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Economista vem ao ABCD para falar sobre alternativas à crise

14/05/2009 08h57 - última modificação 21/05/2009 09h20

Ignacy Sachs defende criação de PAC municipal para estimular a economia.

O professor Ignacy Sachs conhece o ABCD desde os anos 1940, quando saia da Capital para pescar na represa Billings. Atualmente, esse economista polonês naturalizado francês é diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo da École de Hautes Études em Sciences Sociales (Escolas de Altos Estudos em Ciência Social). É um dos primeiros a trabalhar com o conceito de desenvolvimento sustável e falava sobre meio ambiente quando quase todo mundo defendia a industrialização desenfreada. Sachs esteve em São Bernardo dia 3, a convite da Prefeitura de São Bernardo onde fez palestra defendendo a criação de um PAC (Plano de Aceleração do Desenvolvimento) municipal, uma expressão local das medidas implementadas pelo governo Lula para dinamizar a economia.

Sachs é um desenvolvimentista, categoria de economista que estava no purgatório das discussões acadêmicas e da mídia enquanto durou o reinado das teorias neoliberais. Com a crise financeira internacional, passou a ser mais procurado para falar sobre suas propostas. Dia 3, no gabinete do secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Jefferson Conceição, esse professor de 82 anos se mostrou preocupado em discutir alternativas para o ABCD. Sachs quer ir além da política do microcrédito, que atende autônomos e microempresários que têm um rápido giro de capital para defender um programa claro de crédito para pequenas e médias empresas, além de empreendimento de economia solidária.

A idéia do PAC municipal tem a capacidade de gerar empregos de forma efetiva na Região. “O PAC nacional abre muitas possibilidades para o PAC local”, ressalta Sachs, procupado com a viabilização dos recursos federais para obras selecionadas pelo próprio município.

Oportunidade – “Agora dá para construir uma política não apenas para zerar os prejuízos, mas aproveitar a crise”, destaca o economista polonês, que fugiu da Segunda Guerra Mundial para fazer o curso de economia no Brasil. Sachs tem muito claro o que são as janelas de oportunidade que a economia oferece para o crescimento. Lembrando uma das teses do economista chileno Oswaldo Sunkel, Ignacy Sachs fala da teoria do “Desenvolvimento desde adentro”, que rejeita as teses clássicas e valoriza um desenvolvimento autônomo.

“Temos que partir daquilo que temos e construir relações seletivas. Esse modelo vai ser dominante em países como o Brasil, que tem uma extraordinária biodiversidade , recursos hídricos abundantes, uma pesquisa científica biológica de classe internacional que uma mão-de-obra que aprende muito depressa”, destaca Schas.

Bancos públicos - O economista também considera importante que o Brasil tenha preservado seus bancos públicos e dado a essas instituições um papel chave na implementação de políticas anti-cíclicas, isto é, políticas que coloquem o País no sentido inverso ao da crise internacional, com estímulos efetivos ao desenvolvimento. “Vocês têm um sistema financeiro privado livre da crise e um sistema financeiro público forte, com bancos como o BNDES (Banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Caixa Econômica Federal, Branco do Brasil e Banco do Nordeste. Nesse momento, esse setor possibilita políticas sociais de impacto”, afirma o economista.

“Não quero ser taxado de ufanista, mas há razões para dizer que o Brasil tem condições de sair dessa crise por cima. O fator mais importante foi a recomposição do poder de compra do salário mínimo”, afirma Ignacy Sachs. Outros elementos levantados pelo professor e que estimularam o fortalecimento de um mercado consumidor interno, pedra de toque dos economistas da escola desenvolvimentista, são a criação da aposentadoria rural a partir da Constituição de 1988 e programas sociais como bolsa-família. “Isso tudo gera uma demanda preponderante de consumo, por uma parte de um setor da população que não estava participando desse consumo”, analisa Sachs

UFABC - Outro elemento desenvolvimento pelo governo federal no ABCD que Sachs destaca é a criação da UFABC (Universidade Federal do ABC). “Com a criação da UFABC, vocês vão ter uma parceria importante.

Mas nem tudo é puro entusiasmo. Ignacy Sachs alerta para as desigualdades sociais e os danos ao meio ambiente, uma preocupação constante em suas apresentações. “É um momento difícil. Há problemas dos percalços da desigualdade. Temos que atacar essa desigualdade e as mudanças climáticas que, se não forem levadas em conta dentro de um período curto, ameaçam com modificações irreversíveis”.

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