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Professor da POSCOM reúne em livro artigos sobre Jornalismo Cultural

07/08/2014 16h45 - última modificação 11/08/2014 14h07

O livro do pesquisador Faro já se encontra disponível para venda nas livrarias

Por Roberto Bueno

Qual é a definição de Jornalismo Cultural? Como o tema está sendo estudado nos programas de pós-graduação? Essas e outras perguntas são debatidas nos onze artigos reunidos no livro “Apontamentos sobre Jornalismo e Cultura”, do professor José Salvador Faro, pela editora Buqui.

O pesquisador, pertencente ao programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (POSCOM), lançou a publicação no final do primeiro semestre de 2014. A maioria dos trabalhos produzidos pelo docente, escritos entre os anos de 2006 e 2013, foi publicada em diferentes periódicos científicos.

O professor Faro explica que organizou os trabalhos por possuírem “uma linha de coerência”. Segundo ele, essa publicação vem fechar um ciclo de trabalho na antiga linha de pesquisa que mantinha no programa.
O docente espera ajudar num possível mapeamento do Jornalismo Cultural realizado no Brasil t. “Essa seria uma maneira de você aplicar os conceitos que foram levantados no livro num material que existe, num material empírico, nas experiências concretas dos jornalistas que trabalham com cultural”, explicou.

Leia a seguir a entrevista com o professor:

Agência de Divulgação Científica: Por que foi importante reunir estes artigos escritos pelo senhor?
Prof. J. S. Faro: Primeiro, porque acho que a reunião dos artigos num único volume acaba com a dispersão que esses artigos têm, porque foram publicados em periódicos de instituições diferentes, em momentos diferentes. E, na verdade, eles têm uma linha de coerência, porque resultam de um projeto de pesquisa que foi desenvolvido no período em que eles foram publicados. Portanto, a melhor coisa que poderia acontecer para quem quiser consultar o resultado do projeto de pesquisa é que a pessoa encontre esses artigos todos juntos, porque assim poderá perceber uma linha de aprofundamento. Também, porque o projeto de pesquisa terminou. Eu concluí o projeto, então, achei conveniente que na conclusão do projeto, que eu entregasse para a comunidade acadêmica tudo aquilo que fosse resultado do desenvolvimento da pesquisa. São esses os dois motivos.

Qual foi a importância dos questionamentos e das ideias levantadas por esses trabalhos?
Faro: O primeiro problema, e é o que me motivou a fazer a pesquisa sobre Jornalismo Cultural, é a ausência de uma definição consistente sobre este gênero. Ele é um gênero muito badalado, muito falado, mas eu acho que existe pouca pesquisa sobre como ele se comporta na imprensa e tanto que a primeira intenção era oferecer uma reflexão sobre o que é o jornalismo cultural em busca de uma definição. Ou, pelo menos, em busca de um conceito que facilitasse a compreensão do fenômeno. É uma reflexão teórica e uma reflexão teórica é hipotética, então, eu a estou caracterizando de uma certa forma e os leitores desses artigos vão confrontar, vão testar, talvez, disso resulte um algum amadurecimento sobre o tema, nada que seja verdadeiro, ninguém tem esse pretensão, mas alguma coisa que ajude a compreensão de um gênero complexo.
Segundo, porque até entre autores que falam sobre jornalismo cultural, são poucos aqueles que se debruçaram sobre o gênero do jornalismo cultural de maneira específica. Vários deles falam de maneira obliqua sobre o jornalismo cultural, às vezes, nem mencionam o conceito, mas estão analisando a cultura e o jornalismo e aquilo permite que eu relacione com jornalismo cultural. Esses autores que constituem um universo teórico que cerca o meu tema, agora, parecem, que estão reunidos. Estão ali referenciados, então, portanto, quem for ler os artigos vai ter como base o que esses autores dizem. Isso representou, na minha opinião, um degrau a mais na compreensão do jornalismo cultural. Esse não é o degrau definitivo, imagina, longe disso, mas quem estudar o jornalismo cultural levando em conta esta pesquisa pode ter, eventualmente, perspectivas mais densas, mais profundas, ou outras perspectivas, um outro olhar. Então, por isso, o livro vem ao encontro de um assunto bastante estudado, muito pesquisado, fora da universidade. Na universidade, como eu digo na apresentação, é pouco estudado. Eu fiz uma pesquisa sobre qual tem sido o tratamento que o Jornalismo Cultural tem recebido nos programas de pós-graduação e constatei que são pouquíssimos os trabalhos que se desenvolvem sobre este tema.

Quais as vertentes que precisam ser aprofundadas no Jornalismo Cultural?
Faro: Não se trata propriamente de uma vertente, mas é um desafio a quem for pesquisar, eu mesmo gostaria de trabalhar com isso numa outra oportunidade: é você mapear o jornalismo cultural na imprensa brasileira. Isso não foi feito. Essas reflexões que eu faço nesse livro, elas têm como base alguns veículos, é o jornalismo cultural tal como ele aparece na imprensa paulista, na carioca e alguns exemplos esparsos, mas não existe um mapeamento, eu não conheço, se existir, que mostra como é o Jornalismo Cultural em geral, no Nordeste, no Sul... Como é esse panorama poderia ser identificado? Essa seria uma maneira de você aplicar os conceitos que foram levantados no livro num material que existe, num material empírico, nas experiências concretas dos jornalistas que trabalham com cultura.

Seria só nos meios impressos ou também nos meios eletrônicos?
Faro: Nos meios impressos e agora, nos meios digitais. É importante mencionar isso, porque os meios digitais tiveram um impacto nos meios impressos. Um deles é a perda da referência autoral que o Jornalismo Cultural tinha, quando ele era predominantemente imprenso, que ele passa ter de uma maneira mais reflexível, quando sites de cultura aparecem e se proliferam nos anos recentes. O jornalista que trabalha com cultura não é mais aquela voz de autoridade, de especialista; ele, agora, divide este espaço com blogueiros, com analistas, com estudiosos, colaboradores. Isso faz com que uma pesquisa sobre este mapeamento levasse em conta os sites de cultura.

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