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Israel - Tel Bet Shean e Tel Rehob

Identificação

Ascalom se encontra situada na costa mediterrânea da Palestina, ao sudoeste de Judá, entre Asdod, ao norte, e Gaza ao sul. Foi o major porto de mar aberto para cananeus e filisteus desde 3000 até 604 a.C. E, precisamente pela sua posição geográfica estratégica, foi um importante centro comercial e cultural. As fontes bíblicas freqüentemente mencionam a cidade (Juízes 14,19; 1Samuel 1,20; Jeremias 47,5-7).

Pela sua posição geográfica chegou a ser um ponto intermedio da chamada Estrada do Mar, ou via maris, importante rota comercial que vinculava Egito com Mesopotâmia, e que continuava ao norte a través de Afec, Megido e Hazor.

Por estar situada numa região cheia de dunas de areias procedentes do Nilo, e sem nenhum rio o fonte de água por perto, pareceria impossível um assentamento urbano nessa região. No entanto, Ascalon encontra-se situada em cima de uma fonte de água subterrânea a qual fornecia água a cidade. Atualmente é um belo Parque Nacional que combina praia e site arqueológico.

História

Por volta de 2000 a.C. ,Ascalon era uma cidade de aproximadamente 61 hectares albergando uma população de 15 mil pessoas. As escavações realizadas na parte norte da cidade demonstram que no Bronze Médio (1700-1550 a.C.) as portas e as fortificações foram reconstruídas quatro vezes num período de 150 anos, o qual demonstra a grande turbulência social na região no período. A cidade foi destruída pelos egípcios durante a expulsão dos hicsos (1550 a.C.). E posteriormente o nome da cidade aparece na Estela de Mernepta (1230 a.C.), junto com Israel, como uma das cidades dominadas e controladas pelos egípcios.

Uma das mais importantes descobertas arqueológicas do período cananeu, tem sido o encontro, num santuário destruído pelos egípcios em 1550 a.C., duma estatueta de bronze e prata representando um bezerro. Este raro bezerro de bronze e prata é um exemplo da iconografia bovina em metal. O simbolismo de bois e/ou bezerros representados em metal está sem dúvida vinculado com as deidades cananéias ’el ou ba‘al. E esta tradição forneceu os elementos para a iconografia bíblica que vinculou Javé com imagens de bezerros em ouro e prata, o qual, aliás, estabelece os vínculos culturais e religiosos da tradição bíblica com a cultura cananéia.

A chegada dos filisteus deu fim ao período cananeu na cidade. Durante a dominação filistéia, Ascalom chegou a ser uma das cinco cidades, no qual seu território foi dividido (confira Josué 13,3; 1Samuel 6,4). Mas, não só textos bíblicos senão também cuneiformes deixam claro que Ascalom foi uma cidade filistéia durante a maior parte do Período do Ferro (1200-586 a.C.).

No 8o século a.C.. a cidade perdeu a independência sendo primeiro controlada pelos assírios e posteriormente pelos egípcios. Já em 604 a.C. a cidade foi destruída por Nabucodonosor, sendo reconstruída oitenta anos depois.

Durante o período persa, a cidade pertenceu aos fenícios. Nos estratos escavados que datam deste período, mostram que, durante o 5o século, período da dominação fenícia, existiu durante 50 anos um cemitério para cães que tem aproximadamente 700 esqueletos.

No Antigo Próximo Oriente, os cães eram associados com deidades particulares. Na Mesopotâmia eram associados com a deusa da saúde Gula/Ninisina, e seu culto floresceu em diferentes centros durante o segundo e primeiro milênio.

Os esqueletos dos cães encontrados em Ascalom não mostram marcas de faca ou de terem sido sacrificados, ou de terem sido comidos, mas os esqueletos estão completos e deixam ver que morreram de morte natural, o qual não parece conferir com as colocações do Terceiro Isaías a respeito (veja Isaías 66,3). Isto é um exemplo da presença da cultura e da religião fenícia na cidade, para a qual os cães eram considerados animais sagrados que participavam em rituais fenícios de sanidade, já que eles eram considerados como possuindo propriedades curativas, sobretudo a língua.

