Para pesquisadoras, maternidade de Maria não a eleva a status de deusa, mas à subordinação
29/09/2017 19h05 - última modificação 19/10/2017 08h54
O Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo realizou, entre os dias 26 e 28 de setembro, a XXI Semana de Estudos de Religião: “Imagens femininas de Deus e devoções marianas na América Latina”. O tema foi escolhido por conta dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida e seu culto.
As professoras Carolina Teles, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Valéria Vilhena, pós-doutoranda de Ciências da Religião na Metodista, e Sandra Duarte, docente de Teologia da Metodista, abordaram as devoções marianas sob uma perspectiva feminista.
Carolina ressalta que o papel de Maria como mãe vem em primeiro lugar e acima de tudo, e que seu aspecto de virgindade e pureza é extremamente importante no culto católico. Ela explica que a igreja católica teve certa resistência ao aceitar o culto de Maria, pois ele podia se fundir aos cultos pagãos de homenagem às deusas. “A maternidade de Maria, no entanto, é um puro serviço para gerar o filho de Deus e não a eleva a um status de deusa”, declara a professora.
Valéria, membro do grupo Evangélicas pela Igualdade de Gênero, apresenta uma visão parecida a de Carolina e diz que “a maternidade de Maria de maneira virginal não melhorou a situação das mulheres, mas aumentou sua subordinação”, pois segundo a professora a vida feminina foi reduzida ao papel de mãe.
A pesquisadora comparou a história de duas personagens, uma real e uma fictícia, para falar das dificuldades encontradas pelas mulheres ao longo da história. Frida Maria Standberg, missionária sueca que ajudou na expansão do movimento pentecostal brasileiro, e Flória Emília, personagem da obra do autor Jostein Gaarder, são citadas pela professora como exemplo de mulheres que sofreram por não seguir as expectativas da moral cristã. “Flórias e Fridas foram vencidas, mas Flórias e Fridas continuam por aí”, finaliza.