Confiança da indústria do ABC na economia é de apenas 26,8 pontos, revela pesquisa CNI-Fiesp-Metodista
09/03/2016 14h10 - última modificação 09/03/2016 16h50
Fortemente dependente do setor automotivo, que há três anos consecutivos apresenta queda nas vendas, a indústria do ABC paulista atravessa cenário econômico mais adverso que o restante do País. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) na economia está em apenas 26,8 pontos (de uma escala de 1 a 100), para 36,5 no Brasil e 32 no Estado de São Paulo. Pontuação abaixo de 50 reflete sensação pessimista, que aumenta para o otimismo quanto mais próximo de 100.
O indicador reflete vários sinais de cansaço econômico do País como um todo, porém mais expressivos no Grande ABC devido à concentração industrial. Todos os indicadores são abaixo de 50. Tomando como base janeiro de 2016, a evolução da produção registrou índice de 34,2 no ABC (para 39,7 no Brasil e 39,8 no Estado), a utilização da capacidade instalada ficou em 56% (para 62% no Brasil e São Paulo) e a intenção de investimentos está em 34,4 (contra 39,8 pontos em âmbito nacional e estadual).
“Desde 2014 a indústria automobilística sofre reveses, primeiro com fortes restrições da Argentina afetando nossas exportações de veículos e depois, em 2015, com a retração do mercado interno a partir da retirada de incentivos fiscais do IPI e às dificuldades no acesso ao crédito pelo consumidor”, descreve o economista Sandro Maskio sobre os resultados da primeira pesquisa de Sondagem Industrial (SI) e Índice de Confiança (ICEI) realizada no Grande ABC pela CNI-Fiesp (Confederação Nacional da Indústria-Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em parceria com a Universidade Metodista de São Paulo por meio do Observatório Econômico da instituição.
Batizada de Boletim IndústriaABC, a pesquisa divulgada neste 9 de março envolveu 70 empresas de pequeno, médio e grande portes dos principais setores da região: metalurgia, petroquímica e plástico. A percepção dos industriais do ABC só melhora levemente em relação à evolução da demanda interna (de 35,7 em dezembro de 2015 para 38,6 em janeiro deste ano), à evolução da compra de matéria-prima (de 40 para 41,7 pontos no mesmo período) e à evolução do emprego (de 37,8 para 39,8). Uma explicação pode estar na expectativa de melhoria nas exportações para a Argentina em função das políticas liberais do novo governo Mauricio Macri. A percepção do empresariado do ABC quanto à evolução da quantidade exportada estabilizou-se de 55,9 pontos em dezembro para 54,8 em janeiro.
“A curto prazo, o setor externo é o grande respiro da indústria. O cenário não é animador para o mercado interno”, afirma o coordenador do Observatório Econômico da Metodista, professor Sandro Maskio.
Indústria enxugando
O peso da indústria é muito grande no PIB do ABC, por isso cenários econômicos adversos causam maiores impactos. Segundo dados do IBGE, para um PIB brasileiro negativo de 3,8% em 2015, a indústria caiu ainda mais, com menos 8,3%. Nos últimos cinco anos (2010-2015), o PIB brasileiro cresceu 5% acumulados, para um resultado negativo de menos 1,9% da indústria. A participação da indústria no PIB nacional, no período, baixou de 20,7% para 19,2%, enquanto no ABC a fatia industrial no PIB regional caiu de 32,45% para 25,86%. Somente no ano passado, a indústria automobilística amargou queda de 26,6% nas vendas em relação a 2014, comercializando 2,57 milhões de veículos.
Nacionais ou regionais, todos os indicadores de confiança da indústria estão abaixo da média de 50 pontos da escala 1-100 da CNI-Fiesp.
“É sempre importante para a Fiesp lançar um novo indicador, sobretudo no ABC que tem características singulares. A parceria com a Metodista, que tem corpo técnico e competência, é importante para produção de conhecimentos sobre nosso setor”, avalia Anelise Pianna, coordenadora de pesquisas econômicas da Federação das Indústrias de São Paulo. É a primeira vez que CNI-Fiesp regionalizam a SI e ICEI para o ABC paulista.
Divulgação trimestral
Com coleta mensal de dados, o Boletim IndústriABC terá divulgação trimestral. A Sondagem Industrial (SI) aborda volume de produção, nível e percentual de utilização da capacidade instalada, número de empregados, estoque de produtos finais em relação ao planejado e em relação ao período anterior, além de questões sobre perspectivas para os próximos seis meses relativas a demanda, exportação, número de empregados, compra de matérias-primas e intenção de investimento.
Já o Índice de Confiança (ICEI) avalia as condições atuais e para os próximos seis meses quanto às condições da empresa, da economia brasileira e do Estado de São Paulo, indicando expectativas e tendências para o setor.
A íntegra do 1º IndústriaABC pode ser acessada aqui.
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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