Ensino de jovens e crianças não pode ignorar a vida digital, dizem especialistas no 15º ABED
28/05/2019 20h25 - última modificação 10/06/2019 13h11
Mesa-redonda defende que aulas on-line facilitam aprendizagem de juventude hiperconectada (Fotos Malu Marcoccia)
Como privar alunos da Educação Básica e Ensino Médio das plataformas digitais se 85% dos jovens no Brasil estão conectados, dos quais 90% usam celular para acessar a internet?
Foi lançando essa pergunta com dados do TIC-Kids Online que o gestor educacional Henrique Sartori, da Educação Estácio, chamou a atenção para o novo perfil da humanidade em rede e, no caso de jovens, forjados sob novas competências e sociabilidade digital. Segundo ele, não é possível ignorar que três em cada quatro alunos (76%) usam a internet como fonte de pesquisa para complementar trabalhos didáticos.
“Os detratores da Educação a Distância insistem em excluir crianças e jovens. Só estão contribuindo para mais evasão escolar”, disse o educador, ao falar na mesa redonda EaD no Ensino Médio: O Mito da (des)socialização, durante o 15º Seminário Nacional de Educação a Distância, na Universidade Metodista de São Paulo.
Citando também pesquisa de que 77% dos jovens acessam plataformas de vídeo, ou seja, o ambiente típico de EAD, Henrique Sartori reforçou que 65% das crianças em fase escolar vão trabalhar em profissões que hoje sequer existem, conforme levantamento do último Fórum Econômico Mundial. “Se o currículo escolar e o ambiente de formação não mudarem, vamos ter uma sociedade mais do que atrasada”, alertou.
Youtube x professor
A mesma defesa foi feita pelo consultor educacional Jair dos Santos Júnior. “O mundo hoje é outro. Nos relacionamos em grupos de Whatsapp, pesquisamos tudo no Google e muitos alunos preferem assistir aulas pelo Youtube do que direto com professor”, afirmou.
Segundo Santos Júnior, a escola hoje tem outras funções nas relações sociais e as dos ciclos Básico e Médio não se prepararam tecnologicamente para acompanhar jovens alunos totalmente plugados. “Aprendizagem hoje é interação, com pessoas conversando e se comunicando. O jovem hoje não vê diferença entre falar presencialmente ou via digital”, disse, apontando que o Ensino Médio prosperou mais em países com ensino aplicável.
Ele citou dados da ONG Todos Pela Educação segundo os quais em 2007 somente 27% dos alunos do 5º ano tinham conhecimento adequado de português, saltando para 60% em 2017. Já no Ensino Médio isso não se repete: em 2007 apenas 24,9% dos alunos do 3º ano dominavam o português e, 10 anos depois, só 4%. Santos Júnior aposta na nova regulamentação segundo a qual o EM passa de 800 para 1400 horas, ou até 7 horas por dia, 5h40 presenciais e o restante com EAD. “Não é só colocar o jovem para assistir vídeos, mas fazer a interação valer a pena”.
Dizendo que o tema da mesa redonda era realmente um mito, isto é, Educação a Distância não reduz a socialização de crianças e jovens, o executivo do Claretiano, Evandro Luis Ribeiro, mostrou a forte adesão de sua rede ao mundo digital, numa proporção de até 80% de uso da internet como aliada da aprendizagem, como já atestou o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic-Unesco).
Evandro expôs que o Ambiente Virtual de Aprendizagem chegou por acaso ao Claretiano, durante a epidemia de H1N1 de 2009, quando as aulas ficaram suspensas durante 12 dias no Estado de São Paulo. “Enxergamos nas aulas on-line uma forma de dar continuidade ao conteúdo do professor em sala. Desde então, não paramos mais. Temos um app só para os pais”, descreveu. Hoje Filosofia, Sociologia e Ensino Religioso são totalmente EAD e todas as demais disciplinas são complementadas a distância.
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Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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