Como anda sua memória
Como anda a sua memória? Em um tempo de tanta correria e repleto de preocupação, temos a tendência de readaptar a nossa memória. Mas muitas pessoas sofrem com sérios problemas de memória. Esquecemos chaves, cartões, telefones, agendas, bolsas. Esquecemos de muitas coisas, em nossos dias.
Rubem Alves, teólogo escreveu sobre a memória. Em seu texto “Sobre as Memórias”. Ele diz:“Memória é onde se guardam as coisas do passado. Há dois tipos de memória: memórias sem vida própria e memórias com vida própria.
As memórias sem vida própria são inertes. Não têm vontade. Sua existência é semelhante à das ferramentas guardadas numa caixa. Não se mexem. Ficam imóveis nos seus lugares, à espera. À espera de que? À espera de que as chamemos. Ao chegar a um hotel a recepcionista nos entrega uma ficha para ser preenchida. Lá estão os espaços em branco onde deverei escrever meu nome, endereço, número da carteira de identidade, do CPF, número do telefone, e-mail. Abro a minha caixa de memórias sem vida própria e encontro as informações pedidas. Se desejo ir do meu apartamento à casa de um amigo eu pergunto: que ruas tomar para chegar lá? Abro a caixa de ferramentas e lá encontro um mapa do itinerário que devo seguir. É da caixa das memórias sem vida própria que se valem os alunos para responder às questões propostas pelo professor numa prova. Se a memória não estiver lá, ele receberá uma nota má...
São essas as memórias que os neurologistas testam para ver se uma pessoa está sofrendo do mal de Alzheimer. O médico, como quem não quer nada, vai discretamente fazendo perguntas sobre a cidade onde se nasceu, o nome dos pais, onde moram os filhos. Se a pessoa não souber responder é porque sua caixa de memórias está vazia. Essas memórias são muito importantes. Sem elas não poderíamos nos virar na vida. Estaríamos sempre perdidos.
As memórias com vida própria, ao contrário, não ficam quietas dentro de uma caixa. São como pássaros em vôo. Vão para onde querem. E podemos chamá-las que elas não vêm. Só vêm quando querem. Moram em nós, mas não nos pertencem. O seu aparecimento é sempre uma surpresa. É que nem suspeitávamos que estivessem vivas! A gente vai calmamente andando pela rua e, de repente, um cheiro de pão. E nos lembramos da mãe assando pães na cozinha... (...)”
Que tipo de memória anda prevalecendo na sua vida e tomando mais espaço? As sem vida própria ou as com vida própria? Ambas são importantes, mas as memórias com vida própria são especiais porque alimentam nosso coração de saudade e esperança. Isso me faz lembrar de um versículo: “Quero trazer a memória aquilo que pode me dar esperança”(Lamentações 3,21).
Que você possa, nessa semana aguçar sua memória para coisas que te trazem saudades, amor, conforto e principalmente esperança para enfrentar as dificuldades.
Que Deus ilumine sua memória!