De que forma você têm olhado o mundo?
"Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem." (Jó 42.5)
Embora nossos olhos não possam ver todas as coisas, podemos escolher vê-las a partir do ângulo que direcionamos nosso olhar. Mas o interessante é que vemos tanto e tão pouco. Cecília Meireles, em um de seus poemas intitulado "A arte de ser feliz" retrata bem a questão do olhar e gostaria de convidá-los a ler e refletir comigo alguns trechos desse poema.
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jasmim quase seco.
(...) às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvem espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar...
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para vê-las assim.
Tudo está ali, diante de mim. Num simples gesto transporto-me para as distâncias infindas, para conhecimentos novos. Ao abrir a janela posso ver a terra, as plantas, a água. Avisto homens, mulheres, crianças, pássaros...
Todavia, quando se perde a sensibilidade para as coisas essenciais da vida, aquelas que Cristo citou como sendo pilares do Reino de Deus, a saber: a justiça, a fraternidade, a misericórdia, a solidariedade, a coragem, o amor, quando se perdem esses valores, olhamos, mas não vemos...
Que todos nós, alunos, docentes, funcionários administrativos da Universidade Metodista de São Paulo, possamos fazer com que o nosso olhar seja direcionado ao mundo de uma forma diferente. Quando sabemos o sentido que damos a vida é aí que a Ciência e a Fé começam a tomar sabor, pois o olhar indignado com as injustiças, com as mortes, pode inspirar Biomédicos e Farmacêuticos a buscarem as curas; a indignação com o desmatamento, com a poluição de nossos rios e mananciais, pode levar Biólogos e Tecnólogos ambientais a buscarem novas formas de preservação do nosso planeta; a fome, a miséria, a desnutrição podem inspirar os nutricionistas a desenvolverem novos alimentos.
Enfim, fazemos da ciência aquilo que cremos ser o sentido da nossa vida. Que Deus nos auxilie a fazermos desse espaço educacional, um local onde vigore a sabedoria, para que o nosso olhar se transforme em felicidade diante de cada janela que abrirmos, para que as marcas tristes de nosso tempo transformem-se em campos que dão frutos de felicidade para todos.
Profª Rosane Silva de Oliveira
Agente da Pastoral Universitária e Escolar