Empreendedorismo solidário, livro aborda essa nova visão empresarial

Incubadoras de empresas, como o nome enuncia, são grandes celeiros de empreendimentos que ajudam a potencializar um futuro promissor aos novos negócios. Entre outras vantagens, os incubados recebem orientações sobre gestão, metodologias de trabalho e produção, sobre acesso ao crédito bancário e como vencer o caminho das pedras da comercialização. Compartilham custos e experiências.

No ABC paulista, a Incubadora de Empreendimentos Solidários de São Bernardo do Campo (SBCSol) tem um sabor a mais. Além de colocar no centro do alvo pequenos negócios familiares e de baixa renda, adotou um modelo misto, pois tem como pano de fundo a mão forte do poder público e da universidade. Mais do que isso, o modelo foi construído com os próprios participantes, que a partir de suas realidades deram forma às cartilhas, aos manuais e à prática gestora de seus empreendimentos.

A experiência da SBCSol completou dois anos em agosto de 2014 e está relatada no livro “A Política Pública e o Papel da Universidade” (Editora Metodista), com organização dos professore Douglas Murilo Siqueira e Fabiana Cabrera Silva, ele coordenador do curso de Administração da Universidade Metodista de São Paulo e coordenador-geral da SBCSol, ela docente no curso de Pedagogia EaD e membro da incubadora.

“Uma vez que o há o papel indissociável ensino-pesquisa-extensão da universidade, não faz sentido deixar o conhecimento dentro da academia. O diálogo que construímos entre professores integrantes do projeto e comunidade atendida foi que se pudesse valorizar a experiência de todas aquelas pessoas que integravam o empreendimento. Nós levamos o conhecimento sistematizado, porque os incubados já tinham conhecimento prático dos seus negócios. Não chegamos com nada acabado. Construímos as ferramentas juntos”, relata a professora Fabiana Cabrera Silva.

20 projetos, 10 já formalizados

O projeto interdisciplinar reuniu áreas do conhecimento como Pedagogia, Comunicação, Contabilidade, Administração, Gestão Ambiental, entre outros. Além da Prefeitura de São Bernardo e da Universidade Metodista de São Paulo, teve parceria do Instituto Metodista Granbery e apoio financeiro da Agência Brasileira de Inovação (FINEP).

A experiência alcançou 100% das metas: incubar 20 projetos, trazer pelo menos 10 para a formalidade e inovar um produto ou serviço em cada empreendimento. Os negócios solidários se distribuem entre artesanato, confecção, cooperativas de material reciclável, hortas comunitárias, uma companhia teatral e a Unimáquinas, de ex-funcionários da Lawes.  A inovação foi buscada no sentido de como melhorar os processos desses negócios, não necessariamente na perseguição de tecnologias novas, de coisas fantásticas como as que saltam do mundo das startups do Vale do Silício. Dez cartilhas fornecem sustentação sobre temas como legislação, segurança do trabalho e custos, entre outros.

Os parceiros deram prazo extra até o final de 2014 para o encerramento da experiência, embora todos estejam consolidados “para caminhar com as próprias pernas”, sem o anteparo da universidade, garante Fabiana Cabrera. “Dentro de uma economia solidária não há donos. Todos são gerenciadores do processo. Tivemos que romper com paradigmas como estruturas com chefes, hierarquias”, afirma.

O livro “A Política Pública e o Papel da Universidade” também faz parte dos objetivos fixados pela Incubadora de Empreendimentos Solidários de São Bernardo do Campo e uma segunda edição está planejada para o final do ano, abordando a questão da metodologia. O livro dá ênfase à experiência, mas cada um dos 12 autores de artigos fortalece a temática relatando outras frentes de cooperativismo e empreendedorismo solidário, que surgiram em meados do século XIX como alternativa à economia capitalista.

Conheça a Incubadora de Empreendimentos Solidários - SBCSol.

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