Falas sobre as potencialidades dos estudos do cérebro humano marcam o primeiro dia do EITCCC
25/06/2014 14h30 - última modificação 25/09/2014 13h20
Texto e fotos: Roberto Bueno Mendes
O cérebro e a maneira como este funciona são o que une a todos os seres humanos, apesar das diferenças existentes de linguagem e de vida social de cada grupo. Esta foi a ideia principal da conferência de abertura “Cérebro Humano e o entendimento universal e globalizante da comunicação” realizada pelo professor Eduardo Neiva, da University of Alabama at Birmingham, realizada nesta quinta-feira, dia 22 de maio, no I Encontro Internacional de Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva (EITCCC).
O encontro é realizado pelo grupo de pesquisa Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva (TECCCOG), liderado pelo pesquisador Walter Teixeira Lima, ligado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (POSCOM), no Campus Rudge Ramos. Os temas abordados são relacionados as três ideias existentes tanto no nome do Encontro quanto no nome do grupo de pesquisa: a interação entre as tecnologias e a comunicação e como esta influencia o e é influenciada pelo cérebro.
Após esta conferência, ocorreu o primeiro painel do Encontro, intitulado, “Modelos Cognitivos e Filosofia da Mente”. Nele, ocorreu a apresentação do trabalho “Sei que você sabe que eu sei: as outras mentes e a comunicação” do professor da Metodista, Diego Franco e do trabalho do engenheiro elétrico, músico formado e mestre em ciência da computação, Danillo Bellini, “Modelos Cognitivos e Biológicos da Audição com a Audiolazy”.
“Estrutura do cérebro humano” e “potências”
Em sua conferência de abertura, professor Eduardo Neiva, do Departamento de Estudos de Comunicação, daquela universidade estadunidense, abordou questões como o problema dos estudos de Comunicação de importar modelos da Antropologia. Outro problema levantado por ele é o de separar as dimensões culturais e biológicas do ser humano.
“Há uma tradição de singularizar e separar as dimensões da comunicação. Isso nunca me agradou, porque há uma conexão imensa na vida. Eu tinha essa intuição nos anos 80, porque não pode existir uma ordem biológica e uma ordem humana diferentes. A menos que você acredite que nós temos espíritos de anjos e não é verdade. Nós temos uma dimensão animal, biológica e etc”, explicou Neiva.
O professor também explicou que se pode considerar a Comunicação como a principal impulsionadora da evolução, tanto humana, quanto animal. E esta ideia que norteou a sua fala durante a Conferência está em seu livro, escrito em conjunto com James Lull e publicado em 2012, “Language of Life: How Communication Drives Human Evolution”.
Por causa deste papel da Comunicação na evolução, podemos considerar que essa área se “relaciona com tudo que há na vida”. Porque, segundo explicou Neiva, exerce um papel central, como “uma espécie de rainha” das disciplinas, porque tudo passa por ela, como, por exemplo, as transformações sociais e as inovações tecnológicas.
Ele continuou sua fala explicando que o ser humano está divido em grupo: “nós estamos separados, masesta separação não tem nenhum motivo de ser. Por quê? Onde a gente deve buscar a unidade das coisas – e eu venho pensando nisso há muito tempo: eu acho que nós devemos procurar na estrutura do cérebro humano.”
Ele aprofundou a explicação dizendo que os estudos do cérebro e da cognição são importantes, apesar de o mundo estar mudando constantemente, porque, apesar da existência das diferenças, elas se encontram no órgão humano. Disse Neiva que “ver é fundamentalmente interpretar. O que mostra algo interessantíssimo. O que o cérebro humano faz? Ele constrói mundos. Mas ele constrói um mundo que não é o mundo real. Ele constrói mundos possíveis”.
O painel começou com a apresentação do trabalho do professor Diego Franco Gonçalves. O objetivo do seu trabalho é escrever uma definição de Comunicação. Para isso, Franco se utiliza da Filosofia e o Teoria das Outras Mentes. Para enfrentar este desafio proposto por ele mesmo, ele divide a Comunicação entre dois modelos de ideias: a telepatia e o solipsismo. O primeiro é a ideia matemática da Comunicação: da codificação e decodificação e os problemas que surgem são ruídos de comunicação entre duas pessoas.
E o segundo modelo é a ideia de se levar em conta só a experiência, ou seja, a prática da comunicação. O professor explica que ao pensar sobre como a comunicação funciona, deve-se levar em conta as potencialidades humanas e como o ser humano atribui a objetos inanimados e aos seres vivos “crenças e desejos” e isso é um instinto natural dele.
A definição a que Franco chegou até agora foi a de que a Comunicação é a inter-atualização entre potências estéticas e potências poéticas de seres humanos.
Fechando a primeira amanhã de atividades, a palestra de Danillo Bellini, da Universidade de São Paulo (USP) mostrou como os estudos sobre percepção auditiva e a reprodução dessa percepção em computadores pode fazer com que evoluamos no entendimento de como o nosso cérebro identifica os sons e os seus diferentes aspectos.