Estudioso português fala das emoções que caracterizam as multifaces de Fernando Pessoa
27/09/2018 15h10 - última modificação 12/11/2018 18h11
Poesia não se explica. Vive-se. Não é gênero literário como um romance, linear, narrativo. Poesia é pura emoção, pela qual transcendemos a realidade. A poesia é mais oculta que expressa, por isso é um mistério que se vive interiormente.
É assim, definindo a poesia por várias vias abstratas, que professor Fernando Carmino conceitua o também multifacetado escritor Fernando Pessoa, um dos mais importantes autores portugueses do modernismo e poetas de língua portuguesa, que se destacou com os célebres heterônimos (autores que possuem personalidade). “Se é difícil falar de poesia, mais difícil ainda é falar de Fernando Pessoa, tão único no conjunto de suas obras”, explanou professor Carmino, que conduziu o workshop Fernando Pessoa, o poeta, o poema e o leitor na noite de 25 de setembro para alunos de Pedagogia, Letras, Filosofia e Marketing da Universidade Metodista de São Paulo;
Doutor em Letras pela Universidade de Paris IV (la Sorbonne) e docente de Língua e Cultura Portuguesa no Instituto Politécnico da Guarda, em Portugal, o palestrante é considerado um dos maiores estudiosos do poeta português. Admitiu que a poesia, em geral, tem poucos leitores porque é preciso interpretá-la, e cada um o faz da sua maneira, conforme sentimentos próprios. “Por isso, Fernando Pessoa deixa que o leitor faça seu próprio poema. As frases que diz gostaríamos nós de dizê-las”, afirmou.
Oscilações e contradições
A inteligência emotiva caracteriza o poeta português, daí decorrendo as oscilações e até contradições nos seus escritos. Ora Fernando Pessoa se nega como poeta, ora se diz emissário de um rei desconhecido, ora diz que está sozinho e ora afirma que o homem nada é, tudo refletindo perturbações próprias das emoções. Segundo professor Carmino, a cultura britânica marcou bastante os escritos do poeta, que viveu na África do Sul e recebeu influência de Shakespeare, Edgar Allan Poe e Lord Byron, entre outros.
“Como portugueses e brasileiros, temos o privilégio de ler um poeta tão intenso como Fernando Pessoa na língua materna. A tradução para outros idiomas tira a força das palavras”, disse o estudioso português, convidado do Núcleo de Arte e Cultura e da Assessoria de Relações Internacionais da Metodista.
Fernando Pessoa é tido como maior exemplo da produção de heterônimos, entre os quais Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, além do semi-heterônimo Bernardo Soares. Foi também crítico de literatura e política, editor, jornalista, publicitário, empresário e astrólogo. Morreu com apenas 47 anos.
Veja notícia na mídia:
Diário do Grande ABC - Movimentação
Folha do ABC - Poeta Fernando Pessoa terá workshop na Metodista
Veja imagens do evento:
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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