2013. “Provamos que pobre é bom pagador e cresce”, afirmou o superintendente da instituição, Almir da Costa Pereira.


Além do perfil de incubadora de empreendimentos solidários, cujo alvo são pequenos negócios familiares e de baixa renda, a SBCSol adotou um modelo misto, pois tem como pano de fundo a mão forte do poder público e da academia, no caso a parceria da Metodista, que oferece assessoria de gestão. A coordenadora técnica Vanderléia Sena Pereira mostrou que a união de prática e conhecimentos evidencia que uma outra forma de economia é possível. São 20 empreendimentos incubados sob o conceito de cooperativismo, solidariedade, compartilhamento de custos e experiências. Dez dos micronegócios já estão em fase de formalização.


Veja abaixo a entrevista de Bernardo Javalquinto à Metodista:

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Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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