Espetáculo de alunos-professores do PARFOR aponta exclusão secular de minorias
12/06/2017 16h02
Desde a Roma antiga, pelo menos, a sociedade se divide em castas e quase nunca esse bloqueio foi furado ao longo da história da civilização. Minorias – e também maiorias numéricas, mas sem capacidade de deliberar – foram continuamente subjugadas pelos detentores de poder. No Brasil, o quadro de exclusões recebeu tintas mais fortes com a escravidão. A partir da submissão dos negros, esse cordão só foi aumentando: índios dizimados, mulheres violentadas nos direitos, intolerância com a questão de gênero, preconceito contra nordestinos, inferiorização do trabalhador pelo neoliberalismo, além de, contemporaneamente, “no País das leniências, só premiarem o ladrão”, em referência à Operação Lava-Jato que desvenda uma rede interminável de corrupção com recursos públicos.
Foi com esse roteiro de protestos que professoras-alunas do 6° período do curso de Pedagogia/PARFOR encenaram o espetáculo "Escovando a História a Contrapelo". O evento encerrou a XVII Mostra de Produção Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, que no primeiro semestre deste ano promoveu debates e trabalhos acadêmicos em torno do tema "Novos Rumos no Brasil? O Que Dizem as Reformas na Educação”, sobre as reformas do Ensino Médio e discussões em torno da Base Nacional Comum Curricular.
A intervenção artística ocorreu na noite de 9 de junho no Salão Nobre e lançou mão de poesias, música, danças e interpretação produzidos pelas próprias professoras-alunas do 6º período do curso de Pedagogia-PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica). A direção foi do professor Marcos Roberto Lemes, arte-educador do Núcleo de Formação Cidadã e do Núcleo de Arte e Cultura, que compôs cenário com o mapa mundi invertido e figurinos característicos.
Segundo o coordenador do curso de Pedagogia/PARFOR, professor Edson Fasano, a intenção foi problematizar o currículo escolar e valorizar a prática pedagógica contra-hegemônica. “O espetáculo foi construído a partir das reflexões realizadas no 1º semestre letivo, cujas temáticas voltaram-se às metodologias de ensino e teorias curriculares”, definiu, reforçado pela professora Roseli Fischmann, coordenadora-geral do PARFOR-Metodista e do Programa de Pós-Graduação em Educação: “É uma troca muito rica, pois esses educadores trazem para a universidade a experiência real em suas escolas e nós aprendemos muito com eles”.
O PARFOR foi criado em 2.009 pelo Ministério da Educação com objetivo de qualificar professores das redes públicas de Estados e municípios que não possuem curso superior ou que lecionam em área diferente da sua formação. Abrange tanto a primeira quanto a segunda licenciatura com bolsas oferecidas pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que repassa recursos para Instituições de Ensino Superior responsáveis pela formação, supervisão de estágios e certificação. A Metodista aderiu ao programa como parte integrante de seu compromisso com a educação e construção da cidadania. “Temos essa responsabilidade social de garantir um núcleo duro de licenciaturas porque é nossa missão possibilitar essa ressonância na sociedade”, afirmou professor Nicanor Lopes, diretor da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades.
Reformas na educação
Em sua 17ª edição, a Mostra de Produção Acadêmica do PPGE tomou como pauta o tema "Novos Rumos no Brasil? O Que Dizem as Reformas na Educação” e desenvolveu diversas atividades. O início ocorreu em 30 de maio de 2017, apresentando a videoconferência “As tecnologias digitais, a BNCC e o desafio da formação do professor na contemporaneidade”, com o Prof. Dr. Simão Pedro P. Marinho, coordenador do PPGE da PUC-Minas Gerais e membro do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, entre outras titulações. Seguiram-se mesas redondas, apresentações de comunicações orais e painéis referentes às pesquisas de mestrandos e doutorandos.
Como parte dos trabalhos do PPGE, a Mostra do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) ganhou destaque especial. Compondo os projetos do PPGE vinculados à CAPES/DEB, com ação junto às escolas públicas do Grande ABC, o PARFOR-Metodista também foi integrado à 17ª edição da Mostra do PPGE. Além do espetáculo cênico apresentado pelo 6º período de Pedagogia na noite de 9 de junho, em 3 de junho, ao longo de todo o dia, foram apresentados trabalhos integrados de conclusão do semestre pelos professores-alunos do 3º período do curso Pedagogia/PARFOR. A iniciativa antecipa os 18 anos do PPGE a serem comemorados em agosto de 2017.
Veja imagens do espetáculo "Escovando a História a Contrapelo":