Jordânia - Aroer
Localização
Depois do Forte de Dibom, segue uma estrada de asfalto na direção leste, e, percorridos 3 Km, deve-se seguir outra estrada, à direita (direção sul). É um atalho de 2 a 3 km que leva à bíblica Aroer, chamada Khirbet Arair. A colônia se encontra acima do barranco do Wadi el-Mujib e oferece uma vista maravilhosa sobre flancos de montanhas escalvadas, conforme figura abaixo[1].
Informação bíblica
Conforme diversas citações bíblicas Aroer é citada como sendo situada na Transjordânia, na margem norte do rio Arnon (Wadi Môjib), defronte para sua profunda garganta, sendo a moderna A’ra‘ir. Cerca de 23 quilômetros a leste do mar Morto (Dt 2,36; 3,12; 4,48; Js 12,2).
“De Aroer, que está à beira do desfiladeiro do Arnon, e da cidade que está no fundo do desfiladeiro, até Guilead, não houve para nós cidade inepugnável: o Senhor, nosso Deus, nos entregou tudo” (Dt 2,36).[3]
“Sihon, rei dos emorritas, que habitava Heshbon; ele dominava desde Aroer que fica na orla dos desfiladeiros do Arnon, o fundo dos desfiladeiros, bem como a metade do Guilead, até os desfiladeiros do Iaboq, fronteira dos filhos de Amon.” (Js 12,2)
Simbolizava o limite sul, primeiro, do reino amorreu de Seom, e em segundo lugar, do território da tribo de Rúben (Js 13,9.15-16; Jz 11,26 e provavelmente 33), sendo a sede de uma família rubenita (1Cr 5,8), e, em terceiro lugar, das conquistas na transjordânia, por Hazael de Damasco, no tempo de Jeú (2Rs 10,33).
“Moisés deu à tribo dos filhos de Rúben uma parte segundo seus clãs. Tiveram o território que se estemde a partir de Aroer na orla dos desfiladeiros do Arnon e a cidade que está no fundo dos desfiladeiros, todo o planalto perto de Medebá.” (Js 13,14-15)
“Quando Israel se estabeleceu em Heshbon e em suas dependências em Aroer e em suas dependências em todas as cidades que estão às margens do Aron, há trezentos anos,por que não as retomaste naquele tempo?” (Jz 11,26)
Mais ou menos por esse tempo, Moesa, rei de Moabe, edificou Aroer e construiu a estrada ao lado do Arnom (Pedra Moabita)[3]; Aroer permaneceu local moabita até o tempo de Jeremias” (Jr 48,18-20).
“Desce de tua glória e fica com sede, população de Dihon; o devastador de Moab sai ao ataque contra ti, ele destrói as tuas fortalezas. Posta-te no caminho e fica à espreita, população de Aroer. Interroga fugitivos e sobreviventes: que aconteceu? Moab, coberto de vergonha, desmoronou.” (Jr 48,18-20)
Em Nm 32,34, Gade ajudou a reparar cidades recém-conquistadas, incluindo Aroer, , antes do território ser alocado aos rubenitas e gaditas, por Moisés. Em 2 Sm 24,5, Davi partiu de Aroer e da cidade no vale, na direção de Gade, e prosseguiu para Jaser. Isaías (17,1-3), profetizou contra Aroer (em mãos moabitas), juntamente com Damasco e Efraim. A cidade que nele (no vale de Arnom) está (Dt 2,36; Js 13,9.16; 2 Sm 24,5) pode muito bem ser a atual Khirbet el Medeiyineh, cerca de 11 quilômetros a sudoeste de Aroer.
Na Transjordânia, defronte de Rabá (Js 13,25), poderia ser a moderna es-Sweiwina, a cerca de 3 quilômetros a sudoeste de Rabá. Mas, a existência dessa Aroer, é duvidosa, visto que talvez Js 13,25 possa ser traduzido como “metade da terra dos amonitas até Aroer, a qual (terra se estende) até Rabá”.
Projeto de escavação
Desenvolveu-se um projeto de escavação em Aroer que tinha como objetivo uma publicação final dos estratos da Idade do Ferro II do Tel. O Tel Aroer fica situado nos bancos do Aroer fluindo da maior parte do sudeste do Vale de Beersheba-Arad, aproximadamente a 22 km a sudeste de Beersheba moderno. O local foi escavado primeiro em 1975[4] sob a direção de Avraham Biran, diretor da Escola Nelson Glueck de Arqueologia Bíblica (NGSBA), Faculdade de União Hebréia e Rudolf Cohen que era então do Departamento de Antiguidades e Museus de Israel (IDAM). Escavações curtas adicionais aconteceram entre 1976 e 1978 e entre 1980 e 1981, sob a direção somente de A. Biran[5].
Com uma área de dois hectares, aproximadamente 1500 m2 de qual foi escavado, Aroer é um dos sítios da Idade do Ferro mais importantes no Negev. Foram identificados três estratos, datando do VIII para o VI século a.C. A arquitetura é bem preservada e, enquanto escava-se, o local se tornava bastante transparente para permitir a separação estratigráfica. As cerâmicas e os achados pequenos parece ser conjuntos extraordinariamente ricos, incluindo número grande de recipientes completos, estatuetas e várias inscrições. O estado bom de preservação e documentação nos permitirá publicar inventários precisos e sugerir reconstruções de organização do espaço e social. Análise inicial do material cultural indica uma variedade de elementos sociais ("etnicidade") e conexões com a Assíria, Edom, Judá, Israel, sul da Arábia, Egito e o litoral mediterrâneo. No interior do Forte comercial são encontrados cômodos alongados, que serviam para armazenamento- depósito. Quando Hasael (de Damasco) conquistou o lugar na virada do 9º ao 8° séc. a.C., este se encontrava (cf. 2 Rs 10, 32-33) sob o domínio (nas mãos dos) israelitas. No tempo do profeta Jeremias, no 7º séc, portanto (cf. Jr 48,19), Aroer pertencia ao reino de Moab. No começo do 6º séc.a.C, destruído pelas tropas neubabilônicas de Nebukadnezar II, o sítio (povoado, vila) permaneceu desabitado durante muito tempo.
