VI Semana de Arte na Praça dá visibilidade a artistas da comunidade
30/08/2016 11h25 - última modificação 30/08/2016 11h28
Quem andou pelo Campus Rudge Ramos na última semana, teve o privilégio de apreciar diversas obras de arte na Praça Principal. É que os dias 16 e 26 de agosto aconteceu a VI Semana de Arte na Praça (SAP), promovida pelo Núcleo de Arte e Cultura (NAC). A exposição reuniu dezenas de peças de diversos artistas, funcionários da Universidade, alunos do Colégio Metodista e membros da comunidade.
“A gente percebeu que esse é um espaço da Universidade que é muito agradável, que as pessoas já vêm para descansar ou ler. Então resolvemos colocar o trabalho artístico tanto para vislumbrar, quanto para propor uma reflexão”, conta Juliana da Costa, Arte-Educadora Sênior do NAC.
A SAP teve sua primeira edição em 2011 e de lá para cá, vem aumentando a procura e participação dos artistas. As obras ficam expostas na Praça Central da Universidade e na Biblioteca Central, onde toda a comunidade acadêmica tem acesso. Visibilidade bem-vinda, sobretudo a artistas locais que precisam de divulgação.
“Quando criamos a SAP queríamos trazer os alunos da Universidade, mas houve uma proporção grande. Outras escolas vêm visitar, outros grupos veem pelo site e agendam a visita. Neste ano quisemos trazer pessoas da casa, como a professora Maisi, que é do Colégio, alunos do 9° ano, o pessoal do setor de produtos artesanais e trouxemos alguns artistas de fora, para trazer algo a mais”, explica.
Confira algumas das obras e artistas que deixaram sua marca nesta edição da Semana de Arte na Praça.
“Núcleo”
“Eu fiz uma colagem no tronco da árvore. Essa árvore caiu no ano passado por causa de um raio, eu vi a queda e fiquei muito impactada. Dias depois vi que estavam serrando a árvore e decidi trabalhar com isso. Mesmo o tronco tendo caído, mesmo a árvore não estando cheia de folhas, tem vida ali, é um núcleo de formação de vida. Eu fiz a pintura, representando a vida dentro da árvore, relacionando que a gente faz parte disso”.
Juliana da Costa, Arte-Educadora do NAC.
“Periscópios”
“Essa é uma arte com ideia sobre o universo. Estava imaginando a figura de um astronauta e comecei a pensar na teoria de que temos vários universos coexistindo. Existem até hipóteses da física que falam sobre isso. Aí comecei a brincar com essa ideia de uma forma livre. Cada uma dessas bolhas poderia ser um universo diferente e é como se o astronauta conseguisse ver, por meio desse periscópio, todas as outras possibilidades de existência dele”.
Eduardo Nunes, ilustrador.
“O Fio Vermelho”
“A minha ideia foi a seguinte: existe uma lenda no oriente, de que quando duas pessoas nascem, elas estão ligadas por um fio vermelho. E ela fica presa no tornozelo, de uma até a outra, o que significa que um dia você vai encontrar aquela pessoa. Talvez sim, talvez não. Achei isso muito bonito, gostei da ideia. E eu gosto muito de videogame e tem um jogo que eu gosto bastante, que você joga com bonecos enrolados em lã, o boneco vai perdendo a lã quando ele se mexe. Então uni essa lenda oriental e esse jogo, o Unravel”.
Rafael Chioatto, artista plástico.
“Espião de Marketing”
“É como se fosse um aparelho de TV, com crianças assistindo, eu representei as crianças com bonecos. Essas crianças estão assistindo TV, mudando de canais e param em um canal onde um espião de marketing está mostrando produtos. É como se ele estivesse dentro da TV, criando uma hipnose e conduzindo essas crianças para elas se tornarem espiãs de marketing também. As únicas cores que usei foram vermelho e amarelo, do McDonald's, que tem uma ligação com a Coca Cola e com a Tocha Olímpica”.
Nathan Almeida, estudante.
“O Tiro”
“A morte é a não-existência, deixar de existir como ser, como forma de atuação. A peça traz um pouco disso. A lápide, o coração que está ali, o pensamento que está sempre ligado, e o cabo da arma que dá o tiro, por exemplo, tem os espermatozoides, ou seja, só alguns conseguem sobressair e tem um deles olhando para o alvo e voltando. Traz esse pensamento sobre a morte, como estamos perdendo nossos jovens. Eu moro na periferia e para mim isso é muito latente. Eu fiz uma contagem, eu perdi 54 pessoas do meu convívio, por morte violenta, com arma de fogo, faca e a polícia tem um peso muito grande nesse número”.
Dodo Gonçalves, artista.
“Coletivos”
“Quando comecei a fazer essa série de estudos, eu ficava de cinco a seis horas por dia nos transportes, envolvendo trem, metrô, ônibus, então eu aproveitava esse tempo para estudar desenho. Mas o que me motivou a começar a fazer esses estudos, foi um problema que eu estava enfrentando e eu resolvi andar de ônibus. Entrei no primeiro ônibus, desci em qualquer ponto e voltei em qualquer outro ônibus também. Nesse dia eu comecei a reparar nas pessoas lá dentro, porque eu estava passando por alguma coisa e comecei a pensar no que poderia estar passando na cabeça daquelas pessoas também. Meu olhar não é falar do ônibus, mas sim de quem está dentro dele, que é um momento em que a gente está com muita gente e completamente sozinho”.
Kadu Rocha, artista.