Uma Tarde na Universidade: A importância da narrativa foi tema do último encontro
23/08/2016 12h10 - última modificação 23/08/2016 12h12
“A narrativa dá possibilidades de aproximações das mais diferentes formas, de várias áreas de conhecimento. Eu valorizo a narrativa como filosofia de vida, e eu gostaria que mais pessoas participassem desse espaço porque ela traz toda uma explicação da gente, das relações, da manutenção da vida, da união dos povos”, é assim que Maria Inês Breccio, docente da Metodista, mestre em Educação e contadora de histórias, define a narrativa.
Maria Inês participou do evento “Uma Tarde na Universidade”, realizado nesta quarta-feira (22), com a temática “Ouvir e Contar: uma conversa sobre o processo criativo da narrativa”. A professora fez um bate-papo com os participantes do “Programa Aquarela - 3ª Idade na Universidade” sobre a importância das histórias e contou algumas de suas favoritas.
“Quando você chega em um lugar para dar aula, ou fazer qualquer coisa, normalmente as pessoas estão na parte superficial das coisas, elas dizem: ‘daqui a pouco tenho que ir embora’. Aqui [no Aquarela] eu senti uma inteireza, as pessoas estão aqui, inteiras neste momento. Isso é uma coisa importante quando a gente vai compartilhar uma narrativa, porque a narrativa vem dessa inteireza, dessa sua identidade com a vida. Saber qual é o seu lugar, sua intenção, e isso é uma coisa que eu senti muito forte aqui”, diz a professora sobre o grupo Aquarela.
Essa entrega total dos membros do grupo ficou clara diante do encanto que todos demonstravam com as histórias narradas por Maria. Contadora experiente, ela envolveu o grupo com um diálogo aberto e até mesmo uma pequena atividade que contou com a participação do público.
Na atividade, a professora convidou duas pessoas a se retirarem da sala, enquanto uma lia um conto intitulado “As orelhas de São Pedro”. Depois da leitura, a participante que leu o conto, teve que recontar o que lembrava da história a Rodolfo, que havia saído da sala, e Rodolfo teve que recontá-la a Francisca, que também havia se retirado. O resultado final foi uma confusão de histórias e narrativas totalmente diferentes da história original contada.
“A aproximação da história depende de você, contador. Pode ser uma história só, mas ter olhares sobre ela que são diferentes. Por meio da entonação, posso colocar no imaginário todas as minucias de uma narrativa”, fala.
Estrutura da narrativa e barreiras
A palestrante explicou ao público que todas as histórias podem ser divididas em oito partes, que são: apresentação do lugar e personagens, introdução do que vai acontecer, definição do problema, clímax do problema, desenvolvimento do problema, solução do problema, fim e o fechamento. “O fechamento serve para devolver a pessoa para seu contexto, como eu coloquei as pessoas na história, tenho que devolvê-las”.
Maria também contou os desafios de contar histórias, como as dificuldades que encontra quando vai trabalhar com jovens, crianças carentes e idosos. Em muitas dessas experiências, ela teve que usar táticas para chamar a atenção, ou se aproximar dos ouvintes para que eles estivessem preparados.
Outra maneira de trabalhar com as histórias é por meio da arte e, até mesmo, da gastronomia. A professora já realizou uma atividade em que alunos do curso de Gastronomia da Metodista tiveram que desenvolver pratos relacionados a contos de fadas. Assim, é possível a aproximação e envolvimento de diferentes públicos na narrativa.
Após a realização do bate-papo, houve um sorteio de brindes para participantes das oficinas e encerramento realizado pela Pastoral Universitária e Escolar, com música e oração. Em seguida, foi realizado o tradicional café da tarde comunitário.