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Metrô pode impactar negativamente se economia do ABC não se reestruturar

19/11/2014 16h40 - última modificação 24/11/2014 16h53


65% dos consumidores vão ampliar a frequência à Capital

Dependendo do ângulo de análise, a chegada do metrô ao Grande ABC pode ser uma conquista valiosa ou bastante desastrosa para a economia regional. Estudo da Universidade Metodista de São Paulo encomendado pela Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC mostra que a esperada melhoria na mobilidade ABC-Capital com a Linha 18-Bronze tende a aumentar a evasão de consumidores e de mão-de-obra, atraídos pela diversidade de opções de preços e mercadorias e por melhores salários em São Paulo.

Por outro ângulo, a possibilidade dessa nova condição pode levar os agentes econômicos, sobretudo comércio e prestadores de serviços, a um choque de gestão para reestruturarem seus negócios e aumentar a competitividade.    

 Giovanni Rocco e prof. Sandro  

"Temos quatro anos pela frente, enquanto as obras se realizam. Os comerciantes vão ter que se modernizar, organizarem-se com compras em conjunto para reduzir custos e fazer promoções frequentes. Com isso, sobretudo com liquidações e no Natal, o consumidor vai pesquisar e não migrar para São Paulo", confia o secretário executivo da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, Giovanni Rocco (na foto, à dir).

Mais de dois-terços (65%) dos entrevistados afirmaram que, após o início de funcionamento do futuro monotrilho, tendem a ampliar a frequência à Capital para fazer compras. Os consumidores disseram buscar em São Paulo sobretudo vestuários, calçados e eletrônicos, principalmente em regiões de comércio popular, como Rua 25 de Março e Brás. Os principais atrativos desses locais são preço, diversificação de produtos e número elevado de estabelecimentos.

Mas um dado preocupante é que em segundo lugar nas preferências, após a 25 de Março, aparecem os shoppings, demonstrando que também esses espaços podem perder clientela. A pesquisa relevou que, com a implementação da linha 18-Bronze, 52,3% dos consumidores do ABC tendem a sair da região para realizar alguma ação de consumo na Capital mensal ou quinzenalmente.

"A questão é se preparar para um ambiente de maior competição, com mais possibilidades para o consumidor. Será preciso oferecer estrutura e diversidade de produtos que façam frente à essa nova realidade, na medida em que haverá maior integração dos mercados e maior fluxo de mobilidade", afirma o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista e analista da pesquisa, Sandro Maskio (na foto, à esq).

Evasão de cérebros     

Outro dado inquietante é que 70% dos entrevistados disseram-se mais dispostos a alterar, buscar ou manter seu emprego em São Paulo em função da melhoria na mobilidade. Chama a atenção o fato de que cerca de 45% se mostraram muito ou ao menos moderadamente mais propensos a buscar oportunidade de trabalho na Capital.

O fenômeno da migração do consumo do ABC para São Paulo não é inédito. A pesquisa da Metodista revelou que 39% dos consumidores da região passaram a comprar mais na Capital depois de 2010, quando foi inaugurada a estação Tamanduateí do Metrô, na divisa com São Caetano.

Se precisa adotar estratégias com objetivo de competir com São Paulo, o varejo regional, de seu lado, está otimista: 70% acham que o monotrilho vai trazer, e não levar, clientela. De acordo com o professor Sandro Maskio, uma das prioridades deve ser o planejamento sobre como atuar no entorno das estações da linha 18. A recomendação é que o varejo se instale nesses locais, onde o fluxo de pessoas tende a ser significativo.

A pesquisa elaborada Metodista ouviu 986 consumidores e 100 lojistas da região. O diretor da Agência de Desenvolvimento Econômico, Giovanni Rocco, anunciou que a região já articula estratégias para atrair o consumo no ABC. “Duas grandes promoções poderão ocorrer anualmente, como um Liquida ABC e rotas como de móveis da rua Jurubatuba em São Bernardo. Vamos reunir as entidades e elaborar estratégias, entre as quais divulgar na grande mídia essas ações”.

O professor Sandro Maskio reforça a importância do estudo. “Os potenciais impactos da melhor mobilidade de consumidores e trabalhadores deixam de ser  simples suposição ao se constatar que a aproximação do Metrô ao Grande ABC, por meio da estação Tamanduateí, já trouxe reflexos à atividade econômica local, incluindo o comércio. Cerca de 39% dos entrevistados afirmaram que aumentaram a frequência de compras na Capital depois da inauguração, em 2009. Entre 2009 e 2013, com base nos dados de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), notamos que alguns municípios perderam arrecadação e outros ganharam, mas o setor de comércio varejista do ABC, como um todo, teve retração de 10,5%”, destacou.

A Linha 18 Bronze será o primeiro ramal do Metrô fora da Capital, interligando as estações Tamanduateí, em São Paulo, e a futura Djalma Dutra, no Centro de São Bernardo, passando por Santo André e São Caetano. Com 14,9 km de extensão, a linha terá 13 estações: Tamanduateí, Goiás, Espaço Cerâmica, Estrada das Lágrimas, Praça Regina Matiello, Instituto Mauá, Afonsina, Fundação Santo André, Winston Churchill, Senador Vergueiro, Baeta Neves, Paço Municipal e Djalma Dutra. As obras estão orçadas em R$ 4,2 bilhões, entre investimentos e desapropriações, com início previsto em 2015.

Veja aqui a íntegra do estudo.

 

 

 

Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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