Idoso exige abordagem multidisciplinar em saúde, mostra programa da Policlínica Metodista
25/10/2016 16h55 - última modificação 25/10/2016 17h56
O envelhecimento traz impactos econômicos e na saúde, mas também no perfil psicológico, já que o desenvolvimento da personalidade não cessa quando se passa da vida jovem para a adulta, continuando conforme a idade avança. Por isso, a terceira idade exige cada vez mais abordagem conjunta de várias ciências da saúde, como psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, e não apenas médicos.
“Pelo menos 4% dos medicamentos ingeridos na velhice acabam em interação medicamentosa severa e 29% em moderada, podendo piorar o quadro de saúde do doente. A qualquer sintoma diferente, o farmacêutico deve orientar o paciente a procurar seu médico”, expõem Maria Camila Pereira Leite e Letícia Felipe Lopes, alunas do 10º semestre do curso de Farmácia da Universidade Metodista de São Paulo que integram o projeto de extensão universitária Programa Saúde do Idoso, realizado junto a 23 pacientes da Policlínica Metodista.
O programa interage também com os cursos de Fisioterapia e Psicologia, cujas ações buscam melhorar a qualidade de vida dos idosos. Na Psicologia, por exemplo, foram criados os chamados Grupos Operativos. São reuniões semanais com uma hora de duração em que os participantes pensam e refletem juntos sobre o tema disparador “o que é ser idoso na atualidade”.
“A velhice traz luto com diversas perdas, não só com a morte de pessoas. Perde-se mobilidade, o papel social, um emprego consolidado. As pessoas vão perdendo referências mas, quando se reúnem em grupo, acabam vendo que não estão sozinhas, dando suporte umas às outras e criando laços afetivos. É normal saírem daqui combinando ajuda para ir ao médico ou a algum serviço externo”, conta a professora Juliana dos Santos Rodrigues, do curso de Psicologia, que acompanha o programa com alunos da área.
No campo farmacêutico uma orientação fundamental é informar o profissional de saúde quando novas drogas são introduzidas – já que quanto mais remédio se toma, maior é a sobreposição no organismo. O resultado final pode ser o aparecimento de efeitos tóxicos ou a diminuição dos efeitos de uma ou duas drogas, ou ainda o surgimento de novo efeito que não é observado com nenhum dos dois remédios usados isoladamente, relatam as alunas Maria Camila Pereira Leite e Letícia Felipe Lopes.
Na Psicologia, um método bastante explorado é o da reminiscência. Significa exercitar a memória trazendo de volta a carga afetiva e lembranças de experiências, o que promove a saúde mental.
30% de idosos
O Programa Saúde do Idoso integrou um dos painéis apresentados pela Escola de Ciências Médicas e da Saúde durante o Congresso Metodista 2016. A preocupação do grupo toma como base as estatísticas de longevidade, que são crescentes. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que em 2050 nada menos que 64 milhões de brasileiros – ou 30% da população – estarão com 60 anos ou mais. Hoje são 25 milhões, ou cerca de 12%. A expectativa de vida saltará de 75 para 81 anos, acima da média mundial, que estará em 76.
Segundo o IBGE, o Brasil ocupará o 9º lugar no mundo na proporção de idosos na população, à frente de Estados Unidos, México e Rússia. Natalidade em baixa, casais sem filhos e vida mais longa com os avanços da medicina explicam o esse cenário.
Mas o Brasil está apenas iniciando um suporte adequado ao idoso, segundo a fisioterapeuta da Policlínica Metodista Luana Maniero de Araujo. Sua especialidade aperfeiçoa métodos para trabalhar duas das principais funções do organismo humano, que são a força muscular e o equilíbrio. “Essas funções reduzidas são responsáveis por quedas, diminuição da funcionalidade e da independência do idoso na sua mobilidade”, explica.
A Fisioterapia trabalha com fortalecimento e alongamento muscular, além de treino de marcha e de equilíbrio. Após 80 sessões em oito meses com o grupo de 23 pacientes, a Escala de Equilíbrio de Berg, por exemplo, subiu da média de 46,8 para 49,7, a capacidade funcional aumentou de 63,9 para 67,5 e as limitações por aspectos físicos melhorou de 45,2 para 51%, entre outros indicadores.
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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