Somente os nabateus organizaram neste local novamente um lugar de comércio. Esta colonização ( assentamento de colonos) deve ter ocorrido em 106 d. C., quando Roma anexou o reino da Arábia, deve ter pertencido aos poucos lugares nos quais os legionários faziam resistência. As operações militares findaram com declíneo de Aroer. Mas o nome da cidade ainda é mencionado no período pré – bizantino “Onomástico”, do bispo Eusébio.
A importância de Aroer deriva de seu local estratégico, na rota de comércio que correu de Sul da Arábia por Edom, o Arava, o Vale de Beersheba, o Negev ocidental, e pela costa. A Publicação dos dados de Aroer fornecerão um corpo grande de artefatos bem conservados de contextos bons, facilitando a comparação e a relativa cronologia para, e com, outros sítios na região (Tel Sheva, Tel Malhata, Tel 'Ira, Tel Arad, Horvat Qitmit e Horvat Uza) e mais longe no campo ('Ein Hazeva, Qadesh Barnea, Tel el-Kheleifeh).
Por um lado Aroer era uma cidade de deserto, provavelmente acolhendo nativos do deserto adaptados às condições de aridez e distante de centros populacionais. Mas Aroer também era um centro de comércio e administração e, como tal, representa uma ilha de complexidade social e multi-cultural. Nossa pesquisa enfatizará ambos os aspectos. A investigação operará dentro de uma estrutura de ecologia cultural que vê o ambiente como um fator central dentro do comportamento humano. As relações de um local (periferia) das escavações serão invertigadas, tanto como, questão de uma identidade social num multicultural, mas ainda assim, isolado. Nós estaremos olhando os paralelos ético-histórico da Idade do início do Bronze e o período romano-bizantino como um meio de chegar a compreensões mais gerais, estudos teóricos sobre adaptações humanas para ambientes áridos e interação social em tais condicções. Finalmente, nós desejamos alcançar compreensões de como vida social e política vazou e fluiu em uma paisagem política de mudar a regra imperial.
Bibliografia
Atlas da Bíblia, São Paulo: Edições Paulinas, 1986, p.13
Diccionario enciclopédico da la Bíblia, Barcelona: Editorial Herder, 1993, p.164
Israel e Judá: textos do Antigo Oriente Médio, São Paulo: Paulinas, 1985, p.58-60
MAZAR, Amihai, Arqueologia na terra da Bíblia: 10000-586 a.C., São Paulo: Paulinas, 2003, 554p.
MACKENZIE, John L., Dicionário bíblico, São Paulo: Paulinas, 3ª edição, p.73
Novo dicionário da Bíblia(o), São Paulo:Vida Nova, 2a edição, 1995, p.116-117
PEREGO, Giacomo, Atlas bíblico interdisciplinar, São Paulo: Paulus, 2001, p.29
SCHECK, Frank Reiner, Jordanien: Völker und Kulturen zwischen Jordan und Rotem Meer, DuMont Buchverlag, Köln, 1985, p.310-311
Studium biblicum Franciscanum, Faculty of Biblical Sciences and Archaeology [On line]. Available from World Wide Web: <URL: http://198.62.75.1/www1/ofm>
WHITE, Shelby e LEVY, Leon, The semitic museum at Harvard University: Program for Archaeological Publications, Available from World Wide Web: <URL: http://www.fas.harvard.edu>
Notas
[1] STUDIUM BIBLICUM FRANCISCANUM. Faculty of Biblical Sciences and Archaeology [On line]. Available from World Wide Web: http://198.62.75.1/www1/ofm.
[2] Citações de texto bíblico a partir da Bíblia TEB: Loyola, São Paulo, 1994
[3] Encontrada em 1868 por um missionário alemão no país de Moab, a estela de basalto escuro, dita de Mesha, mede 1,10 de altura por 0,60m de largura. Reduzida a pedaços pelos beduínos, mas salva por Clemont-Ganneau, ela foi reconstruída em grande parte e se encontra no Museu do Louvre. A inscrição, de 34 linhas, deve datar do fim da dinastia de Amri ou dos primeiros anos de Jeú. Os principais fatos narrados tiveram lugar entre 852 e 842. Diz a inscrição: “Eu sou Mesha, filho de Kemoshyat rei de Moab, o Dibonita. Meu pai reinou sobre Moab durante trinta anos e eu reino depois de meu pai […] Construí Aroer e fiz a estrada do Arnon”. VV.AA. Israel e Judá: textos do Antigo Oriente Médio. Paulinas. 1985
[4] Encontrei uma informação no site do “Studium Biblicum Franciscanum” de Jerusalém (http://198.62.75.1/www1/ofm) onde afirma ter E. Olávarri escavado o sítio arqueológico em 1964, mas o site do “Program for Archaeological at Harvard University” não fala nada a respeito deste arqueólogo
[5] A.Biram (1976-1981) Departamento de Antiguidades e NGSBAJ.