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Seminário "ABC do Diálogo e do Desenvolvimento" debate propostas anticrise

14/05/2009 08h57 - última modificação 21/05/2009 09h20

Agência do Grande ABC, juntamente com outras instituições da região, promoverá o seminário “O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento”, que buscará ações rápidas contra a crise econômica internacional.

Dilma vem ao Grande ABC discutir crise financeira

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, confirmou presença no seminário O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento, que vai discutir, nos dias 11 e 12 de março, propostas para enfrentar a crise econômica e alternativas para a proteção ao emprego. O foco do evento estará dirigido especialmente para aqueles setores que formam a base da economia do Grande ABC.

As discussões contarão com a participação de vários integrantes da sociedade civil da região, incluindo prefeitos, secretários estaduais e municipais. O governador de São Paulo, José Serra, foi convidado.

No auditório do Cenforpe (Centro de Formação dos Profissionais da Educação), em São Bernardo, onde será realizado o seminário, o objetivo é formular propostas para atender as demandas dos que sofrem os efeitos da crise, entre eles as empresas.

O intuito é reunir entidades e governos que podem, de alguma forma, oferecer soluções e alternativas para a proteção ao emprego dos trabalhadores da região.

O representante da área econômica do governo federal no evento será Nelson Henrique Barbosa Filho, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que tem como cacife ser um dos principais formuladores de política econômica do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Tanto a ministra-chefe da Casa Civil como o secretário de Política Econômica do governo federal prometem que não se utilizaram do seminário como palanque político como, aliás, a ministra vem sendo acusada ao percorrer o País para explicar as ações do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, um dos organizadores do evento, a participação do primeiro escalão do governo federal no seminário "confirma compromisso assumido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião com Sérgio Nobre, presidente do sindicato, no Palácio do Planalto".

Na ocasião, o dirigente sindical do ABC disse ao presidente Lula que apenas uma ação coordenada de todos os setores envolvidos e atingidos pela crise econômica mundial- trabalhadores, empresários e poder público - poderia produzir alternativas para enfrentar o problema e garantir a retomada do crescimento do País. (mais informações abaixo).

Mesas - Além de outras ações que serão formuladas durante o seminário quatro temas principais serão discutidos: a viabilização do crédito para a região; o acesso a mercados e potencialidades para tal; alternativas para o enfrentamento do desemprego na região; e as relações e condições de trabalho.

Ao final do evento, será firmada uma Carta em Defesa do Emprego. Mais do que promessas, os organizadores garantem que o documento trará decisões e não apenas diagnósticos da crise.

'Este não é um seminário para diagnóstico'

Entre os organizadores do seminário O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento está o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Representado por Sérgio Nobre, presidente da organização, o sindicato é apontado como o motivador do encontro.

"Esse evento saiu de uma ida minha a Brasília, onde falei para o presidente Lula que faltava uma ação coordenada entre os principais personagens da crise", explica Nobre. Para ele, as interpretações iniciais da crise acabaram colocando empresariado, governo e trabalhadores em oposição. Para isso, a ideia do evento é trabalhar uma "agenda positiva" para evitar o "caminho do desastre", segundo o sindicalista.

Entre os temas a serem discutidos estão o acesso ao crédito e as iniciativas de fomento à exportação. "Também vamos falar sobre emprego, que é um tema fundamental. Discutiremos como manter os empregos e o que fazer com quem já foi demitido", lembra.

Entre as presenças ilustres, Nobre destaca que ainda luta pela presença do governador do Estado, José Serra. "A participação dele é fundamental, afinal somos um Estado de grande participação econômica no País." A participação de elementos tanto da esfera pública, quanto do empresariado e do setor sindical garante, segundo o sindicalista, a multiplicidade de visões sobre o cenário em questão. "Cada um tem avaliações muito diferenciadas da economia." Desse encontro, Nobre promete medidas efetivas. "Esse não será um seminário de diagnósticos, mas de anúncios. Queremos divulgar medidas e iniciativas a partir desse debate."

A experiência positiva vivida na crise que permeou a década de 1990, permitiu que o sindicalista trabalhasse dentro do mesmo formato, dada a importância do Grande ABC para a economia nacional. "Não estamos inventando a roda. O debate entre os setores é o caminho histórico para solução de crises", ressalta.

Apesar da presença dos sete prefeitos das cidades da região, da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, dos líderes empresariais e dos movimentos sindicais, que serão representados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, Nobre garante que a discussão não tomará cunho político em detrimento ao econômico. "As reuniões preparatórias têm sido produtivas. Estão todos empenhados na discussão da crise. O Grande ABC é experiente em diálogos."

Debate para busca de soluções é benvindo, diz Ciesp

Em um momento de crise econômica como o atual, a iniciativa de reunir representantes de empresas, trabalhadores e de governos para apresentar sugestões e buscar saídas é muito benvinda, avalia o diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato.

Segundo o dirigente, ainda há um represamento do crédito. Ele afirma que é preciso que os recursos liberados pelos bancos públicos para capital de giro das indústrias e o destinado a financiar as compras a prazo dos consumidores cheguem de fato às empresas e à população.

Outro instrumento que, na sua avaliação, deveria ser tomado pelos governos seria a postergação do prazo de pagamento de impostos. "Se vendemos para receber em 30 ou 60 dias, por que não pagar o imposto em 30 a 60 dias e poder dispor desse dinheiro de imediato como capital de giro", disse.

O diretor do Ciesp lembra que algumas medidas já foram tomadas nessa direção, "mas ainda de forma tímida". O governo já havia adiado, no fim do ano passado, em dez dias o prazo do recolhimento do IPI e do INSS das empresas.

Agência de Desenvolvimento do Grande ABC apoia iniciativa

A Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC apóia o seminário que será realizado na região nos dias 11 e 12. Para o secretário executivo da entidade, Fausto Cestari Filho, o evento permitirá a reflexão de representantes do empresariado, de trabalhadores e dos governos para a implantação de “soluções criativas”, que enfrentem os problemas da economia regional.

Cestari Filho considera necessário envolver as esferas federal, estadual e municipal na busca de respostas mais rápidas para amenizar os efeitos da crise financeira internacional no Grande ABC. “É preciso consultar os setores mais atingidos para a preservação das empresas, e isso significa mexer na política de crédito, na política tributária e nas relações do capital e trabalho”, afirma.

O dirigente cita que as turbulências financeiras globais afetaram principalmente os setores crédito-dependentes, entre os quais o automotivo, de máquinas e equipamentos e da construção civil. Dentro da cadeia produtiva de veículos, ele avalia que muitas pequenas se descapitalizaram, fizeram dispensas e correm o risco de insolvência.

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