Grande ABC apresenta queda de 0,41% no PIB em 2013
03/06/2014 18h43
Em 2012, a retração foi de 5,78%. Este ano, o cenário econômico da região apresenta estagnação, dando continuidade a um ciclo recessivo de três anos
O Índice iABC, criado pelo Observatório Econômico do curso de Ciências Econômicas da Universidade Metodista de São Paulo, aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) da região do Grande ABC paulista apresenta declínio nos últimos três anos. Após um crescimento de 11,83% em 2010, os resultados foram negativos em 2011 (1,3%), 2012 (5,78%) e 2013, quando atingiu queda de 0,41%. Confira a edição completa do Boletim EconomiABC no site do Observatório Econômico:www.metodista.br/observatorio-economico/economiabc.
Desde o ano de 2012, a equipe do Observatório Econômico vem trabalhando na construção de um indicador de nível de atividade econômica para o Grande ABC. Esta iniciativa surgiu a partir da constatação da necessidade de se ter um indicador que avaliasse, em tempo real, o desempenho da economia do Grande ABC, tendo em vista que a divulgação do PIB do Grande ABC, pelo SEADE, ocorre com pouco mais de 2 anos de defasagem.
A construção do indicador, denominado iABC, ocorreu por meio do desenvolvimento de um modelo econométrico em série temporal. Após a organização de todas as principais variáveis econômicas referentes à região do Grande ABC, acessíveis em periodicidade mensal, foram realizados os testes necessários para averiguar quais delas correlacionavam–se com a trajetória do PIB regional.
As variáveis que passaram a incorporar o modelo, após a execução de todos os procedimentos técnicos para sua construção, avaliam a trajetória das operações de crédito, das relações de comércio exterior, da geração de empregos, entre outras variáveis técnicas, o que possibilitou, por exemplo, captar a trajetória de tendência do PIB do Grande ABC.
Desde o ano de 2011, os dados do CAGED e da RAIS vêm apontando uma redução no volume de empregos industriais na região, o que denota uma retração da atividade econômica no setor. Recentemente, algumas empresas do setor, especialmente no ramo de automóveis e caminhões, resolveram reduzir a jornada de trabalho, conceder férias coletivas e até lançar programas de demissão voluntária.
Além do baixo ritmo do crescimento econômico e da ampliação do volume de investimentos, a concorrência com produtos importados vem prejudicando o desempenho da indústria no país.
Em 2013, Balança Comercial do Grande ABC apresentou resultado deficitário, o que não ocorria há treze anos. O déficit de US$ 41 milhões (FOB) foi integralmente gerado na transação de bens intermediários, cujo déficit superou US$ 1 bilhão (FOB). O saldo da Balança Comercial apresentou uma progressiva deterioração, afetando especialmente a cadeia de bens intermediários do processo produtivo, em função da concorrência com os produtos importados.
Pela ótica da demanda, os últimos meses registraram uma diminuição no volume de recursos movimentados com operações de crédito na região, após uma tendência de desaceleração que se seguia desde 2011. A diminuição dessas operações reflete negativamente sobre o nível de atividade comercial e, consecutivamente, sobre o desempenho da economia. Considerando o cenário de tendência de elevação da taxa de juros, a retomada da utilização dos mecanismos de crédito como estímulo ao consumo não tenderá a ser retomada a curto prazo, haja vista o objetivo do Banco Central em diminuir a taxa de inflação.
*Da mesma forma que na edição anterior, ressaltamos que os modelos preditivos não têm o objetivo de antecipar o resultado exato do comportamento econômico futuro. O principal benefício é termos um instrumento analítico que nos permita avaliar com uma defasagem de tempo menor a trajetória da economia, para que os agentes econômicos possam rever suas estratégias e decisões, incluindo os gestores públicos.