Júlia, me dê a mão
Júlia é minha neta de quatro anos. Quando fica comigo, levantamos cedo e vamos tomar café na padaria. Bem, para quem nasceu na Mooca e mora por estas bandas de São Paulo, tomar café na padaria é um ritual urbano imperdível. Ocorre que a pequenina, muitas vezes, desce do carro e já quer sair correndo. Dá um receio que atravesse a rua, saia sem rumo, enfim... Depois de duas filhas criadas, sou levada novamente a ter cuidado especial com minha neta. Outro dia, na hora de dormir, me veio à memória estas cenas. Fiquei imaginando que todos os dias pela manhã, quando vou tomar café, almoçar, vir para a universidade trabalhar, Deus deve ficar todo preocupado comigo. Imaginei muitas vezes Ele pedindo: Rosane, me dê a mão. Cuidado! Sim, este “cuidado” de Deus deve ser algo que
Ele faz diariamente, constantemente, a cada segundo. Por certo, assim como a minha neta, como uma criança levada, por vezes, saio correndo e não dou a mão para Deus. Corro riscos. Caio, tropeço, me machuco.
É tempo de Quaresma! O tempo em que devemos perceber que é necessário vigiar, confiar mais em Deus, ser menos levada, ouvir mais a voz de Deus, dar a mão para que Ele nos guie.
Como avó, eu fico alegre quando a Júlia me obedece e rapidamente me dá a mão. Eu a seguro, a guio, a protejo. Entretanto, há dias que ela não quer dar a mão. Sai correndo e eu me desespero, saio correndo atrás dela, meu coração dispara, fico aflita. Deus: perdoa-nos quando somos crianças, não na inocência, mas na peraltice, na incompreensão, na desobediência.
Quaresma – Tempo de obedecer a voz de Deus que está pedindo para todos nós: “me deem as mãos”. É perigoso. Sempre será. Porém, não há preço quando chega o perigo e a
Júlia se aproxima de mim, aperta a minha mão e me dá um abraço. Não há sentimento mais gostoso do que quando chega o medo, o perigo, a adversidade, nós podermos apertar a mão de Deus e sentir o Seu abraço.
A Mão de Deus sempre há de vir no período da Quaresma, nos trazendo esperança, paz, alegria e amor. Soltou a mão? Cuidado! Porém, ela está estendida. Sempre. Segure-a, aperte-a, sinta a mão de Deus!
Com meu carinho e orações,
Rosane Oliveira
Agente da Pastoral Universitária e Escolar