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Três olhares sobre a participação popular

A parte noturna do evento teve como tema “a participação popular e a construção de um diálogo com a gestão”. A mesa foi composta por pessoas contando suas experiências em Joanópolis (interior de São Paulo), Diadema e na favela de Heliópolis.

Neide Rodrigues, secretária de Cultura de Joanópolis, pontuou a realidade do município. As peculiaridades foram enfatizadas, como por exemplo, a condição de Estância turística – apesar de não haver decretos que regulamentam o patrimônio natural – estar localizada em uma microbacia, a do Jaguari-Jacareí e Piracicaba, Juqueriá Mirim, e preservar 13% de mata nativa.

A participação da população na vida política é marcada pela simplicidade, já que o número de habitantes na zona urbana gira em torno de cinco mil. Além disso, existem mecanismos que garantam essa participação como a tribuna livre, local na Câmara dos vereadores que escuta as demandas da população.

A realidade de Diadema se contrapõe à placidez de Joanópolis. Em sua exposição, Arquimedes Andrade, secretário de Comunicação da cidade, mostrou que a participação e a luta por políticas eficientes são características do morador de Diadema. A rápida industrialização da região, a influência do movimento operário na década de 80 e a luta pela urbanização das favelas criaram uma cultura de participação popular.

Para Arquimedes, só se constrói uma democracia participativa quando se tem uma democracia direta plena. Entretanto, existem riscos: um poder público que levanta a bandeira da participação pode cooptar as lideranças populares abafando a pluralidade dos movimentos.

A esperança de um modelo econômico e social mais justo foi o tom da intervenção dos membros da Unas (União de núcleos, associações e sociedades de moradores) de Heliópolis, maior favela da cidade de São Paulo. Apesar de não atingir todos os moradores, a trajetória da Unas é exemplar de como a ausência do poder público pode criar necessidades de organização da sociedade civil em torno da melhora da qualidade de vida.

A coordenação da mesa ficou por conta da professora Dagmar Silva Pinto de Castro, coordenadora da Cátedra. A intervenção destas três realidades abre caminhos para o debate e produção de conhecimento na Cátedra Celso Daniel.

(Ana Mesquita)

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