Por onde anda nossa Misericórdia?
Levanta, toma café, trabalha, passa correndo pelas pessoas, mal cumprimenta, almoça apressadamente, trabalha, volta para casa, dorme, acorda... Assim são muitos de nossos dias.
Notícias nas mídias: refugiados fogem de regiões de guerra, são distribuídos pelos países da Europa e do mundo, crianças são encontradas entre escombros após a cidade ser bombardeada por mísseis poderosos, alunos tomam escolas, políticos votam cortes de recursos para políticas sociais, Mariana continua sem solução, a crise econômica persiste, o nível de desemprego aumenta....
Esse é um pouco do cenário tão desumano do qual fazemos parte. É nele que desempenhamos nosso papel na sociedade, que participamos de um período histórico. Nesse contexto, muitas vezes, nos tornamos insensíveis, fica tudo empastelado, vestimos uma armadura para não sermos atingidos.
Então, eu pergunto: por onde anda nossa misericórdia?
Misericórdia deriva do latim miserere cordis, que significa o sentimento de empatia, do coração que se inclina em direção ao outro, em solidariedade e disposição para ajudar. Quando somos misericordiosos, conseguimos seguir nas pisadas da outra pessoa para acolhê-la e compreendê-la.
Mas na sociedade em que vivemos tão individualista e presa às lógicas do mercado, não há lugar para a misericórdia como modelo a ser seguido. Misericórdia é sofrer com alguém, estar ao lado de outra pessoa.
Em nossa vida corrida encontramos muitas dificuldades para a prática de uma solidariedade efetiva. Mas nossos atropelos não devem ser impedimentos para que olhemos para a outra pessoa, para que partilhemos com ela de suas dores, seja do tipo e do tamanho que forem.
A misericórdia fortalece as relações humanas e fortalece nossa relação com Deus. Ela quebra preconceitos, pois todas as pessoas têm direito à ternura e à alegria pela vida.
Concordo, plenamente, com o seguinte pensamento: não basta sermos bons, temos que ser misericordiosos, incondicionalmente.
É fácil citar várias passagens bíblicas que falam de misericórdia, como a da moeda perdida, a da ovelha desgarrada e a mais conhecida de todas, a do filho pródigo. Mas é difícil encontrar, nos dias de hoje, vivências concretas ou mesmo relatos sobre ações de misericórdia.
Fica, então, o desafio de olharmos ao nosso redor e descobrirmos ações de misericórdia. E quem sabe nos juntarmos a elas.
Profª Mary Rosário