Cachorro do mato vinagre é atendido no Hospital Veterinário da Metodista
10/05/2005 16h18 - última modificação 10/03/2006 12h59
O cachorro do mato vinagre (Speothos venaticus) é um canídeo sul-americano extremamente ameaçado de extinção (classificado como vulnerável de extinção pela IUCN). Atualmente existem apenas 28 animais em cativeiro em todo o Brasil e somente 3 em vida-livre. Descrito por Lund em 1942, distribuía-se originalmente por quase toda a América do Sul, desde a fronteira da Colômbia com o Panamá até Santa Catarina. O cachorro-vinagre é pequeno, seu corpo varia de 55 a 75 cm, a cauda mede de 12,5 a 15 cm, possui cerca de 30 cm de altura e pesa em torno de 5 a 7 Kg.
<img src="../10505/soneca.jpg" align="right"> Uma fêmea de cachorro vinagre, chamada Soneca, pertencente ao Zoológico Municipal de São Bernardo do Campo Parque Estoril, foi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade Metodista por apresentar dificuldade de locomoção e dor em sua pata traseira esquerda. O Médico Veterinário do Zoológico de São Bernardo, Marcelo da Silva Gomes, relatou que Soneca apresentava artrite neste membro já a algum tempo, mas recentemente a dor estava aumentando, mesmo com a medicação prescrita. Isso comprometia a qualidade de vida de Soneca e afastava-a da reprodução, de extrema importância para a espécie. Ao chegar ao Hospital Veterinário da Metodista, foi atendida pelo Médico Veterinário e cirurgião responsável, Anderson Coutinho, que constatou a necessidade de uma cirurgia, pois havia o comprometimento irreversível da articulação do joelho. Para corrigir o problema, o animal foi submetido a uma Artrodese, cirurgia que removeu a articulação problemática, através da união entre os ossos da coxa (fêmur) e da canela (tíbia). Para a realização da cirurgia a equipe foi composta pelos veterinários Anderson Coutinho (cirurgião), Marcelo da Silva Gomes (auxiliar), Celso Braga Sobrinho (anestesista) e pelo acadêmico Roberto Fecchio (auxiliar), que utilizaram duas placas metálicas e 18 parafusos até atingirem boa estabilização do membro afetado. A pior parte é o pós-operatório, pois não podemos estar realizando curativos e limpezas do local, visto que é um animal selvagem e muito agressivo, relata Anderson Coutinho.
O sucesso da cirurgia contribuiu para a recuperação clínica de Soneca, que não apresenta mais artrite e nem dor. Isso contribuiu para o bem estar de Soneca, que corre por todo o recinto e já permite que o macho copule, retornando ao manejo reprodutivo, diz Marcelo da Silva Gomes.
Poucos trabalhos do gênero já foram realizados em cachorros vinagres em todo o mundo e o sucesso desta cirurgia será publicado no congresso da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens ABRAVAS.