Novo semestre, novos tempos
“Pois somos feitos como poema por Deus, criados em Cristo Jesus para as boas obras, que Deus mesmo nos preparou de antemão para andarmos nelas”
(Paulo, aos Efésios 2.10 - Tradução livre)
“Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.”
(Cora Coralina, em “Aninha e suas pedras”)
Não podemos ser hipócritas e esquecer todas as dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia, não é possível deixar de compadecer-se com centenas de familiares que perderam seus queridos no terrível acidente da TAM ou em diversas circunstâncias. Funcionários da Metodista, nos últimos dias, perderam pais, mães, sobrinhos. A própria Metodista perdeu um funcionário, o Antônio. Por estas situações e tantas outras que nos entristecem e nos constrangem, pensamos realmente que a vida só é possível reinventada (Cecília Meireles), ou que, juntando pedras (dificuldades), podemos e devemos reconstruir a vida.
A Bíblia conta a história de Jó “homem bom, honesto e temente a Deus”. Nota-se que ele é um personagem não judeu, mas participa da fé no Deus dos judeus. Sua experiência de vida foi totalmente mudada por uma fatalidade. Ele era um homem bem sucedido, pai de filhos e filhas lindas, dono de terras, animais e gozava de boa saúde, mas de um dia para outro começa a perder tudo o que possui e se vê sem nada.
A grande pergunta do livro de Jó é sobre a possibilidade de seguir vivendo, confiando e tendo esperanças em meio a tantas perdas. A fé está baseada na realidade de vida que vivemos ou ela é anterior? Esperamos porque já vimos ou sem nunca ter visto coisa alguma? Paulo, o apóstolo diz que “a fé é a certeza das coisas que não se vêem e a convicção das coisas que se esperam”.
Ao chegar no segundo semestre do ano fazemos um balanço do que havíamos planejado, desejado e esperado e já vislumbramos o que sucederá até o seu final. É comum readequarmos os projetos, pois nem tudo correu como gostaríamos, e assim seguimos vivendo. De certa forma somos movidos para seguir adiante e somos ensinados pelas experiências vividas.
A narrativa de Jó é para alguns, algo assustador e cruel, mas considero uma lição para todo ser humano, afinal fatalidades acontecem e nem só de alegrias se faz a vida. O importante é que temos a capacidade de nos adaptarmos, recriarmos e seguir com fé a mossa trajetória de vida.