Discussão sobre violência no ambiente escolar fecha ciclo de debates do Programa Atualizo
06/06/2019 12h30 - última modificação 06/06/2019 16h21
Além de local de aprendizagem, a escola deve ser um ambiente que contribui para a definição de identidades, criação de relações interpessoais, respeito às diferenças e disseminação de valores éticos. Quando deixa de cumprir esse papel, surgem distorções responsáveis por torná-la um espaço coercitivo, que favorece relações assimétricas, bullying e opressão, fatores que podem resultar em atos de violência.
A partir desse pressuposto, os professores Denise Tardeli (Programa de Pós-graduação em Educação), Lauri Emílio Wirth e Marcio Cappelli (ambos da Pós-graduação em Ciências da Religião) debateram sobre a violência a partir de suas áreas de expertise, durante a última etapa do ciclo “Entre o Diferente e o Semelhante: A Emergência de (In)compatibilidades”, promovido pelo Programa Atualizo da Universidade Metodista de São Paulo.
"Escola deve ser lugar onde há vida coletiva, princípios evidenciados, virtudes valorizadas, respeito e mérito exigido e, principalmente, propostas e projetos. São escolas assim que conseguem amenizar conflitos e promover a construção de identidades éticas", entende a professora Denise, que apresentou as semelhanças entre diversos casos de violência ocorridos em ambientes escolares.
Em uma tentativa de compreender a gênese do problema, o professor Lauri abordou mitos fundantes das culturas helênica e semita, grandes influenciadoras da sociedade ocidental. Para ele, a violência sacrificial é parte da trajetória humana, desde religiões primitivas até períodos mais recentes. "A história do ocidente é contada a partir de uma sequência de violências, sobretudo a partir do século XVI", afirmou. O docente ainda trouxe exemplos de religiões que promoveram matanças para disseminar sua crença entre outros povos.
Por fim, o professor Marcio Cappelli apresentou a poesia como recurso que gera empatia e sensibilização. "A poesia permite ver o outro como ele ainda não foi visto. É uma pena que não se ensine mais poesia nas escolas – ou se ensine de forma muito burocrática", destacou. Cappelli compartilhou trechos do livro "Para quê Poetas em Tempos de Terrorismos?", do poeta e ensaísta Alberto Pucheu.
O encontro fechou o ciclo de três debates propostos a partir dos homicídios que ocorreram em março na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano/SP.