Pesquisadora da Pós-graduação em Ciências da Religião fala à BBC Brasil sobre missionária sueca perseguida no Brasil
24/07/2018 15h55 - última modificação 25/07/2018 09h32
Pesquisadora do estágio pós-doutoral do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Metodista, Valéria Vilhena falou à BBC Brasil sobre a história da missionária sueca Frida Maria Strandberg Vingren, esposa do fundador da Assembleia de Deus no Brasil que chegou ao País em 1917 e foi uma importante líder na consolidação da maior denominação pentecostal brasileira, hoje com 12 milhões de fiéis.
A história da missionária foi tema da tese de doutorado de Valéria e do livro de sua autoria, que será lançado em agosto com o título Frida Maria Strandberg.
Com o marido enfrentando problemas de saúde, já nos primeiros anos no Brasil Frida passou a assumir funções até então executadas apenas por homens na igreja, como cantar, tocar, pregar e produzir textos para boletins. A ascensão da missionária gerou perseguições e pressões para que voltasse ao seu país de origem – a situação delicada fez a família se mudar para o Rio de Janeiro em 1924, sete anos após a chega dela em Belém/PA.
Na capital fluminense, sua postura de liderança cresceu de forma proporcional à resistência dos pastores. “A história está sendo conhecida agora. A trajetória de vida de Frida se relaciona com cada mulher evangélica, especialmente as pentecostais, porque ela resistiu, lutou para que a igualdade de oportunidade dentro das Assembleias de Deus fosse de fato garantida”, explica Valéria.
Mais tarde, de volta à Suécia após sua situação tornar-se insustentável no Brasil, Frida viu o marido falecer, foi impedida de continuar o trabalho missionário, perdeu a guarda dos filhos e foi internada em hospital psiquiátrico, embora nenhum diagnóstico comprovasse algum distúrbio mental.
Contexto atual
A história de Frida, quase centenária, se confunde com a de muitas mulheres no meio evangélico atual, onde temas como liderança feminina ainda são tabus. “De maneira geral a igualdade de gênero não é pauta no meio evangélico. O que observamos são algumas comunidades, ou nem isso, mas sim alguns pastores ou pastoras ou leigos e leigas que trazem esta pauta para o diálogo, porém sempre de maneira pontual. Raramente são projetos contínuos, temas que estão na agenda fixa das igrejas”, diz a pesquisadora.
O livro Frida Maria Strandberg será lançado pela Fonte Editorial. A obra também será apresentada no Quarta Capa, evento da Pós-graduação em Ciências da Religião da Metodista que divulga e promove debates sobre títulos recém-lançados.
Leia a reportagem da BBC Brasil.