Questão 1

A crise provocada pela greve dos caminhoneiros tem causas remotas e atuais. Pelo menos seis podem ser listadas:

Primeira: a cultura da classe política, que evita enfrentar problemas, preferindo a estratégia da acomodação. Michel Temer pertence a esse grupo. Busca ser sempre popular, se possível jamais desagradar ninguém. Por isso, só usou os recursos de que dispõe a Presidência depois que a situação fugiu do controle. Atitude distinta teve Ronald Reagan quando os controladores de voo americanos entraram em greve, ameaçando interromper o tráfego de aviões. O presidente Reagan demitiu todos e convocou militares da Aeronáutica para substituir os grevistas.

Segunda: o abandono, entre os anos 1950e 1960, do transporte de trem em favor do caminhão com a implantação da indústria automobilística. Hoje, 66% do transporte de cargas do Brasil é feito por caminhões. Países continentais privilegiam o transporte ferroviário e fluvial. O modal rodoviário é minoritário: China, 32%; Rússia, 5%; EUA, 43%.

Terceira: a Constituição de 1988, que atribuiu aos estados o poder de fixar as alíquotas do ICMS. Todos aumentaram fortemente as alíquotas de itens de difícil sonegação, como energia, telecomunicações e combustíveis. Gasolina e diesel têm alíquotas de até 35%, afora Pis, Cofins e Cide. Nenhum país tributa tanto os combustíveis como o Brasil, o que gera forte impacto nos custos de operar caminhões.

Quarta: os governos tucanos e petistas mais do que triplicaram o valor real do salário mínimo, que reajusta hoje 75% das aposentadorias e pensões do INSS. Os gastos previdenciários passaram a consumir mais da metade dos gastos primários da União. Quando se consideram as despesas obrigatórias em educação e saúde, temos mais de 90% do orçamento sem margem de manobra.

Quinta: a rigidez orçamentária comprimiu os gastos com infraestrutura, principalmente a de transporte. Na década de 80, o setor público investia mais de 5% em infraestrutura. No ano passado, pouco mais de 1% do PIB. Resultado: piorou drasticamente a qualidade das estradas. A situação poderia de sido contornada com concessões ao setor privado, mas os governos petistas congelaram o programa por sete anos. Estradas ruins são uma das principais causas da elevação de custos de manutenção de caminhões.

Sexta: excesso de financiamento de caminhões pelo BNDES, nos governos do PT. Isso aumentou muito a oferta de serviços de carga, contribuindo para limitar reajustes de fretes quando há aumento de custos.

Os caminhoneiros autônomos e as empresas de transporte de carga têm razões para reclamar, mas não o direito de fazer refém a sociedade brasileira, como o fizeram diante da incompetência e da fraqueza do governo em lidar com a greve. O uso das forças armadas deveria ter sido o passo inicial. Negociações só deveriam ter sido admitidas depois do desbloqueio integral das estradas e, se necessário, com a requisição dos caminhões para serem dirigidos por motoristas das forças armadas. Espera-se que este e os próximos governos aprendam as duras lições da crise, seja para dotar o país de recursos de inteligência com vistas a detectar ameaças como essa, seja para dispor de estratégia capaz de permitir ação rápida contra riscos de colapso do abastecimento vital, decorrentes de atos de caminhoneiros irresponsáveis e de empresas oportunistas que possam submeter o país a locautes.

Disponível em https://veja.abril.com.br/blog/mailson-da-nobrega/ha-pelo-menos-seis-causas-para-a-greve-dos-caminhoneiros/. Acesso em 30/07/2018.

Observe as charges:


Disponível em http://www.barradocordanoticia.com/charge-do-dia-greve-dos-caminhoneiros/ Acesso em 30/07/2018.


Disponível em https://www.portalr3.com.br/2018/05/caminhoneiros-terminam-a-greve/ Acesso em 30/07/2018.

Após a leitura do texto e observação das charges leia as afirmações a seguir e indique a alternativa que contém a sequência correta, utilizando V para verdadeira e F para falsa, salientamos que o texto e as charges são somente orientadores para o tema que deve ser de conhecimento geral.

I – A venda de caminhões com subsídios financeiros fornecidos pelo BNDES aliado a um período de crescimento intenso gerado por obras da copa e Olimpíada, bem como obras da Petrobrás e após passarmos por uma recessão brutal por conta de escândalos de corrupção e problemas com a dívida pública, tudo isto somada levou a um recrudescimento nas relações entre o agronegócio e indústrias e os profissionais e empresas de transporte. Fazendo com que o valor do frete ficasse mais baixo devido a grande oferta de caminhões e baixa demanda devido a recessão levando ao movimento paredista que desabasteceu todas as cidades brasileiras.
II – As empresas de transporte descontentes com o preço do diesel junto com os condutores de caminhões autônomos fizeram um grande movimento paredista, mas com finalidades diferentes, os donos das empresas quiseram reduzir o custo para lucrarem ainda mais, enquanto os motoristas autônomos estavam pensando em sua sobrevivência.
III – Os altos tributos envolvidos na vida cotidiana brasileira nos remetem a revolta da Inconfidência Mineira, onde nossa história ensina que pelo imposto chamado quinto (1/5=20%) a população se revoltou e o alferes Tiradentes foi enforcado, atualmente nossa carga tributária beira os 40%, inclusive nos combustíveis, para sustentar um estado que devolve muito pouco ao cidadão e pensa mais no financiamento da própria máquina do estado. Devido a alta carga tributária o cidadão apoiou em muitos locais o movimento paredista dos motoristas autônomos.