Uma escola livre
“Paulo entrou na sinagoga e ali falou com liberdade durante três meses, argumentando convincentemente acerca do Reino de Deus. Mas alguns deles se endureceram e se recusaram a crer, e começaram a falar mal do Caminho diante da multidão. Paulo, então, afastou-se deles. Tomando consigo os discípulos, passou a ensinar diariamente na escola de Tirano. Isso continuou por dois anos, de forma que todos os judeus e os gregos que viviam na província da Ásia ouviram a palavra do Senhor” (Atos 19.8-10).
Dia 15 de março é comemorado no Brasil o dia da Escola. Esta data especial é necessária justamente para trazer a memória a importância do ensino a toda população. Ensino que instrui, que liberta e que abre a possibilidade de novas experiências. Jesus, em todo seu ministério, apresenta o evangelho como caminho de ensino. Em seus momentos de instrução e orientação aos discípulos e discípulas que se faziam no caminho, Ele deixa claro que o Evangelho é simples e ao mesmo tempo em que o conhecimento liberta. “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.31-32).
Paulo, convertido, fruto de um encontro pessoal com Jesus, tem as escamas arrancadas de seus olhos, e automaticamente liberdade para crê e vê (Atos 9). E é com base nesta experiência pessoal que solidifica e constrói o seu ministério da pregação e preparação de novos pregadores e pregadoras do Evangelho. Mas não foi fácil para ele, havia muitos caminhos para romper, inclusive entre os religiosos, que muitas vezes perseguiram aos que pregavam o Evangelho de Cristo. O relato desta tarefa final de Paulo, que está no texto bíblico inicial deste texto, mostra que este processo de ensino evangelístico é mais detalhado aqui. Ele volta a sinagoga, onde já havia ensinado em outro momento e continua ali por três meses. Paulo, segundo Lucas, prega o Evangelho de maneira contundente e convence o auditório presente. Isso começa a incomodar os religiosos da sinagoga, que por sua vez, dá por encerrado o tempo de Paulo naquele lugar. Os judeus se mostraram inflexíveis, insensíveis as palavras de libertação. A força da oposição era tanta que Paulo sentiu que já não podia utilizar a sinagoga como ambiente para ensino e pregação do Evangelho e assim mudou-se para um terreno neutro, a escola de Tirano. Esta escola era provavelmente uma sala de preleção ou um edifício escolar e Tirano provavelmente era o dono ou professor e ambos passaram a dividir os horários de ensino. Podemos perceber, que o Evangelho sempre caminha para uma ação libertadora, assim como o ensino. E a escola, se torna um lugar de zelo e cuidado da ação educadora.
No Brasil, as escolas surgem em paralelo com a pregação do Evangelho e muitas se tornam fruto inclusive de escolas bíblicas dominicais. Portanto, nesta semana em especial que se comemora o Dia Escola, precisamos revisitar nossa própria história brasileira e cristã e percebermos o quanto esta escola fez e faz parte de nossa vida. O ensino não se aprisiona, assim como Evangelho, ele avança em libertação por onde vai. Que sejamos agentes na luta por melhores escolas e pela preservação do ensino, assim como fez Paulo. Que Deus nos abençoe nesta missão!
Fabiana de Oliveira Ferreira
Pastoral Universitária e Escolar