Colaboração é semente de negócios inovadores, diz criador da Design Thinking Weekend

O Cirque du Soleil surgiu a partir de dois artistas de rua que anteviram o potencial de unir a beleza artesanal do circo com o espetáculo disciplinado do teatro. É show-arte garantido, levado hoje a mais de 40 países em apresentações simultâneas. Da mesma forma, o sucesso do aplicativo Airbnb, pelo qual é possível viajar o mundo alugando casas ou apenas um quarto, surgiu com dois amigos que não tinham dinheiro para hospedarem-se em hotéis. Atualmente o Airbnb tem 2,1 milhões de seguidores e acomodações cadastradas em 190 países, superando grandes redes hoteleiras em número de reservas.

Exemplos como esses foram citados por Gabriel Coelho, idealizador do Design Thinking Weekend, para mostrar como é possível montar negócios inovadores a partir de uma ideia criativa e ousada. Falando a alunos da Universidade Metodista dia 16 último, ele expôs como o Design Thinking (DT) pode contribuir para criar novos projetos de maneira inovadora utilizando como receita o tripé Colaboração--Empatia--Experimentação.

Sua tese é de que a união de pessoas de diferentes expertises rende soluções inovadoras por meio da co-criação. Citando o livro “A Estratégia do Oceano Azul: Como Criar Novos Mercados e Tornar a Concorrência Irrelevante”, Gabriel Coelho toma a obra como âncora para dinamizar o universo da criação e impulsionar o desenvolvimento de negócios. Segundo a sinopse do livro editado pela Harvard Business School Press, ao contrário do que se pensa, a melhor estratégia para afastar concorrentes não é brigar diretamente com eles, mas parar de competir buscando um mercado não atingido por ninguém (“oceano azul”).

“Novos modelos de negócios surgem hoje a partir do capital intelectual, da interação de ideias, não mais do chão de fábrica, do esforço braçal, como no início do século passado”, afirmou, citando que o nome de sua empresa, Empodere-se, surgiu da crença que tem no potencial criativo das pessoas. “Do empoderamento pessoal de cada um surgem grandes ideias em grupo”, reforçou sobre um dos três pilares de sustentação do Design Thinking, que é a colaboração.

Pessoas no centro das decisões  

A empatia, o primeiro pilar, serve para atrair os que têm ideias afins e queiram compartilhar, enquanto o terceiro pilar, a experimentação, se presta à fase dos erros e acertos, do divergir e convergir rumo à concretização do negócio. Gabriel Coelho coloca como coração do DT o ser humano: “Em inglês, design é um verbo que significa projetar algo para alguém. O DT tem as pessoas como centro das decisões, para que as soluções criadas impactem a vida dessas pessoas”, enfatizou.

Exemplo que citou foi o modelo de apresentação de balé em que as jovens mais belas e magras se enfileiram à frente das que estão fora desse padrão de estética, o que gera desconforto aos familiares na plateia e às próprias garotas alinhadas atrás. A solução é fazer a apresentação em círculo, de modo que todas tenham oportunidade igual de brilhar à frente do palco com movimentações circulares. “A experimentação de uma ideia vem justamente de fazer experiências fora do padrão, do ecossistema vigente”, ensinou o palestrante.

O Design Thinking Weekend é um evento de imersão com 30 horas de duração em um fim de semana. O processo de inovação por meio do método passa por oito fases:

• Warm up (dinâmicas para fazer a criatividade emergir)
• Desentendimento (questionamentos e divergências de opiniões)
• Pesquisa (momento de convergência de olhar e empatia)
• Ponto de vista (momento de convergência de pensamento)
• Ideação (utilização de toda a capacidade mental dos participantes)
• Prototipagem (divergências para gerar ainda mais ideias)
• Teste/interação (experimentação e refinamento do projeto)
• Apresentação (momento final do workshop. Cada grupo faz um pitch de 5 minutos do projeto).