Ensino a Distância exige criatividade e vocação digital de docentes para engajar alunos

Diferentes expectativas de alunos do ensino superior e do ensino médio pautam desafios para EAD efetivar-se, debate 15º Seminário ABED

31/05/2019 14h45 - última modificação 03/06/2019 15h57

Diferentes expectativas de alunos do ensino superior e do ensino médio pautam desafios para EAD efetivar-se, debate 15º Seminário ABED

O Ensino a Distância é um mundo de oportunidades para o avanço da educação no Brasil, assim como apresenta um sem fim de desafios no que diz respeito à implementação e efetiva contribuição para o sucesso do processo ensino- aprendizagem. Em torno destas discussões, profissionais e gestores de educação encerraram o 15º Seminário Nacional de Educação a Distância da ABED, associação brasileira do setor, que ocorreu em 28 e 29 de maio na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).

No nível superior, o EaD tem mercado consolidado e já representa 21,7% dos estudantes de graduação e pós-graduação. Porém, segundo especialistas, para manter este público o desafio está em renovar as técnicas de ensino, fazendo uso de metodologia ativa, pela qual o aluno também seja protagonista do processo de aprendizagem.

“A educação é uma das áreas mais resistentes à tecnologia e no ensino superior esta característica é ainda maior”, avalia Josiane Maria de Freitas Tonelotto, superintendente Acadêmica do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Para ela, é preciso rever o modelo predominantemente conteudista de aula e criar mais oportunidades de engajamento do aluno por meio de melhor dinâmica educacional.

Segundo a educadora, este desafio passará, inevitavelmente, pela quebra de barreiras entre professor e tecnologia. “O professor não será substituído pela tecnologia, mas pelo professor que melhor dominá-la em favor do ensino”, diz.

Para o reitor da Umesp, Paulo Borges Campos Junior, nos dois dias de evento foi possível confirmar a riqueza do EaD como modalidade educacional inclusiva e que permite às instituições de ensino oferecer educação de qualidade, sem limites geográficos. “Fazemos parte da vanguarda do EaD, com oferta de cursos pelas plataformas digitais desde 2005 para o latu sensu e desde 2006, para a graduação. Hoje, já não discutimos mais as diferenças entre ensino a distância ou presencial, nosso foco de atenção é a qualidade na educação, independente do formato”, diz Paulo Borges.

EaD e Educação Básica

Alvo de divergências no ambiente docente, o EaD para alunos da Educação Básica a partir do Ensino Médio tem o conteúdo limitado em 20% da grade, conforme homologação do Ministério da Educação em 2018. No entanto, a consultora em Inovação em Contextos Educacionais e coordenadora do censo ABED, Betina von Staa, fez importantes reflexões sobre a prática deste modelo de ensino. Segundo ela, barreiras peculiares ao EaD precisam ser consideradas quando se deseja atender com eficácia o estudante adolescente.

O primeiro questionamento de Betina diz respeito ao acesso do aluno a computador na própria casa. O segundo ponto, essencial para o sucesso do processo de aprendizado, é quanto ao ambiente no qual vive o adolescente, avaliando se é adequado para que haja concentração no estudo.

“Como educadores, precisamos lembrar que nesta fase da vida o aluno ainda está aprendendo a estudar, a desenvolver compreensão de texto e muitos mantêm dependência cognitiva do professor. Nem todos terão condições econômicas de ter um computador para estudo e um ambiente que garanta condições de estudo também é essencial para a prática EaD”, diz Betina.

Outro entrave que a especialista visualiza para a implementação do EaD no Ensino Médio brasileiro refere-se à qualidade irregular do sinal da internet no Brasil. Além disso, Betina pontua que, vencidos os obstáculos operacionais e de infraestrutura, o EaD na Educação Básica não poderá ser apresentado ao aluno no mesmo formato que hoje se opera o ensino superior. Ela sugere mais dinamismo e criatividade para garantir o engajamento do aluno jovem.

“O EaD no ensino superior para muitos significa oportunidade única de estudo. No Ensino Médio a expectativa é de uma ferramenta que possa fazer o aluno aprender melhor, pois, caso contrário, não haverá interesse. Quanto mais imerso no processo tecnológico, mais engajado será o aluno e isso demandará maior preparo do docente para as tecnologias remotas de ensino”, pontua Betina.

Entusiasta do ensino a distância e um dos responsáveis pela primeira experiência em EaD da Universidade de São Paulo (USP), em 2008, o professor Hélio Dias encerrou as apresentações do seminário ABED afirmando que são as atividades experimentais que poderão ampliar o interesse do aluno por aulas remotas. “EaD ainda não é o presente, mas certamente será o futuro. Ainda temos muitos desafios na Educação Básica e não podemos deixar que a culpa do insucesso caia sobre a educação a distância”, alerta Dias.

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Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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