Em evento internacional do PósCOM, escritor colombiano questiona verdades em escritos históricos
13/11/2019 17h45 - última modificação 14/11/2019 18h04
Se o romance histórico permite ao leitor visitar cenários passados para que possa conhecer-se hoje, esse subgênero literário continua fomentando duas correntes extremas: aqueles que acreditam nas narrativas enxergando fatos antigos verdadeiros e os que são descrentes, associando tudo a ficções mentirosas.
“É esse vai-e-vem entre autores e críticos que faz o romance histórico ser o mais celebrado. Aí estão as novelas de TV e filmes de cinema. Existe a verdade? E como ela se articulou com a realidade?”, perguntou sobre o romance Triptych of Infamy o próprio autor, o professor e escritor Pablo Montoya, que abriu na noite de 13 de novembro o 4º Seminário Brasil-Colômbia de Estudos e Práticas de Compreensão e o 2º Colóquio Internacional de Estudos Literários, uma parceria da Universidade Metodista de São Paulo e Universidad de Antioquia, da Colômbia.
Romancista, poeta, ensaísta, tradutor e crítico, Pablo Montoya alia-se ao grupo que vê falsidade em construções linguísticas históricas, dizendo que geralmente trazem a ideologia dos vencedores e poderosos. “Não há verdades no mundo, e sim interpretações do mundo”, falou ao explicar seu posicionamento contra a corrente do discurso oficial sobre a história. Ele prefere recontar o passado usando como protagonistas os poetas, artistas, pintores, músicos e fotógrafos.
Foi assim que escreveu Y Tríptico De La Infamia (2014), que aborda a colonização da América e o extermínio de indígenas por expedições da Europa a partir de pesquisa que realizou em mapas de navegação, gravuras e desenhos de três principais pintores renascentistas: Jacques Le Moyne, François Dubois e Théodore de Bry. Vem daí o tríptico do título. Ganhadora de vários prêmios literários da América Latina, a obra propõe um diálogo entre história, arte, memória e literatura, segundo definiu.
O que é compreensão como método, eixo dos dois eventos internacionais promovido na Metodista entre 11 e 14 de novembro? “A compreensão não tem respostas acabadas nem certezas, mas há sim buscas no campo da ciência e de outras formas plurais de conhecimento, de sabedorias e de experiências, como podem ser as religiões, o pensamento mítico, as artes, as experiências humanas em geral, os saberes cotidianos”, definiu professor Dimas Kunsch, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Umesp, que abriga grupo de pesquisa Da Compreensão como Método, promotor do encontro ao lado da Cátedra UNESCO-Metodista de Comunicação e do GEL (Grupo de Estudos Literários) da Universidade de Antioquia.
Crescimento de participantes
Segundo professor Mateus Yuri Passos, da comissão organizadora do PósCOM, houve vários avanços desde 2015, quando os encontros começaram com enfoque mais binacional e direcionado a propostas de desenvolvimento de trabalhos no ano seguinte restrito aos dois grupos de pesquisa. Neste ano, pela primeira vez, houve chamada aberta de trabalhos, o que atraiu nove grupos de pesquisas de 12 instituições do Brasil e Colômbia e 120 propostas de trabalho. Também reuniu quatro grandes áreas do conhecimento -- Comunicação, Educação, Ciências da Religião e Literatura – como expressões do pensamento
“Isso simboliza a pluralidade deste espaço interdisciplinar e de construção social”, afirmou professor Mateus. O evento teve apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Veja a programação de apresentações de trabalhos e palestras do 4º Seminário Brasil-Colômbia de Estudos e Práticas de Compreensão e o 2º Colóquio Internacional del Grupo de Estudios Literarios (GEL) – Literatura, Jornalismo e Compreensão.
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Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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