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Realidade virtual também é coisa de gente da terceira idade

Aliadas à hidroterapia, as atividades propostas pelo Programa Saúde do Idoso, da Policlínica Metodista, contribuem para a melhora de aspectos físicos, motores e cognitivos

29/05/2015 10h30 - última modificação 10/06/2015 15h55

Há alguns anos, jogos de videogame deixaram de ser utilizados apenas para lazer. Com o avanço da tecnologia e da chamada realidade virtual, que proporciona maior interação do usuário, os games também têm sido usados como estratégia adicional a programas de reabilitação.

“Em programas de reabilitação física destinadas às crianças, é comum que o fisioterapeuta e o ambiente estejam preparados para um enfoque lúdico. Ao contrário, não se observa essa preocupação prévia com os adultos, em especial com os idosos, acreditando-se que a brincadeira não possa ser um elemento valioso no processo de reeducação psicomotora. Os adultos também podem se utilizar desses elementos, levando o processo terapêutico a algo mais prazeroso e com metas ou desafios contínuos”, comenta André Radl, docente e responsável técnico do Núcleo de Fisioterapia da Policlínica da Universidade Metodista de São Paulo.

Nesse momento, o Programa de Saúde do Idoso envolve ainda os cursos de Psicologia, Ciências Biológicas e Farmácia. “É um projeto de extensão universitária para prevenção e promoção de saúde focado no trabalho com idosos”, descreve a profa. Carla Mazzitelli, docente e coordenadora do núcleo de Fisioterapia.

Hoje, as metas principais são lidar com as alterações relacionadas ao equilíbrio, que com frequência, ocasionam quedas e com os processos cognitivo, em especial atenção e memória. Para isso, a equipe optou por adotar o uso da realidade virtual como estratégia.

Atualmente, 40 idosos participam do Programa e a intenção, segundo André Radl, “é expandir o trabalho, tornando a Policlínica um centro de atenção à população idosa. Apesar de muitas iniciativas, existem poucos programas de atenção globalizada para o indivíduo da terceira idade. Não é tão fácil encontrar um local para quem quer fazer alguma atividade física ou que tenha uma pequena limitação em função da idade”.

O Programa

Antes de iniciar as atividades, os idosos passam por avaliação neuropsicológica em relação aos processos cognitivos. Alunos do 5º semestre de Psicologia aplicam diversos instrumentos, que envolvem questionários próprios para avaliação cognitiva ou de processos mentais. Por meio de testes físicos específicos, os fisioterapeutas avaliarão a aptidão física relacionada ao equilíbrio, percepção corporal e coordenação motora.

Os exercícios executados com apoio da realidade virtual acontecem por cerca de 45 minutos, três vezes por semana, por um período de três meses. A partir da “reprodução” de si próprio na tela, o indivíduo movimenta-se como o personagem do jogo. Dessa maneira, ele pode acompanhar o seu desempenho por meio de pontuação e feedback do fisioterapeuta.

O professor André Radl ressalta que a atividade deve ser entendida “como treino e não somente uma brincadeira. Não é só colocar o jogo no videogame e brincar. É preciso ter a orientação de um profissional”.

Concomitantemente, os indivíduos participam de sessões de hidroterapia, com treinamento mais vigoroso e sem impacto nas articulações com o enfoque na coordenação motora e o equilíbrio, segundo explica o docente.

André Radl coordenou um “piloto” do programa em 2014. Na época, havia dúvidas quanto a adaptação e aceitação da proposta. “A surpresa é que eles realmente gostaram e aderiram ao programa, provavelmente por notarem benefícios conquistados e pela proposta em si, de um ambiente de rica estimulação sensorial e motora”.

Orientações sobre administração de medicamentos

Semanalmente, alunos do curso de Farmácia orientam os participantes do Programa quanto ao uso de medicamentos. A professora Aparecida Peres Del Comune explica que o trabalho é feito a partir do consentimento dos participantes e do receituário médico trazido por eles.

“As interações medicamentosas são estudadas caso a caso. O receituário é necessário para verificar cada um dos medicamentos empregados e as possíveis interações. Nós nos reunimos após o estudo destas informações e traçamos medidas adequadas para cada idoso”, explica a docente.

André Radl enfatiza que esse tipo de orientação é fundamental, porque ao usar medicamentos de maneira contínua é possível que “o paciente continue tomando o remédio, mas do jeito dele e não como indicado pelo médico”.

Como participar

As pessoas interessadas em participar do Programa Saúde do Idoso devem entrar em contato com a Policlínica pelo telefone (11) 4366-5565. 

 Os idosos devem ter mais de 60 anos e nenhum problema de saúde que impeça sua locomoção ou seu raciocínio lógico. Antes do início das atividades haverá avaliação para verificar as condições físicas e cognitivas.

Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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