Quando Alexandre o Magno conquistou a região, em 332 a.C., Ascalom passou a ser parte de seu império. Assim, os ptolomeus governaram Ascalom até 198 a.C., passando, então, ao controle dos selêucidas.

Já durante o período macabeu a cidade recebeu a Jônatas triunfalmente; este evitou sua destruição (confira 1Macabeus 10,86-87; 11,60). A partir daí, Ascalom reteve sua autonomia, inclusive durante o período romano (37 a.C. - 324 d.C.). E esta autonomia foi referendada pelos romanos, durante a revolta judaica do 70 d.C, pela neutralidade da cidade durante o conflito. Têm sido encontradas moedas do primeiro século d.C., tendo o símbolo de Tiche-Astarte, as deusas greco-romana e fenícia, onde aparece a inscrição: “do povo de Ascalon, santo, cidade de asilo, autônoma”.

Um grande centro econômico

Ao longo da sua historia a prosperidade de Ascalon esteve baseada na sua importância como um porto de mar aberto ao comércio. A carta de Aristeia (ca. 150 a.C.) menciona Ascalon, junto com Joppe, Gaza e Akko, como portos do Mediterrâneo muito bem situados para o comércio. E o fato de que Ascalon foi um grande empório de bens e produtos como: peixe, vinho, tecidos, trigo, vegetais, mas sobretudo, como um centro de intercâmbio, ficou muito bem ilustrado durante as escavações realizadas numa cisterna. Na cisterna, que havia ficado fora de uso na segunda metade do século segundo, e que havia virado uma lixeira, foram encontradas finas cerâmicas importadas da Grécia assim como jarras que uma vez estiveram cheias com vinho procedente da Itália.

Um grande centro econômico

Ascalom não somente foi um empório comercial mas também um empório de idéias. Antíoco, nascido em Ascalom, foi um prestigioso filósofo da academia em Atenas. Além disso, vários pensadores de Ascalom foram honrados em Nápoles, Atenas e Delos, como se testemunha em inscrições encontradas nessas cidades.

De acordo à tradição, Herodes, chamado “O Grande”, nasceu em Ascalom, e também se diz que seu avô serviu no templo de Apolo em Ascalom. Isto pode ser que seja uma lenda para justificar que, quando Herodes foi rei, por causa da sua origem fez construir grandes e magníficos banhos para a população e enfeitou de fontes a cidade. Mas o que é certo, de acordo às escavações realizadas, é da existência desses magníficos banhos e fontes construídos no tempo de Herodes.

Escavações

As primeiras excavações em Ascalom foram realizadas na primeira metade do 19o século (1815), por Lady Herster Lucy Atanhope. Posteriormente, em 1920 e 1921, foram realizadas novas escavações pelo arqueólogo britânico John Garstang. As últimas escavações foram realizadas a partir de 1990 por Laurem Stager, da Universidade de Harvard.

Bibliografia

DOTHAN, Trude. “What We Know About the Philistines”, em The Biblical Archaeology Review, Washington, Biblical Archaeology Society, julho/agosto de 1982, vol.8, n.4

STAGER, Lawrence E., “Erotism and Infanticide at Ashkelon”, em The Biblical Archaeology Review, Washington, Biblical Archaeology Society, agosto de 1991, vol.18, n.4

_______, “When canaanites and Philistines Ruled Ashkelon”, em The Biblical Archaeology Review, Washington, Biblical Archaeology Society, março/abril de 1991, vol.18, n.2

______, “Why Were Hundreds of Dogs Burried at Ashkelon”, em The Biblical Archaeology Review, Washington, Biblical Archaeology Society, maio/junho de 1991, vol.17, n.3

The Holy Land – An Oxford Archaeology Guide – From Earliest Time to 1700, Nova Iorque, Oxford University Press, 1998

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