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1° de Maio: Momento para trabalhador refletir

14/05/2009 08h57 - última modificação 21/05/2009 09h20

O 1º de Maio de 2009 será diferente. Será o primeiro Dia do Trabalho após o início da crise capitalista que afetou os países desenvolvidos e, por conseqüência, as nações em desenvolvimento, como o Brasil. Este 1º de Maio, na opinião de dirigentes sindicais, será um momento para reflexão. Não será uma data somente para reivindicações ou tão pouco para comemorações. "Será uma data para que o trabalhador reflita sobre o modelo de desenvolvimento que queremos para o País e para o mundo", afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre.

Para o dirigente sindical, o verdadeiro sentido deste 1º de Maio é questionar se o trabalhador está construindo de fato uma sociedade mais justa. "Desde o início das indústrias na Inglaterra, já se sabia que as condições de trabalho eram muitos ruins. Então, se por um lado o trabalhador visa melhorar o salário, levar a democracia para o interior da fábrica, ele também tem outro objetivo histórico, que é construir uma sociedade mais justa e equilibrada", afirma.

De acordo com Nobre, não se pode ver a crise somente pelo lado ruim, pois a situação também abre oportunidade para reflexão. "Temos de melhorar nossa qualidade de vida, mas precisamos construir um outro modelo de desenvolvimento. A crise é uma grande oportunidade para pensar que tipo de mundo estamos construindo para nossos filhos, para nossos netos."

Tempos diferentes - Nas últimas décadas, a luta dos trabalhadores brasileiros respondeu a diferentes momentos. Entre meados dos anos 1970 até meados dos anos 1980, o grande desafio do movimento operário era a conquista da democracia. Tanto no interior da fábrica, buscando o direito de negociar, de ser recebido pelo empresário, o que não ocorria, quanto na sociedade, brigando pelo direito de votar, de escolher desde o vereador de sua cidade até o presidente da República. As imagens feitas nas grandes mobilizações no período mostram faixas que, além de pedir reajuste salarial, reivindica democracia, anistia e o direito de votar.

De meados da década de 1980 até o fim dos anos 1990 houve a abertura da economia brasileira para os importados, o que abalou as estruturas das indústrias brasileiras e ameaçou de forma dura os empregos, inclusive no ABCD. A estagnação da economia provocou um canibalismo interno, com governadores de outros Estados oferecendo vantagens para que empresas se mudassem de São Paulo e da Região. Neste período, o centro das reivindicações era a questão do emprego.

A partir dos anos 2000, o Brasil começou a apresentar crescimento econômico consecutivo. No momento, mesmo com a crise mundial, indicadores demonstram retomada da produção. Caso o crescimento continue nos próximos anos, a agenda do movimento sindical é outra. De acordo com Sérgio Nobre, a luta será para melhorar a qualidade de vida do trabalhador também do lado de fora da fábrica. "Não adianta ele estar bem dentro da fábrica, ter um salário razoável, ter condições de trabalho, se quando sai e vai para o bairro onde vive com a família tem a vida ameaçada pela violência, não tem saneamento básico, e se a escola e o transporte não funcionam. Se o País vive um momento de anos consecutivos de crescimento, cria condições para que o sindicato interfira mais em temas como saúde, educação, transporte. Acho que é um novo período."

Competência - O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino, o Martinha, também acredita que o 1º de Maio de 2009 é um momento para o trabalhador refletir. "Não podemos comemorar nem só reivindicar. É um momento de reflexão do ponto de vista de mostrar que a classe trabalhadora tem competência. Temos um operário na presidência da República, que mostrou que dá certo. Cada trabalhador hoje tem uma responsabilidade maior de fazer o Brasil dar certo", justifica.

Para Martinha, esse Dia do Trabalho chega num momento diferente do que ocorreu nas últimas décadas. "Entre os anos 1970 e 1990, tínhamos um confronto com o capitalismo, a relação capital e trabalho. Mas neste 1º de Maio instala-se uma situação nova que a gente não estava acostumado a ver. Essa crise, chamada internacional, dá um desfecho diferente para a reflexão do trabalhador brasileiro. É um choque de gestão capitalista e um momento histórico para nós trabalhadores, enquanto organização sindical. É preciso mostrar essa contradição da sociedade capitalista e que existe alternativa", conclui.

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