Exposição “Narrativa Fotográfica” estimula interpretação crítica da realidade
02/06/2017 15h45 - última modificação 05/06/2017 10h11
Entre os dias 25 e 31 de maio, alunos de disciplinas eletivas da Universidade Metodista de São Paulo tiveram suas fotos expostas no campus Rudge Ramos. A mostra “Narrativa Fotográfica” foi proposta pelo Núcleo de Formação Cidadã (NFC) e propunha estimular a reflexão dos alunos em temas como diversidade e valorização da vida.
O professor Wesley Fajardo Pereira, que dá aulas de Filosofia no módulo "Ética e Cidadania: o uso social da imagem e da música", ressalta a importância da atividade para o desenvolvimento dos alunos. Ele explica que estudantes foram estimulados a fotografar as diversas maneiras como a realidade pode ser interpretada, especialmente sobre questões sócio-políticas e ideológicas.
“O conteúdo de filosofia e de fotografia contribuiu no aprofundamento da visão crítica dos alunos em relação ao uso das fotos e das imagens e sua interpretação da realidade, ou seja, buscou-se um desenvolvimento argumentativo lógico-visual que fizesse o aluno deixar o senso comum e adentrasse numa leitura crítica dos temas mencionados”, enfatiza.
Experiências transformadoras
Para Carolina Helena Vilela, de 19 anos, aluna do 3° Semestre de Jornalismo, o projeto desenvolveu capacidades profissionais e humanas. “Me ajudou a ouvir mais as pessoas, compartilhar experiências com aqueles idosos, me ajudou a perceber que muitas vezes para uma pessoa se sentir importante, ela só precisa ser ouvida”, declara a aluna.
A estudante visitou um asilo de São Bernardo do Campo para conversar com os idosos e tirar fotos. “Foi a atividade mais gratificante que a universidade me forneceu até agora, que foi a de contar histórias de pessoas tidas como ‘invisíveis’, ouvir os ensinamentos de vida daqueles que já percorreram um longo caminho”, conclui.
“Foi uma experiência marcante, que nos faz/fez perceber o quão importante é prestar atenção nos pequenos detalhes, valorizar o mínimo e não se importar com o que já passou. Muitas das histórias eram tristes, mas, em seus desfechos, resultavam em idosos corajosos, felizes e experientes”, completa Millena de Morais, 19, aluna da mesma turma.
Millena explica que o projeto foi feito com referência no trabalho do fotógrafo Mehmet Genç “que, somente com palavras doces e elogios, provoca reações de alegria em mulheres humildes, sem muitos cuidados pessoais” e no livro "O que vale a pena... A sabedoria de quem realmente tem algo a dizer", por Wendy Lustbader”, indicado pelo professor Victor Hugo Bigoli.
Outros alunos trabalharam com personagens diferentes que também vivenciam situações difíceis de vulnerabilidade social. Julia Paulino Natulini, 19 anos, buscou mostrar a realidade de imigrantes haitianos no Brasil que são vistos como intrusos pela sociedade, mas apenas buscam melhores condições de vida. “Sony, formado em Engenharia Civil, não consegue exercer o cargo aqui, pois o diploma não é reconhecido. Além disso, os imigrantes possuem famílias e aprenderam a lidar com a distância, saudade, e muitas vezes as más condições de vida que os familiares vivem”, relata a estudante.
Apesar das dificuldades, continuam em um movimento de resistência, mantendo elos com a cultura haitiana e sua fé. “Realizam cultos religiosos num espaço alugado e fazem uma reunião na Praça do Cigano, ao lado da estação de trem Utinga da linha 10-Turquesa. Foi possível desenvolver um olhar amplo em relação aos haitianos e conhecer melhor as histórias pouco comentadas nos veículos de comunicação”, finaliza.
Confira fotos dos alunos e da exposição montada: