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A relação entre homem e modo de produção do sistema capitalista.

Aparecida de Cássia Ribeiro; Bruno Tavares; Claudionor Ferreira de Aguiar; Luís Cláudio Gomes Oliveira; Marilene Zucatelli; Tereza Izabel Negrão; Thiago Bueno Bela Perez; Vanda Tomé. Alunos do Curso de Filosofia da UMESP.

Nossa sociedade tem vivenciado uma série de problemas que envolvem o nosso modo de nos relacionarmos com a natureza no processo de produção, colocando em questão o conceito de natureza, o qual nos remete, pelo nosso modo de vida em sociedade, em contradição com nossas sensações, pensamentos e ações.

Portanto pensar a natureza hoje e a forma como o homem interage com ela no contexto do modo de produção capitalista, nos remete ao passado em que acompanham a humanidade na busca do conhecimento e do entendimento acerca da terra e do universo, desde os antigos filósofos gregos até os dias atuais.

Com Platão e Aristóteles já havia um certo privilegiamento do homem e das idéias e certo desprezo por determinados elementos que se convencionou denomina-los como parte da natureza (pedras, plantas, etc...).

O cristianismo assimilou a visão Platônico-Aristotélico (separação entre o espírito e a matéria) e com René Descartes, essa oposição homem-natureza se completa, a qual atribuiu um caráter pragmático a este conhecimento: " Vê a natureza como recuso".

A visão antropocêntrica coloca o homem no centro do universo, em oposição à natureza, juntando-se ao pragmatismo do pensamento cartesiano vinculando-se ao mercantilismo do período feudal, mas ainda conserva traços da herança medieval (a separação entre espírito e matéria).

O movimento filosófico iluminista do século VXIII, se encarrega de apagar a visão medieval com o começo das transformações que começam a surgir de modo geral, e o mundo passou a ser compreendido a partir do real, do concreto e não mais de dogmas religiosos.

Surge então uma concepção de dualismo que envolve a natureza, quando o homem já se sente de certo modo em contradição com a nostalgia do antigo e o progresso da civilização. "O estado de felicidade do homem num ambiente protetor situa-se ao lado do 'estado de natureza', enquanto que a infelicidade está ao lado das civilizações" ,pensa Rousseau (Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens)

Em oposição ao pensamento de Rousseau, Francis Bacon ( século VXII), concebia a natureza como algo exterior à sociedade humana, pressupondo uma separação entre natureza e a sociedade, a relação entre ambas sendo mecânica, ou seja, o homem exercia seu domínio sobre a natureza através das artes mecânicas.

Com o desenvolvimento do capitalismo, e mais precisamente com o surgimento da industrialização, essas idéias acabaram se fortalecendo, e com o desenvolvimento da ciência e da técnica, a natureza passou a ser concebida cada vez mais como objeto a ser possuído e dominado; aos olhos da ciência, essa natureza foi subdividida em física, química, biologia e o homem em economia, antropologia, história, etc.

Para Karl Marx (século XIX), é preciso buscar a unidade entre natureza e história, ou entre natureza e sociedade, pois a natureza não pode ser concebida como algo exterior à sociedade, visto que esta relação é um produto histórico.

A perda da identidade orgânica do homem com a natureza , que se dá a partir do capitalismo, pois se torna escravo do sistema, gera a contradição e que, na contradição, gera a perda da identificação do homem com a natureza e conseqüentemente da sua autonomia de ser, submetendo-se à força do trabalho e os meio de produção e aos seus desígnios, impulsionando a utilização mecânica de seus recursos naturais e colocando-o numa espécie de subordinação à lógica capitalista, ou seja, a perda do domínio sobre as técnicas agrícolas e a compreensão dos processos naturais, distanciando-o assim da natureza a da sua autonomia.

O homem perde então em certo sentido sua liberdade, já que os meios de produção não se encontram mais a seu alcance, e a única coisa que lhe sobra é vender sua mão-de-obra para esse sistema que lhe controla, esse homem perde sua identidade e essa lógica do capitalismo pressupõe grandes contradições e desigualdades. Uma dessas contradições é a própria corrupção que existe dentro dele, esse problema já se tornou macroeconômico, já que afeta a saúde financeira do país e cria dificuldades adicionais ao financiamento de políticas públicas voltadas para as áreas sociais, fazendo com que esse sistema aniquile com o social e permita uma forte individualização e centralização do poder, isso gera grandes desigualdades não só físicas mas também desigualdades morais, porque dependem de uma espécie de convenção que é estabelecida, ou pelo menos autorizada, por esses homens, que consiste em privilégios desses em prejuízo de outros.

Nesse sentido deveria haver uma reformulação profunda da sociedade contemporânea sobre a estrutura de organização capitalista, no que se faria necessário uma verdadeira "revolução cultural", ou seja, em repensar sobre o modo como é gerida a natureza, o modo de produção e de consumo, os meios de produção e o modo de vida, no sentido de reaproximar o homem da natureza, "talvez",com uma expansão de consciência coletiva, sobre o estilo de desenvolvimento internacionalizado, que se revela como modelo de desenvolvimento predatório e socialmente injusto, manifestado principalmente nos processos de modernização, urbanização e de exploração desenfreada dos recursos naturais da nossa sociedade.

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