Questão 6

Questão 6

O protecionismo de Trump é imparável?

O presidente dos EUA, Donald Trump, continua insistindo que um déficit comercial é uma perda - e que, embora exportações americanas sejam boas, as importações de outros países são ruins e os deficits comerciais são ruins.

Muitas pessoas bem informadas, assim como os mercados, culparam tal argumento pela falta de compreensão de Trump sobre economia e comércio, e duvidaram das capacidades de implementação de políticas de seu governo. Assim, eles acreditavam que as chances de a administração implementar uma política comercial protecionista seriam baixas. Mas agora o atrito comercial entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais, como China, União Europeia, Canadá e México, está se intensificando. O Brasil é um player menor mas também está sendo afetado direta e indiretamente. O fato é que a administração Trump está constantemente movendo sua agenda protecionista para frente.

Trump, provavelmente, considera os deficits comerciais como sendo perdas, porque vê as exportações apenas como vendas, enquanto que as importações são custos, gerando saldos comerciais como “perdas ou lucros” e entende que os deficits comerciais americanos derivam destes custos maiores do que as suas vendas. Esse tipo de mal-entendido é frequentemente visto entre executivos que não estão familiarizados com a macroeconomia e o comércio. Mas a administração Trump não tem assessores, ou membros do gabinete, que possam corrigir o mal-entendido do presidente. Seus assessores e membros do gabinete encarregados de questões comerciais, como Peter Navarro, chefe do Conselho Nacional de Comércio, o secretário de Comércio Wilbur Ross e o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, compartilham as opiniões do presidente. A obsessão do governo em reduzir os deficits comerciais provavelmente não mudará.

A crença de que os deficits comerciais são ruins vem da teoria econômica do mercantilismo, mas o presidente provavelmente não pretende enfatizar o mercantilismo. Na Europa do século XVI ao XVIII, durante o qual prevalecia o mercantilismo, pensava-se que a quantidade de ouro e prata determinava a riqueza nacional. Portanto, as exportações e os superávits comerciais impulsionaram o influxo de ouro e prata, representando a riqueza nacional, no entanto o contrário era ruim, pois o outro e prata deixam a nação. Agora que o ouro e a prata não representam a riqueza nacional, o mercantilismo antiquado é insustentável.

Enquanto isso, a administração Trump tenta ligar a ideia de que os deficits comerciais são ruins com a China. De fato, análises persuasivas foram publicadas sobre o assunto. Um estudo intitulado “O Choque da China”, publicado em 2016, informou que o aumento das importações de produtos chineses de 1991 a 2011 causou a perda de 2,4 milhões de empregos nos EUA, com 990.000 empregos perdidos apenas no setor manufatureiro.

Outra análise disse que muitos dos trabalhadores que perderam seus empregos devido ao choque da China só puderam encontrar empregos muito tempo depois e ainda mal remunerados. Esse grupo de pessoas se sobrepõe à classe trabalhadora branca, que forma o núcleo de apoiadores de Trump. É por isso que a política comercial da administração Trump, que reivindica proteger os empregos dos EUA restringindo as importações da China, recebe certo grau de apoio.

No entanto, a administração Trump não tem visão além do seu protecionismo, e políticas comerciais protecionistas extremas, que possam adotar, quase não há certeza de que terão os efeitos desejados – que são pela redução do deficit comercial dos EUA, o renascimento da produção e a restauração de empregos perdidos. Enquanto a economia dos EUA continuar a experimentar um crescimento estável, seus deficits comerciais, e em conta corrente, aumentarão e nunca diminuirão, pois o consumo é alto e a produção interna não conseguirá atender a demanda.

Qualquer tentativa de reduzir os déficits comerciais bilaterais restringindo as importações de outros países, ou impondo altas tarifas, só elevaria o preço das importações ou dos produtos domésticos concorrentes, aumentando assim os custos para os consumidores norte-americanos. A própria administração Trump deve estar plenamente consciente de que é impossível trazer de volta empregos de manufatura perdidos - em particular os empregos com altos salários para trabalhadores de média qualificação que o governo afirma que vai reviver.
Não se sabe se haverá uma correção em seu caminho protecionista, isso provavelmente acontecerá quando a política aumentar a ira dos consumidores americanos, que serão obrigados a arcar com o custo do protecionismo, ou quando a administração é dispensada por seus partidários irritados com a falta de benefícios da sua política.

As decisões arbitrárias e as ações improvisadas de Trump podem acelerar. O Japão e seus negócios terão que prever um risco razoavelmente alto de políticas comerciais tomadas pela administração Trump que seriam inconcebíveis do ponto de vista do senso comum - pelo menos por enquanto. A perspectiva parece de fato muito grave nesse sentido.
Fonte: Adaptado do texto de Takashi Imamura do “The Japan Times” de 04.07.2018.

Com base no texto sobre o momento atual de protecionismo americano, analise as assertivas abaixo:

    1. Nos últimos anos, os EUA estavam alinhados com o processo de globalização, no entanto, como muitos empregos americanos foram perdidos, o governo resolveu alterar sua política externa de negócios e promover impostos e/ou barreiras tarifárias para todos os países.
    2. O termo é usado principalmente no contexto da economia, onde o protecionismo refere-se a políticas ou doutrinas que protegem as empresas e os trabalhadores dentro de um país, restringindo ou regulando o comércio com nações estrangeiras. O órgão responsável pela fiscalização dos atos protecionistas adotados pelos países é a OMC-Organização Mundial do Comércio, com sede em Genebra, Suíça, cujo papel é promover a liberalização do comércio internacional e o desenvolvimento global.
    3. Defensores do protecionismo alegam que esta política é utilizada por praticamente todos os países, em maior ou menor grau e é bastante difundida pelo mundo.
    4. Para os críticos do protecionismo, a globalização e a amplitude do livre comércio, são necessárias para poder sustentar o desenvolvimento global, que a melhora os padrões de vida para todos e ajudam ainda os países com mais dificuldades e com menor desenvolvimento econômico social.